sad and lonely.

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"Harry, abre a merda da porta!"  Desejo mentalmente para que a Soph não esteja em casa, ia ser um bocado mau demais.

"Claire?"  Um Harry de pijama abre-me a porta e rapidamente dou pequenos passos para ficar mais perto dele. Começo a dar-lhe empurrões e pequenos murros no seu peito, mesmo sabendo que não lhe dói. Estou fraca, as lágrimas continuam a rolar pelas minhas bochechas e quero gritar com o Harry.

"Claire, que se passa?"  Ele volta a perguntar. 

"Fodasse, Harry! Quando finalmente pensei que irias confiar me mim, mentiste-me." Acalmo-me olhando no verde dos seus olhos. "Eu sei que isto é mentira, porra. Isto não existe."  Ele arregala os olhos com uma cara indignada.

"Como assim isto não existe? Tás a dizer que tudo o que eu escrevi nessa carta..é-é mentira?"  A sua voz também parece fraca e pela primeira vez, nos 17 anos da minha vida, eu vou ver um rapaz a chorar à minha frente? 

"Eu sei que mentiste. Estavas à espera que acreditasse numa merda destas? Oh harry." a minha voz soa irónica. 

"O quê?"  Ele dá um passo na minha direção e consigo senti-lo irritado. "Claire, porra, eu contei-te tudo! Eu abri-me para ti e tu agoras estás a dizer que tudo o que eu te contei é mentira? Fodasse, porque é que ninguém acredita? Argh."  Ele bate com o seu punho forte na parede e até sinto a dor. 

"Eu sei que é mentira, Harry. Isto não acontece na vida real ok? Abre os olhos e encara a realidade, pára de te fechar para o mundo! Isto, não, acontece, na, vida, real." Digo palavra a palavra enquanto rasgo a carta à sua frente. Porque é que ele teve de me mentir? Eu acho que foi tempo gasto por ele. Já chega, estou farta de tentar ajudá-lo para ser tratada assim, como lixo. Não é só ele que tem sentimentos.

"Claire.."  Ele começa a chorar e cai no chão, tapando a cara com as suas mãos. Ele treme por todo o lado e os seus ombros acompanham o seu choro. 

"Harry, eu estou farta. Eu tentei ajudar-te e tu fizeste isto, esquece que eu tentei alguma vez ajudar-te."  Foi duloroso para mim dizer-lhe isto, mas é melhor afastar-me e pensar que ele nunca existiu. Foram semanas e dias que vão ser esquecidos, uma amizade para ser esquecida? Acho que essa amizade nunca começou, acho que ele esteve a brincar comigo este tempo todo. Sinto-me uma idiota. 

Dou passos lentos até chegar novamente ao jardim da frente da sua casa. Olho mais uma vez para trás e o Harry está ainda a chorar no chão. Neste momento eu odeio-o, odeio-o mas adoro-o. Eu não sei, mas odeio a maneira como ele me está a fazer sentir. Porra, fui tão estúpida.

Harry

"Harry, eu estou farta. Eu tentei ajudar-te e tu fizeste isto, esquece que eu tentei alguma vez ajudar-te."  Outch. Eu não a quero esquecer, não quero. Porque é que ninguém acredita em mim? 

Eu disse que não queria ter mais amigos, que queria estar no meu mundo sozinho, rodeado dos meus pensamentos suicídas e da minha música. Era pedir muito? Eu acho que não. Se ela quer que eu me afaste, ok eu afasto-me. Todos o fizeram, eu sabia que ela ia fazer o mesmo. Apenas pensei que ela fosse diferente. 

Assim que a vejo sair do pequeno jardim, fungo o nariz e corro até ao meu quarto sem antes fechar a porta. 

Salto para a cama e as lágrimas saiem como chuva. Encharco a almofada toda mas isso é o que menos me importa. Ainda bem que a minha mãe não está cá. 

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Acordo mal-disposto, esfrego os olhos e lembro-me do que aconteceu à umas horas atrás. Estou-me a mentalizar que já não tenho mais ninguém do meu lado. Estou sozinho novamente, até acho que sempre estive e sempre vou estar. Todos aqueles que amo afastaram-se e deixaram-me. Eu estou tão triste, arrependido, irritado, frustado, só quero desaparecer. E nunca mais voltar. 

young suicide.Onde histórias criam vida. Descubra agora