Rejeitada

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Lívia

O filme acabou e me desgrudei do Gu institivamente, ele me olhou como se estivesse com medo de dizer qualquer coisa e quebrar qualquer barreira que tivesse sido imposta entre nós. Despedi-me dele e fui rápido para o meu quarto. Ele me chamou para comer alguma coisa, mas eu disse não, já fiquei muito tempo perto dele e horas antes enquanto tomava banho, jurei para mim mesma entre todas as lágrimas que caiam pelo meu rosto após o beijo, que colocaria distância entre nós e não permitiria que nunca mais nada como aquele beijo acontecesse novamente. Aquele beijo maravilhosamente maravilhoso e que fez meu corpo estremecer. Eiii o que eu estou pensando? Para já com isso subconsciente! Até porque ele deixou claro que estava atuando e tudo que eu senti ele não sentiu nada. Era tudo parte do plano inicial e doeu pensar nisso, doeu de verdade. Eu sou uma idiota!

Deitei na minha cama e fiquei pensando na loucura que era isso tudo, e como minha vida pode dar essa reviravolta. Vivi tanto tempo em Cananéia entre namoricos e términos e nunca senti tanto conflito de sentimentos como estou vivendo agora. Isso é errado, mas acho que estou sentindo alguma coisa pelo meu primo. Admitir isso acaba comigo porque sei que é loucura, para não dizer imoral. E nunca daria certo, nossos pais não aprovariam e ficaram chocados. Pensar nisso me envergonha, mas o beijo foi o estopim para desencadear um turbilhão de pensamentos e sentimentos que confesso que eu não queria pensar, muito menos sentir.

*

Adormeci e acordei instantes depois, com o coração a mil e ouvindo mentalmente o Freddy me dizendo "um, dois, Freddy vai te pegar, três, quatro feche a porta do quarto..." Tinha sonhado com o filme. Droga! Detesto filme de terror, se soubesse que pedir um filme de sangue a ele resultaria em ter que assistir Freddy Krueger, eu teria pedido uma comédia. Olhei em volta do quarto, e ele parecia grande demais, assustador demais, e escuro demais. Sei que isso parece coisa de criança, mas é mais forte que eu, sou uma medrosa assumida. Olhei para o filtro dos sonhos que ganhei do Gu e pensei: Que filtro dos sonhos de araque! E de repente a poltrona do quarto do Gu parecia o lugar mais confortável do mundo para dormir, pelo menos lá eu não estaria sozinha.

Segui para o quarto do Gu e bati devagar na porta esperando que ele estivesse acordado, eu mal eu tinha batido, ele já abriu a porta como se estivesse esperando.

— Te acordei? — Perguntei meio sem jeito

— Não, estava acordado. Estava indo beber água. — Percebi que ele só estava usando uma cueca boxer preta e o "V" perfeito que formava na sua barriga me deu cede. Tirei os olhos de lá e voltei a olhar para todos os lugares exceto pra ele.

— E você? Está tudo bem? — Sacudi a cabeça me batendo mentalmente e demorei alguns segundos para digerir a pergunta dele e por fim responder.

E ele riu claro, o filho da mãe sabe perfeitamente o efeito que causa sobre as mulheres. Fiquei vermelha.

— Humm... É que sabe... Não consigo dormir e o filtro dos sonhos que você me deu deve estar quebrado, porque o Freddy não sai dos meus sonhos. — Ele riu e me puxou para dentro do quarto.

— Fique a vontade. Você é a mesma hem Lívia, ainda tem pesadelos e vai para cama dos outros.

Eu sorri para ele sem graça e entrei no quarto, enquanto ele ia até a cozinha beber água. Quando ele voltou eu já estava confortavelmente acomodada na poltrona.

— O que você está fazendo aí?

— Vou dormir aqui. Está ótimo pra mim.

— De jeito nenhum. Se dormir aí amanhã você vai acordar moída. Vamos para cama, minha cama é enorme e cabemos nós dois.

DEGUSTAÇÃO Um anjo em meu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora