The truth.

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Harry

Corro sem parar, eu não sei para onde estou a ir mas eu só me quero afastar de tudo por uns tempos. 
A minha respiração está ofegante e já estou quase sem forças, acho que nunca corri tanto na minha vida. Apoio as minhas mãos nos joelhos enquanto tento recuperar a minha respiração. Estou novamente na estação de comboios, e acho que é desta que vou fugir para bem longe. Eu só preciso de ver coisas novas, distrair-me por um bocado.
Eu sei que estou a ser egoísta, gritei no espetáculo da Claire e ainda fugi. Eu pedia vezes sem conta para acabar com tudo isto, e apenas saber a verdade, e aqui estou eu. A fugir ao Louis e à Damian. Isto não é normal, tornei-me demasiado medricas. Fico com medo de tudo. Isto não pode continuar assim. 

Assim que a minha vez chega na bilheteira dou meia volta. Já anoiteceu e eu espero que a Claire esteja em casa. Tenho de parar de fugir e depois ir ter com ela pedir-lhe desculpas. Ela já deve estar farta e eu sei que ela vai desistir de mim, como todos o fizeram. Eu gosto dela, eu realmente gosto dela. E não iria aguentar se ela me deixasse também.

"Claire?" Grito assim que bato pela quinta vez na porta do quarto da Claire. A mãe dela deixou-me entrar, calculo que a Claire não lhe tenha dito nada.

"Vai-te embora, Harry."  Ela finalmente fala.

"Posso explicar?"  Suplico.

"Não. Tu nunca te explicas."  Ela atira.

"Deixa-me entrar, Claire."  peço. "Eu estou arrependido, eu não te queria estragar o espetáculo." 

"Não querias, mas estragaste."  Ela choraminga e eu bato com a cabeça na porta. Fico com a testa encostada à porta a pensar no que vou dizer a seguir.

"Claire?"  chamo por ela mais uma vez.

"Hm."  É a única resposta que obtenho.

"Posso entrar? Preciso de te ver."  Eu preciso mesmo. Não sei o que se passa comigo, mas eu preciso mesmo de ver como ela está. Abraçar-lhe e pedir-lhe desculpa.

"Quem é o Louis?"  Ela pergunta através da porta branca.

"Eu..eu não sei se-"  

"Harry, quem é o Louis?"  Ela volta a repetir, mas desta vez com a voz mais autoritária.

"Claire, não me perguntes isso."  Respondo irritado. Eu não quero falar sobre ele.

"Ou me explicas tudo de uma vez ou esquece, estou farta destes mistérios todos." Ela desabafa.

"Mas eu não consigo."  Um silêncio instala-se e eu acho que é a hora de me ir embora e esquecer que tudo isto aconteceu.

"Desculpa Claire, eu não queria que isto fosse assim."  Digo. Saio de casa dela, sem me despedir da Dalile. 

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"Harry?" A minha mãe chama por mim mal entro em casa. Volto a pôr as chaves dentro do meu bolso e dirijo-me ao meu quarto, abrindo a porta e batendo com força.

"Harry, a Dalile contou-me."  Eu já estava à espera de ouvir isto. "Abre a porta, não gosto de portas trancadas cá em casa."  Vou buscar a minha velha eastpack ao armário e encho-a com alguma roupa, dinheiro e as minhas coisas de higiene. Visto um casaco quente e visto o meu gorro preto cobrindo o máximo da minha cabeça. Coloco umas luvas igualmente pretas. Ponho a mochila às costas e destranco a porta. A minha mãe está com as sobrancelhas zangadas e a bater com o pé no chão.

young suicide.Onde histórias criam vida. Descubra agora