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| Andrew Brown

O Aeroporto Internacional de São Francisco estava deserto para uma manhã de domingo. A fila do check-in andou rapidamente e a mala de Erik foi entregue. Ele estava parecendo um garotinho que ganhou o carrinho que tanto queria de presente. Todos tinham um fascínio pela Cidade de Nova York, e eu não poderia ir contra, a cidade tinha seus encantos. E quem sabe, no futuro, eu dê as caras por lá. Agora pareço menininho que vai sentir falta da mãe no seu primeiro dia de aula. Sou patético.

— Ainda bem que não tinha fila. — Erik olha seu relógio de pulso — Tenho que embarcar.

Agora é o momento difícil. Posso ter acabado de reclamar sobre ser um garotinho, mas não posso negar que sentirei falta desse cara. Erik é a única pessoa que nunca saiu de perto de mim, sempre fomos inseparáveis, o máximo que ficamos separados foram singelo dois meses, e por causa do cabeça dura do meu pai, que me impediu de viajar de férias com Erik e a família. Resultado, fiquei em casa observando a parede azul escuro do meu quarto, enquanto meu pai trabalhava dia e noite.

— Melhor não agirmos como dois garotinhos — Erik diz dando uma risada sem graça.

— Estava pensando nisso agora a pouco.

Nos abraçamos sem um pingo de vergonha. Houve um momento que nossos olhos ficaram úmidos, acabei fazendo com que Erik me prometesse uma visita em breve, e ele me forçou a fazer a mesma promessa. Sentirei muita falta desse cara.

— Não deixe White acabar com você.

A menção do nome dela faz com que meu coração dê um salto no peito. Passei a semana inteira tendo sonhos estranhos com olhos verdes como a campina, não conseguia ver o rosto ou os cabelos, porém tinha certeza que era Annie White perturbando minhas noites.

— Vou fazer o possível. — Batemos nas costas um do outro e nos afastamos, Erik corre para o local de embarque, e fiz questão de não acompanha-lo.

O caminho de volta para casa é tranquilo apesar de ser um final de semana. Quando chego a portaria do meu prédio cumprimento Frank – o porteiro –, pego o elevador que acabou de abrir com uma família saindo preparada para ir a praia. Assim que abro a porta do apartamento me jogo em cima do sofá. Após uma semana cansativa, ajudando Erik com os arquivos do caso que eu e agente White iriamos trabalhar. Ainda fui obrigado a ir para uma boate na noite anterior, curtir uma noite ao lado do meu melhor amigo. Não pude recusar. No final das contas, Erik voltou para casa com duas mulheres, enquanto eu não tirava os lábios da senhorita White da minha cabeça. Estava começando a achar que isso estava se tornando uma obsessão.

Quando estava quase cochilando o ruído da maldita campanhia soou em meus me fazendo rugir. Quem em sã consciência, oito horas da manhã de um domingo, estaría tocando a maldita campanhia? Não havia ninguém além de Erik para me importunar, qualquer dia ou qualquer hora do dia, mas meu amigo havia acabado de entrar em um avião para o outro lado do país.

Me levantei e caminhei até a porta pisando duro. Assim que abri a porta engasguei com minha própria saliva. Annie White estava bem a minha frente com uma mochila nas costas e um sorriso profissional. O que diabos ela estava fazendo aqui? Antes de pronunciar a pergunta, White entrou no apartamento sem ao menos pedir licença. Não gostei disso. Ela pode ter um rostinho bonito, que acabou me perturbando, mas quando invade minha privacidade a coisa muda de figura.

— O que faz aqui? — Não consigo controlar a irritação em minha voz.

— Trabalho — diz como se fosse algo normal.

Incógnitas | Antes de Tudo, Parte 1 | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora