Doze.

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Bati á porta de Danniel. Abriu-se instantaneamente, e, sem me da e tempo de colocar tecido de pele que fosse sobre a grande maçaneta dourada, alguém a puxa, vejo metade de Danniel a espreitar por ela. "- Sabia que virias..." Arrepie-me ao ouvir. "- Nem eu tinha a certeza que viria..." Contra-argumentei de cabeça baixa, foi a primeira vez que consegui soletrar qualquer tipo de sílaba e formar palavras na presença de Danniel.
"- Não queres entrar?" Perguntou.
"- Não Danniel, só não finjas que eu não existo..." Disse, olhando para ele com lágrimas nos olhos, não sei como, nem Porque razão ao certo, mas inspirei fundo... "- Danniel, por favor, toda a gente passa o tempo todo a fingir que eu não existo, então se gostas mesmo de mim não o faças, por favor..."
"- Andrew, não é isso... É que... Porque..."
"- Porquê Danniel? Porquê? Tens vergonha de mim...? Tens vergonha de... de eu ser rapaz? Danniel é o que tu és, é o que tu sentes. Podes esconder, mas não podes fugir, aceita-o ou aprende a viver na sombra, como eu fiz...." Ao dizer isto virei costas e prossegui caminho, ouvi a porta bater mas não me dei ao trabalho de voltar para trás, ou simplesmente olhar. Estava à anos a sofrer pela a mesma pessoa. Não aguentei, não aguento. Fartei-me de não existir. Não consigo.
Não quero mais ser ninguém. Quero que se lembrem que eu existo, pelo menos uma vez na minha vida.  Talvez eu o ame por sorrir para mim ás vezes, mas é a mesma razão pela qual o amo.

Cheguei a casa, subi para o terraço, estava a começar a chover, mas não me importei, sentei-me a olhar para a cidade, nem sei tudo o que me passou pela cabeça... Sinceramente ao inicio só conseguia pensar o quanto eu precisava de um cigarro, mas depois de o acender, mesmo sabendo que se iria apagar com a chuva, pensei que tinha medo de acordar e alguém já ter ocupado o meu lugar... Estava a morrer aos bocados, e saber que Danniel gostava de mim não o fazia parar, só me fazia ficar ainda mais em pânico.  E se isto avançasse? Iria correr bem? Se nunca nada correu porque haveria de correr? Estava cansado, não era há prova de fogo, lá no fundo estava a arder... Sofrer por ter? Ou sofrer por não ter? Eu sabia que no fim ele não iria ficar, nunca ninguém ficou... E era isso que me fazia tremer da cabeça aos pés. Preferia morrer agora do que encarar a dor depois...

Not Me. (Não Terminado) Onde histórias criam vida. Descubra agora