Postcards From Italy

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  Acordei com uma batida na porta do quarto e meu pai berrando meu nome. Levei um susto imediatamente me dando conta de que Colin ainda estava na minha cama. Eu o sacudi para acordá-lo, mas ele só gemia, então joguei-o da cama, daí ele acordou.

  - Melanie! – meu pai ainda me chamava – Por que sua porta está trancada?

  Olhei perdida para Colin que ainda estava no chão.

  - Porque eu dormi pelada. – respondi.

  Houve um breve silêncio.

  - O quê? Por quê?

  - Porque eu quis! Me deixe em paz, pai. Eu desço em alguns minutos.

  Ele não respondeu imediatamente, mas disse "tudo bem".

  Suspirei passando a mão pelo rosto. Se eu não tivesse trancado a porta ontem provavelmente estaria bem ferrada nesta manhã.

  Colin se levantou com um sorriso no rosto, achou essa situação engraçada. Eu por outro lado ainda não estava preparada para rir disso. Saí da cama e fui até o banheiro escovar meus dentes. Ouvi Colin me chamar do quarto, eu o respondi com a boca cheia de pasta, suspeitei que ele não houvesse entendido.

   Ele apareceu na porta do banheiro com o meu celular na mão mostrando uma mensagem que Kent havia acabado de mandar.

  - Há uma mensagem de Kent no seu celular. Por que tem uma mensagem dele no se celular?

  Cuspi na pia antes de tomar o celular da mão de Colin.

  - Não é da sua conta. – cantarolei.

  Colin me olhou com o cenho franzido.

  - Vocês são amigos agora? Até onde eu sei você nem tinha amigos.

  Cruzei meus braços e olhei para Colin indignada.

  - Pensei que você fosse meu amigo, mas aparentemente não sabe agir como o tal.

  - Não mude de assunto, Mel.

  Revirei os olhos, bufando, como se eu devesse alguma resposta a Colin.

  - Nós vamos sair hoje, Colin.

  - Um encontro? – ele perguntou e eu assenti – Não acredito nisso! Você sabe que não gosto desse cara.

  - Você ainda tem remorso por algo que ele disse a você no primeiro ano?

  - Não é remorso. Ele insultou minha família e a mim.

  - Ele não disse nenhuma mentira.

  Ele pareceu chocado com minha resposta e eu não me arrependia nem um pouco do que acabara de dizer.

  - Você concorda com ele?

  Dei de ombros e eu revirei os olhos.

  - Colin, você realmente vive o sonho dos seus pais, faz tudo que eles querem, você não tem opinião na sua própria vida e isso é triste.

  Nossas vozes deviam estar elevadas e nós nem percebemos, pois meu pai apareceu novamente perguntando o que estava acontecendo, apenas disse a ele que já desceria.

  Colin ainda olhava para mim, chateado. Me aproximei dele.

  - Olha, Colin, não estou julgando você ou sua família, estou apenas dizendo a verdade.

  Ele assentiu.

  - Eu acho que já está na hora de eu voltar para minha casa.

  Pensei em chamá-lo e me desculpar, mas não havia com o que me desculpar, não havia dito nem uma mentira e Colin precisa escutar aquilo, não era justo ele viver daquele jeito.

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