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|Andrew Brown

A permissão da viagem para a Holanda foi a jato, duas semanas depois da minha suposição do centro do tráfico. E nesse momento White estava discutindo com a recepcionista por causa dos nossos quartos, pelo que parece o turismo por aqui é denso, então deveríamos ter reservado os quartos antes de viajar.

White sai bufando do balcão, mas logo dá um sorriso de gato quando olha para mim. Após o meu momento constrangedor, White se soltou mais, ela não se importava de falar sobre seu ódio por cafetões e que por ela todos eles teriam uma morte longa. Porém, como uma boa profissional só poderia captura-los.

— Consegui. — Sorrio — Mas apenas um quarto.

Meu sorriso se desmancha de imediato, mas seu sorriso continua intacto.

— Vamos lá, Drew. — Ela pega minha mão e me puxa pelo hall do hotel até os elevadores — Não fique desanimado, podemos revezar a cama.

Claro.

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Tinha dois dias que estávamos analisando plantas e mais plantas do local que iríamos invadir. De acordo com alguns agentes, que vieram na manhã anterior, o local tinha o comércio ativo de prostituição, no entanto, não havia nenhuma informação sobre o chefe.

— Annie — chamei-a. — Sabe que o chefe pode não estar lá, ele pode ter ido embora, eles não podem ficar no mesmo lugar se não daria muito na vista.

— Eu sei — disse tranquilamente, enquanto, fechava seu laptop e tomava uma xícara de chocolate quente.

— Então, por que essa vontade insana de vir até aqui?

— Há garotas sendo obrigadas a se prostituir, garotas como a minha irmã. Elas vieram até aqui por uma vida melhor, mas tudo que tiveram foi desgraça e humilhação. Quero salvar todas elas, não importa quem é o chefe, sei que quando pegarmos ele uma grande parcela desse mercado vai acabar, contudo, quanto mais meninas salvarmos melhor.

Eu a entendia. Para Annie, todas as garotas salvas seriam como a sua irmã, mesmo que no final não fosse ela verdadeiramente, mas a essência estaria ali. Garotas que foram enganadas e usadas até que não suportassem mais, elas seriam salvas por causa do senso de justiça e a força de vontade de Annie.

Pego meu copo de whiskey e observo o líquido âmbar. Meu coração está saltando no meu peito, a bebida me fazendo compreender o que estava acontecendo. Cada palavra que saia da boca de Annie White, me fazia me encantar ainda mais pela mulher que ela é. Eu sei que estou correndo o grande risco de acabar me apaixonando por minha parceira, porém, é involuntário.

Passamos o dia inteiro planejando como seria a invasão no dia seguinte e tudo parecia em ordem, colocaríamos todos a par do plano logo pela manhã e a tarde começaria o trabalho pesado. Hoje era meu dia de dormir no chão, entretanto, tudo que queria era está ao lado de Annie. Revirei no colchão improvisado diversas vezes até encontrar uma boa posição, dez minutos depois escutei um choro. Não era alo escandaloso, mas suficientemente dolorosa para que fizesse meu coração doer. Meu primeiro pensamente era que estava sonhando ou tendo um pesadelos com crianças sendo assassinadas, mas tudo era real, Annie estava chorando.

Ergui o corpo e encarei o indivíduo em posição fetal sobre a cama, levantei devagar e segui para o lado oposto da cama, me deitei ao seu lado enquanto ela dava um salto.

— Pensei que estivesse dormindo — sussurrou, no momento em que secava as lágrimas de seu rosto.

— Não consegui dormir. — Encarei seus olhos vermelhos e rosto inchado, ela devia estar chorando a horas — Por que está chorando?

Incógnitas | Antes de Tudo, Parte 1 | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora