Era segunda, que remédio tinha eu se não erguer as minhas células corporais e ir para o Inferno.
Sim corporais porque a minha alma morrera outra vez naquela noite.
Vesti qualquer coisa como umas calças de ganda, uma camisa Preta, calcei uns tenis pretos também e saí.
Não consegui comer o quer que fosse, outra vez.
Ao entrar naquele corredor enorme roado de cassifos, senti-me mais observado que senti em todos os meus 17 anos de vida. Andei lentamente para a casa de banho como se nada se passa-se mas por dentro estava em pânico. Sentei-me na sanita e fechei a porta. Chorei, respirei fundo e tomei um ou dois calmantes. Era a pior sensação do mundo, alguém que nunca foi ninguém, alguém que nunca chamaria a atenção na sua vida inteira passar a ser o alvo de todos os olhares, risos e bocas. Mesmo sabendo que isto haveria de passar, porque adolescentes trocam de alvo facilmente, eu estava com medo por Danniel.
Danniel tinha uma reputação, uma vida...
Saí, como se estivesse tudo bem, dirigime à saída, parei no pátio extrior, acendi um dos meus cigarros, este dia ia ser longo.
Estava tudo "Bem", quer dizer, tranquilo, até Danniel passar por mim. O meu coração parou, todo eu era feito de pedra. Congelei.
Não sei como, nem porquê, mas uma esperança estúpida despertou em mim, um brilho nos olhos como a eu acreditasse que ele ia falar comigo. Mas essa esperança morreu. Ele passou, olhou com os seus olhos verdes brilhantes lacrimejantes, eu sabia que ele haveria estado a chorar, e por mais que a vontade de o consular me correce mas artérias, eu não tinha coragem nem para pronunciar o seu nome.
Depois disso, não me senti capaz para estar ali, nunca sinto, mas desta vez estava pior. Saí.
Caminhei por ruas, até chegar ao meu local, não me importava de viver alí, naquele Banco de Jardim com vista para a praia, alí sim, eu gostava que tivesse sido o meu primeiro beijo com Danniel, ou pelo menos a primeira conversa recente depois da morte de Matt... Mas o mal já estava feito.
Tirei o meu livro da mala, e li, li com a mesma intenção de sempre, afogar-me em palavras e histórias de vida que não eram a minha, onde eu não era Andrew, onde eu não era ninguém...

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Not Me. (Não Terminado)
Fiksi RemajaAndrew. 17 anos. Não sou feliz, mas também não sou triste. Apenas não sou normal. E esta é a minha história.