the end is coming.

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"Tudo bem." Ele murmura. Tenho a impressão que ele ficou triste, mas quem sou eu para decifrar os sentimentos do Harry?

O toque soa e os alunos apressam-se a entrar nas respectivas salas, assim como eu.

Sento-me na mesa do canto e o Harry senta-se na primeira fila, exatamente no lugar oposto do meu. Estou tão cansada das minhas confusões com o Harry, porque é que temos de tornar isto tudo uma confusão? Porque é que não pode ser simples? Talvez a vida seja curta demais para ser simples mas isto é demais.

Esta vai ser daquelas aulas em que não vou estar atenta, em que vou pensar em tudo menos no que o professor diz. Coloco os fones no telemóvel e ponho um dentro da manga, de maneira a ficar na palma da minha mão mas escondido. Ponho o meu cotovelo em cima da mesa e encosto a minha cabeça à minha mão. E é assim que eu vou ouvir música sem o professor perceber. O meu olhar fixa-se no do professor e finjo-me interessada na aula enquanto ouço a minha música.

Harry

Consigo sentir o meu telemóvel a vibrar no meu bolso. Recebi uma mensagem.

Porque raio é que me fui sentar na primeira fila? Se eu tivesse lá atrás podia tirar o telemóvel discretamente e poderia ver a mensagem. Provavelmente é da minha mãe portanto.

Estou tão desinteressado nesta aula, por mim até já estava a dormir. Tornei-me tão desinteressado. Odeio a escola, odeio a minha casa, odeio a minha cidade, odeio o meu país, odeio o mundo. Odeio tudo e todos. Mas não tenho motivos nenhuns para isso. Estou tão farto desta rotina, deprimir, chorar, dormir. A melhor parte talvez seja o dormir, porque eu estou desligado dos meus pensamentos, sonho em coisas que nunca vão acontecer.

Aproveito para ver a mensagem pois o professor está a escrever no quadro.

"Precisamos de nos encontrar, isto está tudo um mal entendido. Desculpa só dizer-te algo agora mas não tem dado.

Eu estou aqui,

                              - Damian"

Dá para parar um segundo? Sei lá, fazer um stop na minha vida?

Por favor, Harry, não chores. Não aqui nem agora. Estou a perder a minha respiração. Tenho de ir apanhar ar.

"Professor?" Digo. Consigo sentir os olhares nojentos dos meus colegas de turma, eu só estou a falar com o professor qual é o interesse?

"Diz, Harry." Ele pousa a caneta do quadro na sua secretária e senta-se na cadeira que está junta da mesma.

"Preciso de...posso ir à casa de banho?" Pergunto a medo.

"Podes, mas tens 1 minuto." Ele responde e eu apresso-me a sair da sala. Não aguento mais aqui dentro. Discretamente levo o meu maço de cigarros, estou tão nervoso, preciso de um cigarro urgentemente isso vai-me fazer acalmar.

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Tenho a certeza que já estou fora da sala à uns 15 minutos mas ainda não consegui parar o choro. As imagens todas apareceram outra vez na minha mente e isto está-se a tornar sufocante. Não estou a conseguir respirar.

Corro para a casa de banho e fecho-me numa das cabines. É aqui e agora. Vai ser hoje, eu tenho a certeza.

Não. Não não. Sabem do que eu preciso mesmo? Bebidas, isso mesmo. Eu preciso de beber. Beber até cair. E depois drogar-me com comprimidos, engolir tantos que acabo morto. Uma morte rápida e sem dor. Fácil e eficaz não acham? É , eu também acho.

Saio da escola e vou directo a uma farmácia.

"Preciso de calmantes." Digo. Pareço calmo, mas não estou.(eu não tenho a certeza se os calmantes dão para overdose mas whatever.)

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