- Alô? - Jos atendeu, curioso pra saber quem era.
- Jos! - Jos ouviu aquela voz, que foi facilmente reconhecida por ele.
- Niall? - Jos fez careta. Por que Niall estava ligando pra ele?
- Eu sei o que você fez, eu sei de tudo. - Niall disse, irado.
- Sabe do que, idiota? - Jos gargalhou.
- Eu te avisei, Jos e você não ouviu. - Niall disse com a voz grossa.
- O que você esta querendo dizer? - Jos quase riu da ameaça ridícula de Niall.
- Eu vou contar pra ela, Jos. Vou contar tudo! Sobre tudo o que ela passou, sobre quem ela esqueceu, sobre como você causou o acidente dela. - Niall disse, furioso. Odiava ser feito de idiota.
- Você não tem coragem.. - Jos riu ironicamente.
- Você não deveria me desafiar desse jeito, Jos. - Niall disse e desligou o celular.
Jos não conseguiu dormir a noite inteira. As palavras de Niall não saiam da sua cabeça. Ele teria mesmo coragem de contar tudo pra mim? queria acreditar que não, mas não podia arriscar. Não desse jeito.
Sua raiva por Niall parecia ter triplicado (se é que isso era possível). Voltou a se sentir um idiota por ter saído comigo naquela noite e ter causado tudo aquilo. Mais uma vez, a culpa era dele e ele estava ciente disso.
Tentou voltar a falar com o Niall a noite toda, mas ele não o atendia. Queria tentar convencê-lo a não fazer aquilo, queria dizer que faria qualquer coisa para que ele não me contasse nada. Porém, teria que esperar até a manhã do dia seguinte na escola.
Cochilou por uma hora e acordou ás 5 da manhã, assustado. Não podia se atrasar pra escola naquele dia. Pelo contrário, tinha que chegar mais cedo. Queria resolver toda aquela situação com Niall logo.
Ainda restava uma hora para que ele começasse a se arrumar pra ir para escola e o sono não queria voltar. Uma hora para pensar, uma hora pra continuar pensar naquela pessoa que não saia da sua cabeça. Sentia um aperto no peito, enquanto cada lembrança passava pela sua cabeça: os sorrisos, os beijos, os abraços, as brigas, as provocações e os tapas que de vez em quando eu dava nele. Sim, ele tinha saudades de quando nós estávamos juntos, mas ele também tinha saudade dos momentos que tínhamos antes de tudo acontecer entre nós. Tudo era tão mais fácil, tão mais simples. Jos me tinha ao seu lado todos os dias. Hoje, ele se pergunta como pôde achar que aquilo não era suficiente. Valeu mesmo a pena estragar tudo o que tínhamos?
Pegou o celular em um ato involuntário. Já estava acostumado a fazer aquilo todos os dias antes de dormir. Tinha um sorriso divertido e bobo no rosto, enquanto observava uma foto minha na tela de seu celular em que eu fazia uma careta divertida. A foto foi tirada há mais ou menos um ano atrás, quando a turma fez uma competição pra ver quem fazia a careta mais feia. Alan ganhou, mas eles gostaram da minha careta. Gostaram tanto, que Jos até tirou uma foto.
O sorriso no rosto dele se tornou um pouco mais doce, quando a foto foi mudada e então veio uma foto nossa. A foto tirada no dia do nosso passeio ao Camping. Estávamos no teleférico, quando ele decidiu tirar uma foto. Colei o meu rosto ao dele e sorri. No dia, nem cheguei a ver o resultado da foto, mas ele estava ali, nas mãos do Jos.
Através da foto, reparava em cada detalhe do meu rosto. Não queria se esquecer de nada. Não queria que aquela minha imagem, que ainda estava em sua cabeça, sumisse. Não queria se esquecer do meu cheiro, que ainda estava impregnado em seu nariz. Não queria se esquecer do som da minha voz, que sussurrava ‘eu te amo’ todos os dias em seu ouvido. Não queria se esquecer do meu toque, que só de se lembrar faziam com que ele se arrepiasse da cabeça aos pés.
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