Joségreel

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26 de fevereiro, sexta, 2015
Diário, a história hoje é confusa, engraçada e romântica.
Depois de acordar com a minha mãe cantando "Sou uma florzinha de Jesus" eu fui tomar o café.
-Jully, meu amor, se você não começar a acordar mais cedo, não vai dar pra você se arrumar pra ir pra escola e você vai ir sempre assim: Horrorosa.- Sim, quem disse isso foi minha mãe.
-Mãe, só pra ser clara, eu sou uma cópia fiel sua.- VRÁÁÁ!
Diário, o café tava tão ruim que eu preferi ir pra escola passando fome e roubar o lanche dos coleguinhas.
Depois de inventar uma história pra minha mãe dizendo que café me dava azia, eu fui esperar o ônibus lá fora, só que, quando eu estava lá, parada, pedindo a Deus para aquele BENDITO daquele McGreel chegar, adivinha quem aparece? Isso mesmo! Josélia!
-Ééé Jully! Fiquei sabendo que você beijou dois meninos atrás da igreja, sua sem vergonha!- Ela disse.
-Josélia, minha querida, vai ver suas novelas mexicanas e para de falar bosta igual você sempre faz.
-Sua sem educação!
-Fofoqueira da terceira idade!
-Não sei como sua mãe te aguenta! Se fosse eu já tinha te dado uns belos de uns tapas!
-Não sei como EU te aguento! Eu já devia ter te jogado de uma ponte!
Não preciso falar que a gente ficou discutindo até o ônibus chegar, não é, diário?
Mas aí que entra a parte loca da história: Eu estava calmamente entrando no ônibus quando eu vejo o McGreel mandar uma piscadinha pro boi da Josélia, aí eu não me contive.
-JOSÉGREEL É REAL!- Gritei o que chamou a atenção de todo mundo, inclusive dos pombinhos, ou melhor dizendo, dos periquitos depenados.
-GAROTA DAS BOLHAS, ENTRA LOGO OU EU TE DEIXO PRA TRÁS!- O McGreel disse. Eu sei que eu nunca obedeço ele, mas é que se minha mãe soubesse que desde o quarto ano eu arranjo briga com o McGreel, é capaz dela me mandar pra um lugar bem longe como o Seiláondequistão.
Eu fui até o fundo do ônibus onde a Gabs, a Meredith, a Camila e o Rafael me esperavam.
-Bom dia, bando de guaxinins atropelados!- Disse me sentando entre a Mere e o Rafael.
-Bom dia, tábua!- A siliconada disse.
O Rafa me deu um beijo na testa e sussurrou um "bom dia" bem inaudível, e eu, claro, correspondi.
-Eca! Que casal mais meloso!- A Mere fez um gesto como se fosse vomitar e eu soltei uma risada.
-Galerinha, eu preciso falar com todos vocês depois!- Disse chamando a atenção deles.
-Ihh, lá vem mais um daqueles planos desastrados da Jully...- A Gabs murmurou.
-QUÊ QUE VOCÊ FALOU, GABRIELA?- Gritei chamando a atenção de todo o ônibus e a Gabs começou a rir.
-Planos bem elaborados! Foi isso que eu disse! Jully, você tem que fazer uma lavagem no ouvido.
-Para, Gabs, ela é perfeita desse jeitinho dela!- O Rafa disse me aconchegando nos braços dele.
-Eca, que nojo! Você sente atração por meninas com cera escorrendo do ouvido!- O Rafael até tentou me parar, mas o Barril de banha já tinha estacionado o ônibus e aí foi tarde demais.
-O RAFAEL GOSTAR DE COMER CERA DO OUVIDO DAS MENINAS!- Gritei enquanto saía correndo pelo pátio da escola. Não sei se as meninas ficaram com pena dele, mas eu sei que a Gabs, a Mere, a Camila e o Rafa estavam correndo atrás de mim pra me pegar.
-JULLY CALA ESSA BOCA!- A Camila gritou.
-CUIDADO, MENINAS! O RAFAEL GOSTA DE MENINAS COM O OUVIDO ENTUPIDO DE CERA! NÃO USEM COTONETE!- Eu ia continuar gritando se alguém não tivesse me agarrado pela cintura e me pressionado contra o seu corpo. E dessa vez não era o Rafael. Era o Lucas, diário.
-Ai meu Jesus Cristinho!- Murmurei enquanto sentia aquele tanquinho colado na minha barriga obesa.
-Bom dia, Jully.- Ele sussurrou no meu ouvido. Diário, não é por nada, mas se ele não estivesse me segurando eu ia dar de cara com o chão.
-Lucas, eu acho que você pode soltar ela.- O Rafael disse interrompendo o clima. Rafael, você pode se considerar um moleque morto.
E infelizmente o Lucas obedeceu o Rafael.
-Ahn, bom dia pra você também, Lucas...- Disse meio envergonhada pelo que tinha acabado de acontecer. Ele sorriu e assentiu.
-Lucas, meu amor!-Ouvi uma voz meio roca dizer isso atrás de mim, e eu nem precisei me virar pra saber quem era, a Camila já tratou de destilar aquele veneninho dela.
-Gente, que cheiro horrível de carne de frango! Será que tem galinhas selvagens correndo pela escola? Ahh não, é só a Laura Carniangro.- A Laura olhou com TANTA raiva pra Camila que eu achei que ela ia partir pra cima dela, mas foi bem pior.
-Gente eu tô sentindo cheiro de carne de vaca? Ahh não, é só a Camila.- Eu não podia deixar a Camis se defender sozinha, então eu fui defender ela.
-Pelo menos as vacas são fofas, diferente das galinhas que são desengonçadas e sujas.
-Mas vacas não são fofas.- A Gabs disse.
-Eu não tava me referindo ao animal.
Diário, nem o Lucas segurou a risada. A  Laura ficou olhando pra ele com aquela cara de "o que você tá fazendo" e depois saiu batendo o pé.
-Jully!- O Lucas disse ainda rindo e foi atrás dela.
A Mere tava morrendo de tanto rir e eu só joguei o cabelo pro lado como uma verdadeira top model.
-Você arrasa, Amélia!- A Camila disse e nós demos um high five.
Depois desse episódio nós fomos pra classe e a primeira aula era do nosso professor de geometria, mas ele teve uma dessas doenças de velho e teve que mandar uma substituta.
-Olá alunos! Sou a Mariah...- Se pronuncia "Máráiá"- E como o senhor João não pode vir, ele me mandou como substituta.
Depois da nossa turma praticamente forçar a coitada a ouvir nossos nomes, ela topou e pediu pra nos apresentarmos por ordem de fila.
E cada pessoa foi se apresentando normalmente quando chega a minha vez.
-Meu nome é Sarah Jane Dark Soares da Silva Pereira e Costa, conhecida no mundo do crime como Sarinha.- A mulher me olhou meio apavorada enquanto a sala morria de rir.
-Ata...Que bom...- Ela disse meio sem graça.
E não fui só eu que fiz isso! Agora eu vou listar pra você as respectivas pessoas e seus nomes falsos:
Rafael- Josafá Nelson.
Gabs- Carliane.
Meredith- Geisinha Mariane.
Camila- Shánaia.
Geisin- Justin Bieber.
Mas é claro que ela não acreditou no Geisin, porque o Geisin é mais feio que um porco.
Depois dela brigar muito com a gente, ela passou quase seis quadros de dever. Se eu tô bem? Tô ótima! (Fell the sarcasm)
Na hora do recreio eu me reuni com o meu grupo da pesada (Eu, Rafa, Camis, Mere e Gabs.) e contei pra eles de uma ideia que eu tive.
-Gente eu imagino que todos vocês conheçam minha vizinha Josélia, o boi fofoqueiro que mora do lado da minha casa...- Antes de eu terminar minha frase, uma voz atrás de mim me interrompe.
-Porque estão falando da Josélia?- Quando me virei, diário, eu me deparei com o Lucas.
-Não é da sua conta, Slava.- O Rafael disse.
-É um plano que eu tive pra sossegar a língua da Josélia.- Eu disse.
-Então eu quero participar.- Antes que o Rafael protestasse e criasse algo do tipo "Passeata contra o Lucas entrar no nosso grupo" o Lucas simplesmente se sentou EXATAMENTE do meu lado.
-Ahn... Bom, o plano é o seguinte: Todos conhecem a Josélia e as fofocas dela, assim como todo mundo conhece o mal humor e a falta de senso do McGreel. Onde eu quero chegar é: Se nós juntarmos os dois, eles podem encontrar o amor um no outro e assim eles param de nos incomodar.
Depois que eu acabei de falar o silêncio reinou.
-QUE?- A Camila gritou.
-Camila, foi o que o professor de álgebra falou: Menos com menos dá mais!
-Não coloca álgebra no meio, pelo amor de Deus!- A Mere falou e eu soltei uma risada.
-Eu concordo com a Jully.- O Lucas disse. Isso foi o bastante pro Rafael bater na mesa e falar que também concordava comigo.
-Então, tá! Todo mundo de acordo?- A Gabs perguntou e todos assentiram.
-Como a gente vai fazer isso, Amélia?- A Camis perguntou.
-É o seguinte...- Depois de explicar todo o plano pra eles e depois de todos eles entenderem, nós fomos, cada um, cuidar de suas tarefas pro plano dar certo.
Eu ia na prefeitura reservar o salão de festas municipal, a Gabs ia cuidar da comida, a Camila ia conseguir uma roupa de garçonete, a Mere ia comprar um buquê de rosas vermelhas, o Rafael ia cuidar da iluminação do salão e o Lucas ia dar um jeito pros dois leitões se encontrarem.
Eu cheguei na porta daquela casa velha caindo aos pedaços chamada prefeitura e pedi o aluguel do salão pra uma festa particular. 
-Que tipo de festa?- A mulher da recepção me perguntou.
O que eu queria dizer:
-O tipo de festa que não é do seu interesse saber.
O que eu realmente disse:
-É uma festa pra receber uns amigos que acabaram de chegar da Itália.
Depois de passar muito tempo na prefeitura, eu finalmente havia conseguido o aluguel do salão, então eu resolvi dar uma passadinha na casa da Gabs pra ver se ela precisava de ajuda com a comida, MAAAAAS, ao chegar lá eu me deparei com o Harry.
-Atrapalhei o momento, então continuem e finjam que eu não existo.- Antes que a Gabs dissesse alguma coisa eu fechei a porta da casa dela e saí correndo pro salão.
-RAFA!- Gritei quando cheguei lá.
-Jully! Eu tava tentando dar uma escurecida no ambiente pra criar algo confortável, mas não estranho. Algo que expressasse mais um momento a sós.- E realmente, diário, o lugar ficou com outra cara.
-Rafa! Eu me esqueci! A gente precisa arrumar mesa e talheres!- Disse e ele entrou em desespero.
-LIGA PRA ALGUÉM! PRA CAMILA, PRA MERE, PRA QUALQUER UM! SÓ LIGA!
Eu então resolvi ligar pra Mere, porque além dela ser minha amiga, ela tinha solução pra tudo.
-Alô
-MERE TENHA MISERICÓRDIA DA MINHA VIDA! EU ESQUECI DA MESA E DAS COISAS QUE FICAM EM CIMA DA MESA QUE AGORA EU ESQUECI O NOME! SOCORRO SOCORRO SOCORRO!
-Calma, Jully! Pede pro Lucas ou pro Rafael passar aqui em casa pra pegar a minha mesa e alguns talheres.
-Você é um anjo enviado por Deus, Mere!
-Eu sei que você não viveria sem mim, menina Mackenzie.
E foi isso, eu dei a loca, mas finalmente estava tudo certo. Só pra confirmar, eu liguei pra Camila e pro Lucas pra saber como tava indo a parte deles.
O Lucas disse que tinha tudo sobre controle e que eles chegariam lá pelas oito horas, e a Camila me garantiu que já tinha conseguido o uniforme, então tava tudo certo.
-Vai dar tudo certo, Rafa! Agora vamos pra casa da Mere pegar a mesa e os talheres.
Ela lá fomos nós iguais a dois cabritos assustados.
-Falta muito?- A gente não tinha andado nem cem metros e o Rafael já tava quase tendo um infarto e caindo duro.
-Rafael, querido, se quiser pode voltar que eu chamo o Lucas.
-Eu sou o macho alfa daqui.
-Haha querido, se acha menos.
Nós demoramos um pouquinho pra chegar, e quando a gente chegou nós começou a gritar pra chamar a atenção da Mere.
-MEREDIIIIIIIITH! JOGA AS TRANÇAS!- O Rafa gritou.
-Você é doido, cara? Só eu posso falar assim com a minha amiga!- E então eu simulei uma briga com ele.
Não teve aquela parada de tapa e voadora, mas eu tentei morder a orelha dele, acho que isso conta.
-VOCÊS PODEM PARAR, POR FAVOR? RAFA, VEM AQUI PEGAR A MESA!- A Meredith gritou da janela da casa dela.
O Rafa subiu as escadas da casa dela e logo depois desceu com uma mesa redonda.
-Vai lá pegar as talheres, meu amor.
-Não me chama de meu amor, tô na TPM.- Depois disso eu invadi a cozinha da Mere e peguei uns garfo e umas faca.
-Só fica um pouquinho longe, porque eu tô com medo de você meter essas facas em mim.- O Rafa disse e eu que sou doida comecei a ameaçar ele de morte, o problema é que quando eu tava falando que ia cortar a garganta dele um policial chegou.
-MÃOS AO ALTO, ASSASSINA! JACOB, LEVE O MENINO EM SEGURANÇA VAMOS LEVAR ESSA DELINQUENTE PARA A DELEGACIA!- Nem precisa falar que eu saí correndo igual uma louca pela rua.
-SEU GUARDA, TENHA MISERICÓRDIA, EU TAVA BRINCADO!- E quando eu fui ver já tinham duas viaturas atrás de mim.
-AAAAAAAAAAAAAAHHHHH!- Gritei enquanto corria igual uma doida varrida rua abaixo.
O Rafael tinha largado a mesa e tava tentando alcançar as viaturas, só que ele é mais molenga que meu pai, então...Já viu, né, diário.
VOOOOOOOOOOOOOOLTANDO A HISTÓRIA
Eu não ia conseguir ficar correndo por muito mais tempo, porque eu sou uma negação como Usain Bolt.
-PARADA!- O policial começou a gritar em um megafone.
-O SANGUE DE JESUS TEM PODEEEER, TEM PODEEEER, TEM PODEER!
Aí diário, você deve estar pensando que eu tava perdida, que tudo tinha ido pro ralo e tals, e parabéns, você acertou. Eu tava perdida e tudo tava indo pro ralo, e como não adiantava fazer mais nada eu parei de correr e coloquei as mãos na cabeça.
-EU ME RENDO!- Foi aí que uma coisa que eu nunca pensei que ia acontecer aconteceu, diário.
Os policiais pararam a viatura e foram até mim, quando eles viram quem eu era eles falaram:
-Ata, é só a filha do Mário, a Jully.- E FORAM EMBORA. Eu fiquei meio bolada e com a cara no chão, mas pelo menos eu ainda tinha minha ficha limpa.
E lembra que o Rafael tava correndo atrás das viaturas? Então, EU tive que correr atrás dele, já que ele tava a praticamente 900 metros de distância.
-Seu...MOLENGA! AGORA CORRE QUE NÓS NÃO PODEMOS FALHAR COM ESSE PLANO!- Eu peguei os talheres que eu tinha jogado no chão antes de correr e limpei eles, já que os coitados estavam todos sujos de terra.
-Beibi u laike a ma uordi laike nobari eusse...
-Que música é essa?- O Rafael me perguntou.
-Whats make you beautiful.
-Quem canta esse lixo?
-Sua mãe.
UOOOOOOOOOOOOOOOU! TOMA ESSA, RAFAEL!
Ele ficou meio (muito) bolado comigo, mas eu nem liguei. Então nós seguimos de volta pro salão.
Quando eu e ele chegamos lá, o Lucas e a Camila já estavam nos esperando.
-Demoraram, hein!- O Lucas disse.
-É que a Jully quase foi presa.- Esse, diário é um dos momentos no qual eu sinto uma extrema necessidade de matar o Rafael.
O Lucas não conseguiu segurar e começou a rir.
-Odeio vocês.
-Mas eu não fiz nada!- A Camis disse.
-Não, você eu odeio de natureza mesmo.
-Ata.
Como tava quase todo mundo lá, eu resolvi perguntar como estavam as coisas.
-Ah, a minha parte tá certinha.- O Lucas disse.
-A minha também.- Camis completou.
-Agora só falta a Mere...- Eu nem terminei de falar o santo nome da criatura e a bicha apareceu gritando.
-...DITH! MEREDITH!
-E O BUQUÊ?- O Rafael gritou.
-Você se refere aos TRÊS buquês que eu trouxe?- Eu nem preciso falar que ficou todo mundo de boca aberta, né?
-Meredith, você é louca!
-Eu sou rica, é diferente.
-Meredith, eu sou a mais rica aqui.- A Camila disse.
-Ok, eu sou a mais pobre.- Quando eu disse isso todo mundo começou a rir.
-Jully, você é uma comédia!- O Rafa disse, coitado, achou que eu tava brincando.
-Ok, agora vamos organizar as coisas porque já são 18:45 e os hipopótamos chegam as 21:00.
Foi aí que nós começamos a arrumar.
Diário, tudo ficou perfeito! Agora só faltava a comida e pronto! O plano seria uma maravilha. Então, eu resolvi ligar pra Gabs só pra saber como estavam as coisas.
J-Gabs, a comida tá pronta?
G-Que comida?
J-EU VOU TE DAR UMA VOADORA NO PESCOÇO, GABRIELA!
G-MENINA É BRINCADEIRA, FICA CALMA!
J-Quase que eu tive uma taquicardia aqui! Aqui, quanto tempo vai demorar?
G-Nadica. Eu e o Harry estamos aqui fora.
Depois de desligar o celular eu fui lá fora.
-EIIIII GABS! oi harry.- Pelo amor de Deus, não pensem que eu fui seca com o Harry, mas é que ele é namorado da minha melhor amiga/prima, então ele é tipo um corpo estranho na família.
-JULLY! EU FIZ UMAS COISAS DELICIOSAS PRO CASAL!
-HUMMMMMMM, MASTERCHEF!
Então nós começamos a rir igual duas maritacas morrendo.
-Gente, apressa isso, o McGrell já chegou.- O Lucas apareceu do nada falando.
Se eu entrei em desespero? Sim. Se eu deixei isso transparecer? Sim.
-AHHHHHHH SOCORRO!- Eu fiquei tão histérica que gritei umas 10000000 vezes, até que o Lucas foi me acalmar.
-Calma, meu amor...
-Vo-você me chamou de meu...
-Jully. Te chamei de Jully.- Êêê secura! Custava ser fofo? Affe!
Então a Gabs foi entrando com as panelas e o Harry foi atrás. Quando eu consegui entrar eu virei pra Camila e disse:
-Camis, vai colocar a roupa de garçonete.
-Ok.
E lá foi ela colocar a roupa. SÓ QUE (Sim, tem um "só que") o vestido de garçonete era mais curto que uma blusa, fora que ficou super justo nela.
-CAMILA EU PEDI UMA COISA TRADICIONAL!
-Então, isso foi o mais tradicional que eu consegui.
-NÃO, MUNDO PARA QUE EU QUERO DESCER! CAMILA, ISSO É POLITICAMENTE INCORRETO!
-Aff, Amélia, isso é inveja!
-INVEJA? CAMILA, EU USO ESSE VESTIDO COMO BLUSA!
-Claro, cafona do jeito que você é...
Antes que as discussões tomassem um rumo de socos, pontapés e puxões de cabelo, o Rafael me puxou pra um canto e me disse pra ficar calma.
-Rafa, mas como eu vou ficar calma?- Eu até tentei soar normalzinha, mas minha voz soou mais ou menos assim:
-ashererrê rá berê berrê be tu berrebe isse ibi uno uba?
Depois do Rafael passar seis dias tentando entender o que eu tinha dito eu fui arrumar o jantar lindinho.
-Camila, vai lá com essa roupa mesmo!
-Eu ia de qualquer jeito, você querendo ou não!- Duvido que ela ia se tivesse com a cabeça entalada na privada.
Nós ouvimos um som de passos no salão e encostamos numa parede pra ouvir o que tava acontecendo na parte principal do salão. Sua sorte, diário, é que eu tenho ouvidos ótimos e consegui ouvir tudo direitinho! A conversa foi assim:
-Lona Carnélia?
-Zé Piu?
-O que cabeça ri?
-Antas não casaram! E comê?
-Acem!
Achei uma conversa estranha pra um encontro, mas como se tratava de Josélia e McGrell, eu considerei algo normal.
-Camila, vai lá!- Sussurrei, se bem que foi um sussurro meio grito, mas releva!
Eu empurrei a Camila com tudo e ela caiu no chão, eu tentei ajudar ela, mas ela meteu as unhas no meu braço e eu me afastei. A Meredith foi correndo ver se tava tudo bem.
-Gente o que aconteceu?- Nessa hora quase que tudo deu errado porque a Camila GRITOU (Ela não tem consideração pelo amor, diário.)
-EU RALEI O QUEIXO! EU NÃO FAÇO MAIS NADA! ARRANJEM OUTRA PESSOA!
Eu tava tão loca que agarrei ela pelos braços, olhei bem fundo nos olhos dela e disse no tom mais sombrio que consegui.
-Você vai lá, e vai servir os pratos como está no plano.- Levando em conta que meu tom sombrio é a voz do Patatá com nariz entupido, não deu muito certo.
Mas ela colaborou e foi lá.
Fiquei olhando por um buraco que tinha na parede e vi ela entregando um cardápio que o Harry tinha feito a mão. E sim, o Harry era bom com caligrafia e desenho, diferente de mim, que nem consigo segurar um lápis direito.
Olhei pra trás por um minuto, devido ao silêncio do Lucas e do Rafael, estranhei porque aquelas duas cabras não calam a boca um segundo, e quando vi eles estavam discutindo em silêncio.
-Eu vou quebrar seus ossos, seus dentes!- Lucas sussurrava.
-Eu faço artes marcianas, vou acabar com sua raça.- Rafael dizia.
Não preciso dizer que eu soltei uma risada do caramba com essas "artes marcianas", né?
O Lucas veio correndo e tampou minha boca com a mão.
-Você tem que fazer silêncio pras coisas darem certo!
Eu tirei a mão dele e fiz uma pose enquanto falava:
-Nenhum homem calará minha boca enquanto eu viver!
Teve até um vento nos meus cabelos, diário! Sério!
Eu voltei pra dar uma olhada no casal de patos e vi que Gabs já havia servido a comida.
Diário, parecia que era pouca comida, sabe? Comida de gente rica.
Meu amor, tem que bater um marmitão de pedreiro com arroz, feijão, três pedaços de bife e dois ovos fritos! É disso que o povo gosta, é isso que o povo quer!
Mas como não era eu que tava cozinhando, não reclamei.
O clima entre os dois estava lindo, um olhava pro outro de forma apaixonada, eu fiquei feliz por eles.
E a partir daí, as coisas deram muito errado.
O Rafa chegou do meu lado falando que precisavamos melhorar ainda mais o clima com música romântica, e eu disse que não tinha som e nem um CD do Elvis Presley.
Foi aí que a pior ideia do mundo surgiu! Ele disse que nada era melhor que música ao vivo e uma voz de anjo cantando. E eu perguntei:
-Tá, e quem tem voz de anjo aqui?
-Você!- Ele tava cego, ou melhor, surdo de paixão! Eu ia acabar com o jantar! Na certidão de óbito deles, a causa ia ser: Mortos devido a uma voz agoniante de alguém que parecia estar preso em um buraco a anos.
Mas eu devia estar doida e topei.
Falei com o Lucas, com a Mere e com a Camis, eles concordaram.
Me dirigi ao salão e fiquei em frente a mesa.
-Você?- Os dois disseram em coro.
-Calem a boca, eu vou cantar pra vocês.- Educação a gente vê por aqui.
Eu ia cantar uma música em inglês, do Elvis, chamada "Can't help falling in love with you", mas deu branco e eu não lembrava a letra. Olhei e vi que tava todo mundo me olhando, e inclusive, a Gabs e o Harry tinham saído da cozinha pra ver a tragédia.
Quando eu olhei pro Lucas, lembrei que ele namorava a Laura Carne de Frango e subiu uma raiva, um ciúme, que eu perdi a cabeça e cantei Wesley Safadão.
-I SABI AKELI BEJO KE VOCÊ MI DEÚN?? TO TOMANO ELE NA BALADA CO ÁGUA E REDÊ BÚ U U U!
O casal de andorinhas ficou me olhando assustado e Josélia levantou pra ir embora.
-Sabia que esse coisa usava drogas, sabia!
McGrell foi atrás dela e nossa gangue correu pra alcançar eles.
-Jully o que foi aquilo?- Perguntou o Lucas. Eu ia falar tudo pra ele! Tava com vontade de falar "EU CANTEI PRA VOCÊ, VOLTA A SER MEU CHEROSO", mas sou moça de respeito, me contive. E outra, eu estou com o Rafael agora, e gosto muito dele.
-Deve ser TPM, certeza.
Nós andamos muito devagar, mas chegamos pra ver o casal no maior amasso.
-Eu vou...eu vou...VOMITAR, da licença!- A Mere gritou e eu fui atrás dela pra ajudar.
-MIGA CALMA!- Lá tinha um banheiro, mas parecia que tinha um rato morto lá, o cheiro era insuportável!
Eu ia mandar ela vomitar no mato mesmo, quando eu vi o meu maior pesadelo:
Primeiro eu vi um inseto voando, achei normal até ele pousar: BARATA VOADORA!
Eu dei um grito e saí correndo pra fora, eu só não atrapalhei os beijos apaixonados do nosso queridíssimo casal porque bati num tanque de guerra, ops, trombei no Lucas.
-Jully, tudo bem?
-Lu-lucas, tem um morcego de doze asas e com chifres, três pernas, seis olhos! Horrível!- Ele deu uma risada e eu olhei brava pra ele. Ora, ele estava duvidando de minha palavra? Justo eu que descrevo as coisas tão fielmente?
Bom, a noite acabou depois disso e deu tudo certo, cheguei em casa agora a pouco e preciso urgentemente de um banho, talvez dois ou três...quem sabe nove banhos!
Mas é isso, diário!
Beijos, da sua dona, rainha, diva, maravilhosa, senhora de si, espada de He-man, a criadora da renew: Júlia Amélia Mackenzie, ou Jully ❤️

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⏰ Última atualização: Jan 06, 2018 ⏰

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