5 • Um Outro Reino

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Jack

- Devíamos ter vindo de carro - reclamava GoGo, completamente desajeitada sobre seu cavalo.

Estávamos cavalgando há três horas. Se eu soubesse que seria tão difícil e cansativo, eu mesmo pegaria a limusine do meu pai (na qual me deu carona até Arendelle) e dirigiria. Mas tanto as ruas de Arendelle quantos as de Ooo foram feitas para cavalos, e não para carros. Além do mais, se eu vou mesmo viver nesse reino, eu teria que me acostumar com o estilo "clássico" do lugar, certo? Ok, nada de carros, nada de tecnologia. Vai ser difícil, mas faço qualquer coisa pelo meu reino. É tão estranho dizer meu reino...

Depois de horas cavalgando, passa a não ser tão difícil. Os guardas nos deram algumas dicas, mas minha bunda ainda doía. Diferente de mim, GoGo reclamava o tempo todo e Hiro caíra do cavalo duas vezes. Sem perceber, eu fazia caretas de vez em quando, mostrando claramente meu incômodo. Ouvi dois guardas cochichando quando paramos para beber água e descansar.

- Esses mauricinhos de San Fransokyo estão só nos atrasando - dizia um deles. - Seria melhor se tivessem ficado no castelo.

- Ah, o que esperava desse pessoal da cidade grande? - respondia o outro. - Só servem para mandar mensagens um para o outro pelo celular e passear com carros de luxo.

Aquilo tinha me deixado irritado. Provavelmente eles nunca visitaram uma cidade grande para saber como pode ser difícil viver lá. As maiores cidades são as com maior número de assaltos, assassinatos, estupros, suicídios e, principalmente, pobreza. Pessoas miseráveis sem ter o que comer ou onde morar... Já vi meu pai se lamentando várias vezes por não conseguir fazer o número de moradores de rua parar de aumentar a cada dia. Esses guardas acham que todo mundo que mora em cidade grande é rico e não passa por dificuldades?!

Eu posso até ser rico. Mas GoGo não é, e a tia de Hiro (que é praticamente mãe dele) só começou a ter uma vida financeira melhor há pouco tempo, quando seus brownies com recheio de chantilly (os brownies mais deliciosos que eu já comi) começaram a fazer sucesso pela cidade, deixando as vendas da sua padaria aumentarem.

Já passei por muitas dificuldades na minha vida. Tudo bem que não foram financeiras, mas dinheiro não é tudo. Não aprendi a controlar meus poderes da noite para o dia, e sempre tive uma certa dificuldade em fazer amigos. Quando meu pai virou presidente, foi difícil me acostumar com o fato de ele estar ausente na maioria das vezes, e nem quero pensar nas dificuldades que terei para me adaptar à vida de Arendelle...

Tivemos certeza de que estávamos chegando no Reino Doce quando a estrada começou a ficar rosa. Finn e Jake nos guiou até a entrada, enquanto os guardas davam uma de espertões, fingindo ignorarem o auxílio dos nossos guias.

- Ei, pessoal! - disse uma elefantinha amarela, assim que chegamos. - São Finn e Jake! Eles voltaram!

Na mesma hora, uma multidão de pessoas (ou melhor dizendo, doces) vieram em nossa direção sorrindo. Jake correu atrás da elefanta, perguntando "cadê as tortas?", e Finn foi falar com o tal Mordomo Menta, que perguntou sobre a Princesa Jujuba. Eu e os dois guardas fomos recebidos pelo xerife Refri, que veio nos perguntar quantos guardas-bananas levaríamos conosco.

- Acho que não precisaremos de muitos. Tem 50 guardas nas Ilhas do Sul que vão encontrar conosco mais adiante - comentei, no meio da reunião com o conselho do Reino.

O palácio da Princesa Jujuba não era tão grande quanto o de Arendelle, mas era bem bonito por dentro. Quase tudo era feito de doce, mas, por incrível que pareça, a comida não era. Quer dizer, parte dela. Havia espaguete, batata frita, arroz, salada e até pipoca. Mas a sobremesa era doce.

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