Beirut

When I go

- Droga, que dor de cabeça! – Caroline reclamava descendo da escada.

Que dor no corpo todo. Eu logo pensei.

Nunca imaginei que perder a virgindade fosse algo tão doloroso assim. Colin foi gentil, mas havia um momento que pensei que estava prestes a morrer e então ele terminou e tudo o que veio em minha cabeça foi "Graças a Deus". As pessoas deviam usar algum tipo de anestesia para tirar a virgindade, afinal, não dá pra sentir prazer através daquela dor.

Estava sentada no sofá da sala lendo quando olhei na direção de Caroline e vi Colin logo atrás dela. Fiquei desconfortável imediatamente e voltei a olhar para o meu livro, mas já não conseguia mais se concentrar na leitura.

Se eu não estivesse com dor por todo meu corpo me perguntaria se ontem não havia sido apenas um sonho.

Colin sentou do meu lado e disse baixinho:

- Espero que não fique nada estranho depois de ontem.

Ah merda! Eu não fazia ideia no que fazer nesse tipo de situação, pois nunca havia passado por isso. Eu iria agir como uma pessoa madura e fingir que nada aconteceu.

Fiquei nervosa e engoli o seco.

- Não sei do que está falando. – disse sem olhar para ele.

Tinha certeza de que ele estava sorrindo.

- Melanie...

- Colin! – Caroline chamou e eu a agradecia por isso.

Ele se levantou e foi até ela, me deixando sozinha na sala. Passei minhas mãos no cabelo. Eu havia perdido minha virgindade com um cara comprometido e na casa da namorada dele. Quanta irresponsabilidade!

Senti-me enojada, não gostava de Caroline, mas o que eu fizera com Colin fora demais, não entendia como ele teve coragem de fazer isso com ela, não entendia como eu pude perder minha virgindade dessa forma. Eu e Colin não éramos nada, o que fiz foi quase o mesmo que me entregar para um estranho.

Já estava quase na hora de almoçarmos, após um tempo fomos comer. Fiquei em silêncio o tempo todo, evitando olhar para Colin. Todo mundo conversava e ria, menos nós dois. Havia uma tensão entre nós e parecia que apenas eu estava sentindo, porque Colin estava com uma expressão relaxada, como se o que fizemos fosse algo natural, como se aquilo não tivera sido nada demais.

Após o almoço insisti em lavar os pratos enquanto todos iam fazer algo. Não me incomodava de estar fazendo aquilo, não havia muito que se fazer por ali. Comecei a tentar decifrar quem havia comido em cada prato pelo restante de comida que havia no prato. Meus dedos já estavam enrugados e meu cabelo caindo no rosto, assoprava as mechas que caiam nos meus olhos.

Estava contando as horas para ir embora daquela casa. Se não havia motivos suficientes para continuar ali antes, havia agora. Eu iria embora ao final da tarde e Brad não iria me impedir.

Colin apareceu na cozinha de repente me despertando dos meus pensamentos. Olhei para ele por um segundo e ruborizei, logo virando para voltar a focar na louça suja.

- Oi. – ele disse simplesmente e eu não respondi – Podemos conversar? – continuei calada – Sobre ontem.

Ele finalizou e me senti envergonhada comigo mesmo. Ah, puta merda, o que estava acontecendo comigo?

- Não quero falar sobre ontem. Pensava que havia sido apenas um sonho louco até você vim com essa conversa.

Mentira, ainda sentia a dor pelo meu corpo, aquela era a única prova de que aquilo não havia sido um sonho.