it's time to say goodbye?

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Nada me corre bem. Estou cheio de dores em todo o lado e não me apetece ir à escola, parece que vou faltar.

Visto-me a minha roupa mais simples, camisola cinzenta com calças pretas e converse. Coloco o meu velho gorro e saiu de casa fingindo que vou para as aulas. No caminho para a escola desvio para um jardim e parece que vou ficar aqui a tarde.

Sento-me num banco e aprecio a vista, vejo as crianças felizes sem aulas a brincar num parque. Ao longe consigo ver uma rapariga a fumar, até que é gira e desperta-me a atenção. Ela olha para mim e sorri. Não é por nada mas acho que ela se está a dirigir para aqui.

"Cath, prazer." Ela apresenta-se e dá-me um cigarro. Como é que ela sabe que eu fumo?

"Harry, o prazer é todo meu."  Apresento-me também. Peço-lhe o isqueiro e acendo o meu cigarro, odeio fumar demanhã mas posso fazer um esforço.

"Então, Harry, não tens aulas?" Ela pergunta-me. Os seus olhos são verdes e o seu cabelo é castanho mas ela pintou-o de ruivo. É muito magra, aliás magrissima.

"Ter tenho, mas não quero ir. E tu, Cath?"

"Estou na mesma situação." Ela diz e os nós os dois esboçamos um sorriso. Desvio o olhar de novo para o parque.

"Idade?" Pergunto.

"13." Engasgo-me com a sua resposta. 13 anos? Não parece nada.

"Passa-se alguma coisa?" Ela parece ter ficado chateada. Mas 13 anos, f-se. E já fuma? E já falta às aulas? O seu futuro vai ser uma bela merda. Oh, cala-te, o teu também. Pois,realmente.

"Nada, eu tenho 17 anos." Olho de novo para ela. Ela é um esqueleto, credo. Consigo ver os seus ossos a sobressair da sua t-shirt, isso faz-me estremecer.

"Sofro de anorexia."  Parece que ela lê os meus pensamentos. Fico com pena dela, ela é linda não precisava de emagrecer.

"És linda." Sem dar por mim já tinha dito isso e um sorriso perfeito forma-se na sua cara.

"Pena que este seja o meu último dia." O quê? Sem dar por isso ela tira uma arma e aponta para a sua cabeça.

"CATH, PÁRA" Grito tentando-lhe tirar a arma. Ela consegue levantar-se e pede-me para ficar quieto se não dispara para os dois. É maluca.

"Pára...por favor..." Choramingo. Eu não quero ver mais pessoas a morrer à minha fren...tarde demais. Consigo ver a sua cabeça a rebentar, essa imagem dá cabo de mim. Porquê? Porque é que temos de recorrer todos ao suícidio? Eu também devia fazer o que ela fez. Eu também devia morrer. Porquê ela e não eu? Porquê os meus amigos e não eu? Porquê toda a gente e não eu? É de vez. Eu não vou conseguir aguentar com mais uma imagem de uma pessoa a morrer à minha frente, não vou.

Todas as crianças do parque desapareceram , com medo suponho. Algumas pessoas que viram o que eu vi juntam-se ao corpo da Cath já sem vida. Eu levanto-me e junto-me à multidão. Imensas pessoas com caras de pânico estão junto a ela. A ambulância já chegou e os médicos levam o corpo da Cath para dentro. Estou pronto para ir embora. É hoje que também desapareço.

Começo uma caminhada sem destino. Todas as memórias deste ano aparecem à minha frente e insistem ficar. Por favor, desapareçam.

Começo a gritar deixando toda a gente à minha volta a achar que sou um maluco. Deixo-me cair no chão frio e envolvo a cabeça com as minhas mãos, as lágrimas caiem sem parar. Eu não consigo. Eu sou fraco. Chorar já se tornou rotina.

young suicide.Onde histórias criam vida. Descubra agora