Capítulo VIII - Mérope

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Depois de um dia desgastante trabalhando na festa de aniversário da princesa Adhara, finalmente eu e Nashira havíamos chegado a nossa casa. E como a vida é maravilhosa e o mundo é muito justo, teria que voltar em poucas horas. Não daria tempo de descansar, apenas comer algo, tomar um banho e vestir roupas limpas. Era desgastante, mas enquanto estivesse nesse lugar, essa seria minha rotina. No fim, tudo era sobre grandes oportunidades perdidas, tais que eu, talvez, e muito certamente, teria se tivesse nascido em um lugar mais convencional, como, não sei, Estados Unidos? Não importa muito o lugar, de qualquer forma não continuarei aqui para ver o fim da minha história atual, tudo vai mudar, e não está muito distante, principalmente agora que teremos nossa condição financeira dobrada...

— Eu estou morta — Nashira resmungou se jogando em sua cama, mal sabia que esse era apenas o começo.

— Imagina o trabalho rotineiro que vou ter que fazer daqui a pouco — bufei em resposta. — Ter que arrumar todos aqueles quartos novamente, servir os familiares que ficaram hospedados no palácio, digo, quase todo trabalho é um pouco repetitivo, mas no palácio se torna enjoativo, você sabe, não curto lugares onde não possa ter voz, ainda mais quando realizo meu trabalho, propriamente dito, sozinha — revirei os olhos soltando o cabelo.

— Boa sorte com isso! Eu vou dormir porque preciso descansar, meu corpo está quase que literalmente como uma casca, pois minha alma morreu, pelo menos temporariamente — ela riu pelo drama e fez um gesto positivo para mim.

Sorri mordendo o lábio e ela fez uma careta, na verdade, queria mesmo era rir da inocência dela, que ainda não sabe da novidade. Não sabia se ficava feliz ou triste por ela, é uma nova chance para nós, porém mais desgaste para ela, e isso era tudo o que menos queria, ainda não quero, só que essa é a única alternativa que temos para acelerar o processo de ir embora nesse lugar.

— Você está... mordendo o lábio, Mérope. Isso, não é nada bom — ela falou me observando e levantando da cama com a sobrancelha erguida em questionamento.

— Nem sempre que faço isso significa que algo ruim que está por vir, acho que agora foi apenas hábito — franzi o cenho me fazendo de desentendida.

— Fala logo o que é — ela ordenou cruzando os braços e se aproximando.

Nashira sempre teve esse ar de autoritária, mas ela não era, longe disso, na verdade, era como um autoritarismo bondoso, como se tudo fosse para o bem, e de fato era, ela só se tornava mais mandona quando a coisa ficava séria, ela sabia bem agir com as situações e ficar a frente dela.

— Acho bom se apressar para tomar um banho e vestir roupas limpas, vai na frente, deixo o banheiro para você — sentei-me na cama agindo normalmente, como se não tivesse acabado de jogar tudo no ar.

— Mas quem vai voltar para o trabalho é você, não eu, precisa se apressar, não quer perder seu emprego, não é? — ela fez um som de desdém com a boca.

— Te dou cinco segundos até que sua ficha caia — a olhei e levantei a mão fazendo uma contagem regressiva.

Ela me encarava sem entender muito bem o que estava acontecendo, também não entenderia se os papéis estivessem invertidos, seu cenho estava tão franzido que parecia que a qualquer momento ela poderia explodir de tanto tentar raciocinar. Somente quando a contagem chegou a dois ela me olhou com os olhos arregalados e um pequeno sorriso, seus olhos chegaram a brilhar. Automaticamente baixei minha mão dando de ombros, como se aquilo não tivesse tanta relevância, mas tinha, tinha muita relevância, e ela sabia bem o que aquilo significava... a luz do túnel se aproxima, e vem cada vez mais rápido.

— É o que estou pensando mesmo? — ela perguntou extasiada.

— Eu não sei, não adivinho pensamentos, seria mais fácil se você proferisse — segurei o riso.

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⏰ Última atualização: Jan 09, 2018 ⏰

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