3º Capítulo

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Uma música irritante pulsava-me nos ouvidos. Queria gritar para a poder parar. Abri os olhos e tentei enquadrar o som com a imagem. Era o despertador. Bem, podia ser pior! Estendi a mão para o desligar. Já eram quase 7:30, a hora usual de me levantar. A minha cabeça estava turva, ainda sentia as lagrimas a querem abrir caminho por entre os meus olhos. O meu pai ainda não tinha dado notícias. Também não ouvi a minha mãe chegar. Provavelmente ficou na esquadra. Eu não conseguia perceber como é que o meu pai tinha desaparecido durante o jantar. Alguma coisa estava mal contada.

Para perceber se a minha mãe já tinha chegado, dirigi-me ao seu quarto. As luzes estavam ligadas e conseguia ouvir duas vozes. Como é que é possível? Empurrei, ligeiramente a porta, e vi-o! Lá! O meu pai!

- Pai? O que é que aconteceu? Porque é que desapareceste ontem à noite? Quem é que te encontrou? – Disse com a minha mão na testa, baralhada.

- Filha? Estás bem? Estás a sentir-te bem? – O meu pai parecia mais baralhado do que eu.

- Ontem, a mãe ligou cá para casa. Disse-me que tinhas desaparecido! Como? – As lágrimas cederam e começaram a cair abundantemente.

- Eu não liguei para casa! Nós chegamos e já estavas a dormir! – Disse-me ela encurtando o espaço entre nós. – Tens a certeza que estás bem?

- Deve ter sido só um sonho. Mas parecia tão real. Eu posso jurar que me ligaste! – Olhei para o chão tentando encaixar a minha memória de ontem no presente.

- Queres ficar hoje em casa? Estás muito pálida! – Eu não respondi. – Filha?

- Eu estou bem, só um pouco confusa. Eu vou preparar-me. – Já fora do quarto. – Não se importam se eu levar o meu carro hoje, pois não?

- Não, claro que não. Afinal não pode estar sempre parado.

- Obrigado.

Eu não conseguia acreditar no que estava a acontecer! Eu tenho quase a certeza que foi real. Será que a noite com o Harry também foi um sonho?

Virei o meu quarto de pantanas só para encontrar o meu telemóvel. Ele poderia dizer-me a verdade. Deveria estar registada a mensagem do Harry e a chamada da minha mãe. Desbloqueei-o, o meu coração estava na boca prestes a saltar. A mensagem do Harry estava lá, mas a chamada não. Como se o momento de pânico de ontem nunca tivesse acontecido.

Ainda confusa, decidi vestir-me pois já estava a ficar atrasada. Poucos minutos depois recebi uma mensagem de um número desconhecido. Dizia o seguinte "Como é tão fácil enganar-te! Eu avisei-te"

Respondi a mensagem com um simples "Quem és?" Não houve qualquer resposta.

A caminho da escola, nos mesmos sinais encarnados, vi outra vez aquela figura em cima de uma moto. O Harry. Ele virou-se para mim mas como tinha capacete, não era fácil para eu perceber se estava a olhar para mim também. Abanei a cabeça em sinal negativo e virei para a frente. Ouvi outra vez a palavra "anjo" na minha mente. Não consigo acreditar que todas as vezes que penso nele a palavra "anjo" salta-me da cabeça.

Assim que cheguei a escola, verifiquei outra vez o meu telemóvel. Ainda sem nenhuma resposta. Era impossível ele ter-me manipulado para acreditar que o meu pai estava mesmo desaparecido. Não consigo acreditar que ele conseguiu chegar ao meu ponto mais fraco. Eu quero ser forte, não quero parecer nenhuma miudinha que se deixa manipular. Mas o mau pai? E quem é esta pessoa? O que ela quer de mim?

Várias perguntas trespassaram-me a cabeça. Sem reparar Annie já estava ao meu lado no meu cacifo.

-Bom dia alegria! – Disse-me ela depois do usual beijo na bochecha.

Because Of You |H:S|Where stories live. Discover now