7 • Superações

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Hiro


Ninguém sabia o que dizer, mas, de alguma forma, eu sabia que todos ali pensavam a mesma coisa. Acabou.

O que deveríamos fazer? Mais da metade do nosso exército estava morto e, provavelmente, iríamos estar também se Hans nos alcançar antes de completarmos nosso objetivo. O que deveríamos fazer?! Não quero morrer.

- Majestade - chamou Refri, indo na direção do nosso rei Jack, que nem se mexia. - Quais são as ordens? Alguma ideia do que devemos fazer?

Um silêncio perturbador surgiu. Todos olhavam para Jack, esperando alguma resposta. Pude vê-lo cerrar o pulso, antes de finalmente quebrar o silêncio.

- Eu não sou "majestade" - sussurrou, com uma voz totalmente alterada. - Nem sei o que estou fazendo aqui... Eu não quero lutar, não quero ver pessoas morrerem. Me desculpem, mas eu não consigo...

As lágrimas começaram a descer como um rio pelo seu rosto. Era a primeira vez que eu o via chorar.

Christian... Ele estava realmente morto... Era inacreditável. De repente, todas as memórias, todas as risadas, as vezes que nós três brincamos de esconde-esconde pela mansão dos Frost quando éramos crianças... todas aquelas memórias passaram pela minha cabeça como uma agulha.

"Ei, irmãozinho! Se cuida..." foram suas últimas palavras da última vez que o vimos.
Um tempo depois, decidimos todos nos juntar numa roda para orar pelos mortos antes de desmontar o acampamento e seguir a viagem. Todos menos Jack, que ficou sentado no canto, fitando o chão. Depois de terminarmos, fui falar com ele.

- O chão vai começar a achar que você está apaixonado por ele se continuar olhando-o assim.

- Era para ter sido eu... - sussurrou, ainda encarando o chão.

- Não fala assim, Jack! O que era para ser aconteceu. Você ainda tem a vida toda pela frente. Tem uma princesa, em algum lugar, precisando de você, um rei precisando de você e Arendelle inteira conta com você!

- A que preço?! Eu não sei ser um rei, não sei governar um reino e nem sei se conseguirei fazer Elsa feliz! Por que eu?! Eu... eu não vou conseguir, Hiro. Eu sou um inútil.

Coloquei as mãos sobre seus ombros, fazendo-o olhar para mim.

Se você continuar assim, prometo que desistimos agora, pegamos nossas coisas e voltamos para San Fransokyo deixando sua noiva, seu futuro reino, seu trono e ficando apenas com a culpa, o ódio de todas as pessoas que confiaram em você, inclusive seus pais, e com o sentimento de ser o grande merda que você acha que é - respondi, com a voz rígida e os olhos cravados nos dele, que me encarava assustado. - É isso que você quer?

- Eu...

- É realmente isso que você quer, Jack?!

Um rápido silêncio surgiu enquanto ele pensava em uma resposta.

-Não... - disse por fim. - Não quero isso...

Dei um sorriso ao ver que o que eu tinha dito abriu os olhos dele. Mas não o culpo por estar deprimido. Entendo o que ele deve estar passando. A notícia veio à tona, e se eu estou triste (e assustado) por isso, imagina ele! Eram seus guardas, pessoas de seu futuro reino. E era seu irmão...

- Ele gostaria que você continuasse a lutar - comentei. - Faça isso por ele, Jack. Por todos os que morreram ontem!

- Você tem razão - deu um sorriso. - Obrigado, Hiro.

- É para isso que servem os amigos.

Estávamos arrumando as coisas quando BMO correu em nossa direção gritando:

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