Castiel estava cansado de ser tratado como alguém diferente em todo canto que ia. Fora ele mesmo, nunca tinha visto um híbrido para, ao menos, compartilhar a dor. O moreno pensava nisso enquanto fugia de casa pela janela do quarto. Pelo menos havia nesse mundo um lugar que ele gostava de ficar: o beco perto de sua casa. Lá, ficavam seus verdadeiros amigos, aqueles que lhe entendiam bem.
Os gatos de lá, sempre que viam Castiel, iam correndo para seus braços, se entrelaçavam em seus braços e pernas, e lambiam sua cauda. Era esse tipo de carinho que Cas buscava para si, de seus familiares no mínimo.
Enquanto acariciava dois gatos em seu colo, pensava em como os humanos são felizes de sua perspectiva. Castiel queria isso, queria ser um humano. Seria impossível? Talvez, quando fosse arrancar suas unhas, devesse arrancar logo tudo que os humanos repudiavam em si. E com esses pensamentos, ele adormeceu ali mesmo.
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Chuck se sentia mal pelo filho. Não queria ter que arrancar as garras de Castiel, mas era preciso, e não ia voltar atrás com isso. Na primeira que ocorreu este mesmo acidente, um professor foi a "vítima", o motivo, Castiel se recusava a contar.
Tinha ameaçado de arrancar suas garras desde o ocorrido, então nunca mais aconteceu. Até agora.
- Pai? – Gabriel chegou de mansinho. Estava preocupado com ambos, mas seu pai estava mais perto, então iria ver Castiel depois. – O que foi tudo isso?
- ...
- Pai...
- Não é nada, filho. É só que...- Chuck estava escolhendo suas palavras.
- Pode falar pai. – Nesse momento chegam Lucifer e Miguel.
- Não finja que não sabe Gabriel, e você, Chuck, não precisa esconder nada. Nós já sabemos o que pretende fazer com nosso irmão. – Fala Lucifer com raiva. Miguel concorda.
- Entendam que é o melhor a se fazer. – Fala o pai decidido. – Sem garras ele não fere ninguém. Não é simples?
- Não! – Exclama Gabriel com raiva, assustando todos ali. – Isso seria nega-lo por algo que ele é, você tiraria as orelhas dele fora também?
- Claro que não! Ponha na sua cabeça que Castiel não pode e não deve ser tratado como um humano, e fim de papo!
- Já chega, eu vou pro meu quarto. – Fala Lucifer, não aguentando mais aquela discursão sem sentido. Gabriel que gostava muito do irmão híbrido, ficou abalado com o que seu pai dissera e sai correndo dali. Miguel olha triste para Chuck e se retira da cozinha, deixando o homem sozinho com seus próprios pensamentos.
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Cas acorda com vários gatos miando mesmo tempo e uma incrível dor nas costas. Ele percebeu que havia dormido a noite toda naquele beco sujo na mesma posição, porém não sentiu frio por conta dos gatos que o abraçavam.
Se despedindo de seus amigos, Cas viu que ainda estava cedo demais e que sua família provavelmente estaria dormindo.
Correu agilmente até sua casa e escalou até a janela de seu quarto e abriu a janela cuidadosamente para não fazer barulho e acabar denunciando sua saída. Observou ao redor e viu que nada estava desarrumado.
"Ainda bem que tranquei a porta..."
Olhou no despertador e viu que ainda era 5:30, e só tocava de 6 horas. Decidiu que como não estava com sono, iria se arrumar logo. Pegou sua toalha e foi direto para o chuveiro. Enquanto tirava suas roupas, pensava na discursão que tivera com seu pai na noite passada. Talvez ele tivesse razão, suas garras eram só mais um item para sua lista de coisas que o faziam ser a aberração ali. Pensou em Dean e Sam, em como eles foram seus amigos o acolhendo sem se incomodar com suas diferenças e o dando uma carona até em casa. Pensou também em Charlie e Anna. Não tinha visto as duas ainda, e isso o incomodava muito. Talvez já era tempo para ter um celular e poder se comunicar com elas.
Percebeu que já tinha passado tempo demais no banho quando ouviu o despertador tocar. Castiel sai depressa do box pegando sua toalha e se cobrindo, quase se matando ali mesmo com um escorregão. Desliga o despertador e põe uma calça jeans preta, uma blusa branca e um casaco azul escuro. Bota os tênis e sai para a cozinha, temendo encontrar alguém ali. Não queria ser alvo de pena, muito menos responder perguntas. Então pega uma maçã e duas bananas, um livro e sai para a escola.
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Chegando lá, a escola parece um deserto. Apenas algumas pessoas que lá trabalhavam tinham chegado. Parece que já tinha adivinhado aquilo. Sentou um banco meio afastado e pegou seu livro para passar o tempo.
Uma longa hora depois, quando já tinha trocado de posições muitas vezes, sentiu uma presença atrás de si e seu corpo se arrepiou todo ao sentir aquele cheiro. Dean.
- Eaí Cas! Cê' tá legal? Parece meio cansado. – Diz Dean se sentado ao lado dele e o abraçando pelos ombros como de costume. Castiel se encolhia tanto que era engraçado.
- Eu to bem, obrigado Dean. – Diz meio tímido ainda. Só era acostumado a falar com suas duas amigas. E falando nelas...
- CASTIEL! – Charlie e Anna se jogam em Cas praticamente expulsando Dean do banco.
- Que saudades, Cassieee! – Diz Anna enxugando suas "lágrimas". Castiel se espanta.
- Pensei que tinha nos abandonado! – fala Charlie fingindo estar magoada. Talvez ela estivesse um pouco mesmo.
- Garotas! Eu não quis fazer isso, juro! Vocês que me abandonaram! – Diz se juntando à elas na choradeira. Dean só observa tudo com uma pitada de raiva no olhar. Ainda iria se ver com aquelas metidas...
- Bom, nos apresente seu novo "amiguinho", Castiel! – Charlie fala o cutucando e olhando com uma cara maliciosa. – Vi que já estavam até abraçadinhos.
Castiel se avermelha e se embola nas palavras, mas consegue soltar uma frase.
- B-bem... este é Dean Winchester, Dean, essas são Charlie e Anna Bradbury.
- Prazer Dean! Sinto que nos conhecemos mal. Espero que sejamos BFF's! – Diz Charlie com um sorriso gigante. Anna mais uma vez concorda. Ela não é de falar muito, Dean concluiu.
- Prazer. – Diz ele com um sorriso pequeno.
"Talvez não sejam tão ruins afinal de contas."
- Cadê aquele seu irmão, o Sam? – Pergunta Anna.
- Ah, o Sam? Bem... Ele ficou em casa. – diz o loiro meio nervoso, mas só Anna percebe.
O sinal toca e eles vão para suas respectivas salas. Charlie e Anna se despedem de Castiel e o mesmo se lembra que não contou a elas sobre a decisão de seu pai. Talvez devesse contar quando estivessem a sós, se sentiria meio humilhado se contasse na frente de seu mais novo amigo.
Castiel já entra na sala recebendo várias bolas de papel na cara, ele se esquiva rapidamente de algumas e vai rápido se sentar em seu lugar. Dean decide se sentar na frente do moreno, como no dia anterior antes que a professora chegasse. O loiro dá um sorriso pra Castiel que sorri de volta e um professor entra na sala já mandando todos se ajeitarem, pois as aulas iriam começar.
Desligado como estava naquela aula chata, nem se deu conta de quando o loiro à sua frente tocou em seu ombro com a mão e deu um pulo praticamente derrubando tudo na mesa, atraindo olhares curiosos.
- Ei cara, desculpa, não queria te assustar. – Diz Dean meio envergonhado.
- Ah, não foi nada, eu só estava meio... viajando mesmo. – Castiel se explica. – O que foi?
- Oh, sim. Eu ia perguntar, na minha casa ou na sua?
- Que? Como assim? – Diz Cas meio surpreso.
- O trabalho em dupla, Cas! Sinceramente, o que estava se passando nessa sua cabecinha que voou longe assim a aula toda? Diz o outro praticamente rindo da cara do moreno.
- Hum, eu não sei. Não sei nem em que aula estamos. Mas pode ser na sua mesmo... – Talvez fosse melhor que Dean não conhecesse sua família ainda.
- 'Kay. – Diz Dean sorrindo pra ele e se virando para frente novamente.
"Deus, esse dia vai ser longo..."
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Hybrid - Destiel
RomanceCastiel é um híbrido. Híbridos mesmo hoje em dia, como sempre foram, são raros na natureza, e por esse motivo anda causando estranhamento na sociedade mesmo passados 300 anos de descobrimento da espécie. Antigamente eram tratados como objetos (esc...