young suicide.

new school, new problems. - Parte II

O toque soou e todos nós dirigimo-nos à saída.
Ora, então...tenho 2 hipóteses: fechar-me na casa de banho a ouvir música ou ser um adolescente normal e ir fazer amigos.
Acho que prefiro a 1º opção, mas primeiro tenho de encontrar a casa de banho.

Percorri todos os corredores que haviam mas, por incrivel que pareça, não encontrei a casa de banho. Queres ver que usam todos fralda e não há casas de banho?
Resolvi sentar-me numa das mesas dos bares, coloquei o gorro outra vez e comecei a ouvir música. Os meus olhos percorreram o bar todo até que pararam em 2 pares de olhos que me olhavam. Era a rapariga da secretaria cujo o nome não sei.

Claire


Já devo estar a observar o Harry, o aluno novo, à séculos. Ele é dos rapazes mais giros que já vi na vida. Porque estaria ele tão solitário ali nas mesas?
Percebi que fui descoberta quando o Harry me olhou. Ficamos ali numa troca de olhares até que ganhei coragem para ir falar com ele.

"Ainda não me apresentei." Sorri mas ele não mostrava nenhum tipo de emoção.

"Também não precisas." Levantou-se e passou por mim em direção ao corredor.

Não, isto não fica assim. Ninguém dá uma barra à Claire. Comecei a correr para alcançá-lo mas tarde demais, ele já desaparecera por entre a manada de adolescentes que estavam no corredor. Ele deve estar no pátio. Bingo!

Mesmo que ele não queira que me apresente, vou tentar. "Hey, Harry. Sou a Claire." 

Ele olhou-me com cara de "Só podes estar a brincar, certo?". Eu só quero ser amiga dele, qual é o mal? Toda a gente aqui na escola é meu amigo, quer dizer amigo verdadeiro acho que nem tenho, todos falam comigo por pura popularidade e reputação. Tenho olhos verdes e sou ruiva, o meu corpo é invejável pois faço bastante exercicío fisico, porque é que ele não é como todos os rapazes que se atiram logo a mim? Isto está-se a tornar dificil.

Sentei-me ao seu lado e retirei-lhe os fones. Ele olhou-me zangado mas lá falou.

"Sou o Harry, mas acho que isso já sabes, certo?" Ele disse. Bem, já é um começo.

"Então, Hazza..." Ia acabar a frase quando fui interrompida por ele.

"Hazza?" Ele ficou espantado e imensas emoções passaram pelos seus olhos.

Harry

Hazza. Hazza. Hazza...era assim que ele me chamava. Aliás, era assim que eles todos me chamavam. Ouvir isso da voz dela fez-me odia-la ainda mais, não porque ela estava a tentar ser simpática mas porque me fez recordar coisas que me intristecem.

Comecei a ver a visão turva e quando dei por mim já estava a chorar. Claire olhava-me com pena, odeio que tenham pena de mim. Aposto que mil e uma perguntas sem respostas passavam pela sua cabeça.

"Harry? Estás bem?"   Ignorei-a. "Desculpa, eu não sabia..."  Mas não há nada para saber.

Ela é tão inocente. Que raiva, só quero que me deixem sozinho, eu estava muito bem a ouvir a minha música no bar.

"Deixa-me estar no meu mundo sozinho, por favor." Eu meio que supliquei. Ela acentiu e sussurrou um adeus tristonho, deixando-me sozinho. Coloquei de novo os meus fones e comecei a ouvir  "Look after you" dos The Fray. Este intervalo de 10 minutos mais pareceram de 50 minutos. Nunca mais acabava, eu apenas queria ir para casa descansar, é pedir muito?

Claire

Não percebi nada. Nada mesmo. Desde o choro, às respostas secas dele. E aquela do "meu mundo sozinho" fez-me mais confusa. Qual era o mal de lhe chamar Hazza? A sério, não entendi nada.
Fui denovo ter com o Freddie e com a Koala. Ainda não vos contei nada sobre mim, mas bem aqui vai.

Eu e o meu grupo de amigos, Koala, Freddie, Chloe, Luke e mais uns quantos que não andam muito connosco, somos os populares da parte do secundário. Sinceramente já não me lembro como nos tornamos tão importantes mas toda a gente faz tudo o que nós queremos, deixam-nos sentar em mesas no refeitório quando não há mesas vazias, deixam-nos passar à frente nas filas, deixam-nos entrar primeiro na sala, acreditam que até nos dão as casas de banho caso tiverem todas ocupadas? Não entendo mas meio que gosto disso. Faz me sentir importante. No entanto,sinto que preciso de um amigo verdadeiro. Que não esteja comigo pelo aspecto, pelo dinheiro ou pela fama. Sei lá, alguém que me ouça. Costumo dar imensas festas em casa do meu pai pois ele nunca está lá, é piloto e viaja imenso, óbvio.
Ora, mais coisas para vos dizer...ah, estou solteira mas à uns meses andava numa espécie de amigos coloridos com o Freddie mas nada mais. Tenho mãe mas ela vive em Los Angeles e eu raramente vou lá, mas continuo a gostar imenso dela apenas prefiro viver "sozinha" na grande casa do meu pai.

Agora pergunta-me: se eu sou assim tão popular e posso ter todos os amigos que quero, porque fui ter com o Harry solitário?
Boa pergunta. Nem eu sei bem porquê, algo nele me atrai. Acho que apenas precisa de um amigo, sei lá. Ele é tão sombrio, tão fechado. Sim, eu sei que é apenas o primeiro dia de aulas mas.

Não fumo mas os meus amigos costumam fumar, já exprimentem mas não gostei. A minha melhor amiga é a Koala. E pronto, basicamente é: todos nos temem na escola como se fossemos criminosos ou reis, todos querem ser nossos amigos e entrar no nosso grupo, faço imensas festas e tenho uma atração pelo Harry solitário. E pronto.

"Em que pensas?" A voz da Koala interrompeu os meus pensamentos.

"Lembras-te daquele rapaz da secretaria? Aquele que disse que o horário era dele. Quando estavamos com a Chloe."  Fui acrescentando coisas para aquela cabeça de batata se lembrasse de coisas que aconteceram só há umas horas. Ela acenou que sim.

"Sim, o Harry."  Exato.

"Bem, eu fui falar com el..." Odeio que me interrompam.

"Porque raio foste falar com ele? Ele é estranhissimo. Com tantos rapazes giros à tua volta tinhas de ir falar com o mais larilas de todos?" Larilas? Ai koala, não dizes coisa com coisa.

"Koala, estás aqui para me ouvires ou?"

"Mas sim diz, o que é que ele tem?"

Expliquei-lhe a história do "Hazza" e isso tudo. Ela ficou a acha-lo ainda mais estranho, psicopata e bipolar. Ai, a koala e as suas descriminações.

Harry

As aulas finalmente acabaram. Não aguentava mais um minuto na escola. Aquilo do hazza estragou o meu dia.
Só hoje já fumei 2 cigarros, isto é horrivel, prometi a mim mesmo que não me iria viciar e olhem para mim. Sou um desgraçado. Não valho nada. Tenho necessidade daquilo. Daquilo que está ali em cima da minha estante. A lâmina.
Lá vou eu quebrar o meu recorde. Sou horrivel.

Levantei-me e dirigi-me ao lavatório da minha casa de banho. Ainda bem que a minha mãe não está em casa assim posso gritar e fazer o que bem me apetece.
"Mas Harry, tu conseguiste 1 semana." Aqueles anjinhos irritantes apareceram num dos meus ombros. "Não Harry, tu necessitas disso. Mas lembra-te, é só um. Nada de mais, meu querido amigo." Desta vez foi o diabinho minorca que apareceu no meu outro ombro. Só posso estar a ficar maluco! Afastei esses pensamentos e olhei-me ao espelho.

"Tens a certeza, Harry?" Fiz essa pergunta mil vezes. Não obtive nenhuma resposta. Apenas lágrimas a escorrerem pela minha cara. No que eu me tornei. Tudo só por causa daquele dia.

FlashBack:

"Vá lá, Hazza. Tens de fazer isso, senão morremos todos."

"Não consigo." Respondi.
 
FlashBackOff.

Deslizei pela casa de banho, sentando-me perto da banheira. Preciso de um banho para os demónios irem embora. As vozes irritantes na minha cabeça. Os gritos que nunca mais acabam. Imagens horrorosas. Estava a tremer por todo o lado.

Descalcei as minhas converse, retirei a minha camisola e entrei dentro da banheira. Fiquei apenas de calças. Sentei-me na banheira e liguei a água no chuveiro. Ela batia fortemente nas minhas costas, fria. Eu apenas chorava e lamentava o porquê de isto tudo ter acontecido. O porquê de isto tudo não ir embora. Porquê?

"Gosto de chorar ao pé do mar, porque lá as minhas lágrimas são pequenas" Não há mar, mas há chuveiro. Envolvi os meus joelhos nos meus braços e pousei a cabeça nos joelhos, choramingando como uma menina. Sou tão maricas. Sou tão sensível.
"Pois és, Harry. Podias ser mais forte mas não, tens de recorrer ao suícidio." Uma das vozinhas irritantes soou na minha cabeça. Outch. Eu por um lado só quero morrer, para acabar com a dor, solidão e sofrimento mas por outro, eu iria deixar a minha mãe sozinha, ia ser um egoísta. Eu sou uma merda.

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