Dezesseis

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Por Fernanda

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Cheguei da escola por volta das 14h00, fiz o que eu tinha pra fazer e me deitei para dormir um pouco. Acordei as 18h00, Cássia e meu pai ainda não tinham chegado, desce as escada e estava tudo escuro, me joguei no sofá e fiquei ali pensando em tudo que eu tinha dito para Ellen e no beijo que eu havia dado na Juliana.

Meu pai entrou ligando as luzes e me tirando totalmente da minha bagunça particular.

- O que está fazendo ai no escuro? - Meu pai pergunta.
- Só pensando. - digo.

- Ainda sobre aquela história? - ele pergunta se sentando ao meu lado.

- Sim!

- E você conseguiu resolver?

- Eu compliquei ainda mais.

- Como assim?

- Hoje a garota que eu te falei me beijou e a Ellen viu.

- Como assim a Ellen viu? - Ele pergunta - Você não estava na escola?

- Sim... Bom, a Ellen disse que passou aqui pra falar comigo e como eu não estava por que decidi ir para escola mais cedo, então ela decidiu ir até lá.

- Essa menina não faz nada da vida dela não?

- Faz pai. - falo passando a mão no cabelo.

- Ela não poderia te esperar chegar da escola, pra poder conversar com você?

- Sabe como ela é, né?! - digo - Então deixa eu terminar de falar. Posso?

- Pode.

- Pois bem, quando deu a hora do intervalo, eu fui com um amigo na cantina e ela estava la.

- Dentro da escola? - Ele pergunta.

- Sim... Eu fui falar com ela. Ai ela começou a fazer um escândalo, levei ela pra um local reservado e contei tudo pra ela, e disse que eu não tinha me arrependido de ter feito o que eu fiz. Ela me deu um tapa e arranhou meu braço - mostro os arranhões para ele - E então ela disse que não quer me ver tão cedo.

- E como você está se sentindo com tudo isso?

- Mal - sorri - Eu tenho que conversar com ela,  nós precisamos resolver isso.

- Você quer voltar?

- Eu amo aquela maluca...

- Você ama? Ama mesmo?

- Eu acho que sim.

- Achar não é ter certeza. - meu pai não gostava das atitudes da Ellen,  ele achava que era muito exagero tudo que ela fazia - Deixa as coisas esfriarem, deixa ela se acalmar pra vocês terem essa conversa.

- Tá.

- Agora me diz, e a outra garota? - Ele pergunta.

- A Juliana... É meio complicado, eu acho que estou me apaixonando por alguém que eu conheço apenas três dias. - digo - Isso é possivel?

- Essas coisas acontecem.

- Eu tenho medo!

- Medo de que filha?

- Medo de estar apaixonada por uma garota que conheci a três dias atrás, medo de que a Ellen faça alguma idiotice, medo que ela sofra ainda mais... Tenho medo do que esta por vim, Pai.

- Seja lá qual for a sua escolha, eu vou te apoiar sempre. Só não nas drogas, prostituição, roubos e assassinatos, isso não. - Ele diz me fazendo rir.

- OOOH Pai, isso é sério.

- Isso também é... Enfim, eu só não quero te ver triste.

- Tudo bem pai. - digo dando-lhe um abraço - Obrigado por estar aqui.

- Sempre filha, o papai te ama.

- E eu amo você .

Era tão bom conversar com o meu pai, ele sabia me ouvir e mesmo que a situação tivesse complicada ele encarava com um sorriso no rosto. Era muito raro vê-lo triste, até mesmo quando minha mãe foi embora. Eu me lembro de nunca ter visto ele derramar uma lágrima, mas sei que ele sofreu muito quando ela nos deixou. Ela nos deixou quando eramos pequenas ainda e eu criei uma magoada dela, quase nunca eu sentia a sua falta. Eu agradece tanto ao meu pai, ele nunca nos deixou faltar nada, sempre nos deu do bom e do melhor na medida do possível. Eu o admirava muito, amava de mais aquele cara.

- Bom,  e sua irmã já chegou? - Ele pergunta.

- Acabei de chegar. - Cass diz ao entrar.

- Por que demorou? - Meu pai pergunta.

- Me distrai conversando com as meninas.

- Sei. -  digo encarando ela - Bom,  vou para o meu quarto tomar um banho e tentar esquecer essa história por um tempo. Depois conversamos pai.

- Que história? - Cass pergunta.

- Claro, filha.

- Fê ainda é sobre a tal Juliana? - Ela pergunta, mais eu não respondo - O quê?! Tão de segredinhos agora?

- Depois vocês conversam filha, deixa sua irmã um pouco sozinha.

- Tá, mas eu vou querer saber. - Ela diz fazendo cara de brava.

- Eu sei disso. - digo indo para o quarto.

- É sério. Eu vou querer saber mesmo. - Ela grita.
Sorri.

Fui para o quarto deixando os dois na sala conversando. Pela primeira vez em muito tempo, eu desejei que a mulher que nos abandonou anos atrás estivesse ali. Queria sentir o abraço da minha mãe e ouvir ela dizer que tudo aquilo iria passar.
Eu já não lembrava mais da sua fisionomia, quando ela nos deixou eu tinha apenas 5 anos e a Cassia 3 anos. Sem motivos nenhum, apenas foi embora. Por um tempo me neguei a sentir falta dela, até hoje.
Comecei a tirar minha roupa e as joguei em cima da cama, eu precisava de um banho, um longo banho, pra tentar esfriar minhas idéias.

A Ellen tinha razão em ficar com raiva de mim, eu não deveria ter traído ela em hipótese alguma, mas quando se trata da Juliana sei lá, é diferente. Ela me deixa a vontade. E o fato de saber que eu também mexo muito com ela é bom, independente das situações.
Entro em baixo do chuveiro e fico sentindo a água fria correr pelo meu corpo. Minutos depois saio do banheiro e volto para o quarto, coloco uma roupa folgada e me jogo na cama, pegando meu celular em seguida. Abro uma das minhas redes sociais e vejo uma postagem da Ellen, "Como podemos nos decepcionar tanto, com alguém que a gente tanto ama? Mas, é como dizem por ai né : O amor é um sentimento abstrato, você nunca vai saber de verdade o que a outra pessoa senti."

Sai da rede social e logo em seguida mandei uma mensagem pra ela.

Fernanda: Me desculpe pelas palavras, sei que devia tê-las usado de uma outra maneira, mas queria ser a mais sincera com você possível, e desculpa também por ter sido tão covarde e não ter contado antes pra você sobre o que eu havia feito e desculpa se te magoei, mas queiro que saiba quê o que eu sinto por você não foi uma mentira, Eu te amo de verdade Ellen.

Logo depois chega uma mensagem dela.

Ellen: Vai se fuder, Fernanda.

Resolvi não responder com mensagem,  e sim por ligação mas a mesma não atendeu nenhuma delas. Ignorou todas as quatros ligações que eu havia feito. Resolvi desistir, já que não daria em nada mesmo. Joguei o celular de lado e fiquei pensando sobre como arrumaria toda aquela confusão.

Sinto meu celular vibrar, e tinha uma mensagem, me surpreende ao ver de quem era.

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