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Cheguei 20 minutos atrasado no trabalho,ja era um hábito que eu não estava afim de reparar.Abri as grandes portas de vidro que tinha na entrada do prédio, e logo avistei Verônica sentada na recepção, ela estava com um olhar cansado,bem diferente da garota alegre que eu já namorei um dia. Dei um oi rápido e segui para os elevadores. Quando eu cheguei vi poucas pessoas,era feriado então todos foram para alguma viagem ou sei lá o quê, enquanto eu fui obrigado pelo meu chefe a trabalhar, porque segundo ele,não tinha mais ninguém para fazer aquilo,o que claramente era mentira. Ele me odiava desde o dia em que eu pisei aqui.

Tirei a blusa de frio e sentei na cadeira,ligando o computador logo em seguida. Comecei a escrever a matéria,para a página online do jornal,quando escuto um "psiu" bem baixo,vindo da mesa atrás de mim. Me virei e ele já estava atrás de mim,pronto para me beijar. Um beijo que eu não negava nunca. Me pegou no colo,sem parar o beijo,e me encostou na parede mais próxima. "Aqui é o trabalho." Falei. "Tem o quartinho da limpeza.' Lembrou. E logo fui puxado para lá,sem nem ter tempo de responder se queria. Mas acho que já estava tão óbvio que nem iria adiantar. A gente sempre fazia isso.

Ele abriu a porta e eu entrei.

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"Sr. Clifford!" Olhei para a frente e era Ricardo,meu chefe. Empurrei Erza pela barriga,para que ele nao saísse do quartinho e fosse pego. "Preciso que você venha até a minha sala." Disse se virando para ir embora,e eu me preparando para puxar Erza. "Espera..." Voltou para trás. Empurrei Erza de novo. "O que está fazendo aí?" Perguntou. "Deixei meu café derramar e vim procurar um pano." Menti,ouvindo Erza rir baixo. "Certo." Falou, balançando a cabeça e indo de vez para sua sala. Puxei Erza que ainda estava rindo. "Eu vou para sua casa,fazer um bom café da manhã.Tudo bem?" Disse,depois de terminar de rir. Respondi um "tudo bem." E lhe dei um beijo rápido.

"Bom dia." Falei quando entrei na sala. "Bom dia Sr. Clifford. Tenho um trabalho para você." "Certo. Qual?" "Você precisa ir para San Francisco,entrevista umas pessoas para um empresa." Explicou. "Tudo bem para você?" Pensei um pouco. Nunca tinha saído de Chicago. Acho que essa é uma boa oportunidade,afinal não é sempre que se ganha uma viagem de graça. "Sim."

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Abri a porta do apartamento e logo o cheiro de café entrou pelas minhas narinas. "Oi,amor." Me beijou e voltou para a cozinha. "Tá tudo pronto. Só faltava você." Continuou. Fui até o quarto e troquei de roupa. Coloquei um pouco de café na xícara e peguei um misto quente,indo para a sacada e sendo acompanhado por Erza,que colocou uma das mãos livres na minha cintura. "Algum problema amor?" Perguntou,me olhando sério. "Ricardo quer que eu vá para San Francisco esse final de semana." Contei. "E você vai?" Tomou um pouco de café. "Eu disse que sim." Me virei para olhar seus olhos castanhos claros,que estavam semi cerrados,por conta do sol que batia. "Tudo bem meu amor. Eu estarei aqui quando você voltar. Como sempre estive do seu lado." Me beijou. Um beijo lento e demorado.

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Estava chovendo muito,e como era a minha primeira vez viajando de avião estava com um certo medo. Nunca imaginei que iria precisar tanto do beijo do Erza para me acalmar. Quando chegamos no aeroporto,ele me beijou e me abraçou várias vezes,me deixando confortável e sem medo algum. Eu precisava disso agora.

Coloquei um filme qualquer para me distraí,e encostei a cabeça na poltrona. Minutos depois meus olhos já estavam pesados.

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Acordei com uma das aeromoças me cutucando. "Senhor, você tem que descer." Disse,apos eu abrir os olhos por completo. Falei um desculpe baixo e fui em direção a saída. Estava com muita fome,mas não decidi parar para comer. Decidi esperar chegar até o apartamento que eu iria ficar. Já estava atrasado para a vídeo conferência com a tal empresa.

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Depois de umas três horas de carro,cheguei no prédio. O apartamento que eu iria ficar era na cobertura. "Essa empresa deve ter muito dinheiro." Pensei.

Quando cheguei a porta já estava destrancada e a tv aparentemente ligada. Bati na porta e um loiro alto apareceu. "Oi." Falei. "Oi,voce deve ser o cara que vai trabalhar comigo." "Michael." Entendi a mão,que logo foi apertada pela mão do outro. "Lucas." "Eu não sabia que ia trabalhar com outra pessoa." "Nem eu. Mas na vídeo conferência,o cara falou que mais alguém ia vir." Merda perdi a vídeo conferência. "Certo. É pra começar hoje?" "Não. Eles disseram que hoje a gente pode conhecer a cidade." Explicou. Fiquei em silêncio. Nas próximas horas eu procurei um quarto,- tinha muitos ali.- Depois tomei um bom banho e encontrei Lucas sentado no sofá,mexendo no celular. Peguei um pouco de suco na geladeira e sentei ao seu lado,pegando o controle da TV. "Tem umas festas rolando por aqui perto. Não quer ir comigo em alguma?" Disse ele. "Tudo bem." Desliguei a TV e peguei um casaco.

As ruas estavam com pouca iluminação,entao dava para ver bem as estrelas e a lua cheia. A tal festa ficava absurdamente longe do nosso apartamento,e eu não aguentava mais ficar ali naquele carro,depois de ja não ter mais papo,estava um silêncio constrangedor. Eu já estava constatando que estávamos perdidos. "Estamos perdidos." Falei. "Não estamos." Disse. " Estamos sim." Insisti. "Eita a gente tá." Concordou.

Chegamos na tal festa a meia noite e meia. Depois do Lucas ter,-com a ajuda do GPS que ate então ele não tinha usado- pegado o caminho certo.

Ele foi para um canto de bebidas e eu fui para outro. Peguei uma cerveja qualquer e fui para perto da piscina. Alguns minutos depois um grupo de amigos estava em volta de mim. Eles começaram a puxar conversa e  eram realmente todos interessantes. Dois moravam ali e os outros três estavam à trabalho como eu. Eram fotógrafos,e se eu tivesse perguntando o nome da empresa para qual eles estavam trabalhando,tenho certeza que diriam o nome da qual eu estou trabalhando.

"Ei Michael. Ja vi que conheceu meus amigos." Disse Lucas,chegando mais perto e colocando um dos braços no ombro de um dos garotos. "Ah são seus amigos." Afirmei. "Pois é. A gente conhece esse pé no saco desde o jardim." Disse Cassie,rindo. Começaram a relembrar o tempo de escola,e tinham ótimas histórias que me fizeram até engasgar com a bebida. O que fez todos rirem e se engasgarem também.

Mais tarde só ficou eu,Lucas e Calum,que já estava bem chapado. "Eu vou dormir." Anunciou. Levantou meio sem jeito e caiu perto da porta logo depois. "Quer ajuda cara?" Lucas perguntou. "Não. Não,eu to bem." Falou se levantando e indo para as escadas. "Qualquer coisa grita."

Lucas decidiu nadar e me fez ir junto. A água estava gelada pra caralho,eu logo comecei a tremer de frio. "Quer que eu abrace você?" Olhei meio confuso e falei que não. Mas fui totalmente ignorado e abraçado. "Eu disse que não." Falei. E fui ignorado de novo.

Aquele abraço estava muito bom,tenho que admitir,e depois de uns minutos assim eu estava com um pouco de sono. "Vamos dançar." Disse Lucas,quando começou a tocar I wanna be yours. Ele apertou mais meu corpo contra o dele e começou a balança para os lados. "Amo essa música." Comentei. "Eu também. Eu ja transei ouvindo ela. Teve uma época que meu ex namorado ficou viciado nela,entao um dia ele disse: "Eu quero transa ouvindo essa música." E eu disse: "então vamo." E a gente transou." "Incrível." Falei,dando de ombros. Ele levantou um pouco minha cabeça,me fazendo olhar em seus olhos azuis e selou nossos lábios,foi um beijo tão bom quanto um edredom no frio. Eu queira dizer que eu tenho namorado. Mas aquilo não poderia significar nada. E eu sabia muito bem que antes do Erza se torna o namorado fiel que é hoje,ele me fez passar por maus bocados. Mas de qualquer jeito,eu não estava fazendo isso por vingança. Eu acho que eu gosto do Lucas,apesar da gente se conhecer tão pouco.

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Eu estava em uma cama desconhecida e em um apartamento que não era o que a empresa tinha alugado. E os braços em volta de mim,nao eram os do Erza. Abri os olhos e olhei para o lado,era o Lucas. O acordei e ele deu um sorriso quando me viu. Tive certeza que a gente tava na casa do Calum,onde fora a festa,quando ele passou em frente à porta do quarto apenas de cueca. Peguei o celular e cliquei nas mensagens. "A gente tem que ir." Falei apressado. "Lucas." Chamei,um pouco mais calmo. "O que?" Fiquei uns minutos em silêncio."A gente foi despedido pela tal empresa."

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