Alice
Meu primeiro dia como aluna do Romeu foi tranquilo, bem, tirando o sermão que recebi logo que cheguei estava tudo certo. Depois que terminamos de tomar o café que ele havia pego na maquina do corredor, voltamos a ensaiar a cena da sacada e dessa vez havia sido completa, sem interrupções, mas algo parecia errado. Eu encarava seus olhos verdes, mas não sentia que recebia esse olhar de volta como no início, como se ele estivesse evitando fazer isso, contudo eu não seria burra ao ponto de perguntar o por quê de isso estar acontecendo, poderia ser apenas coisa da minha cabeça.Meu coração parecia a ponto de sair pulando da minha caixa torácica, era incrível a intensidade que ele passava ao interpretar o personagem e isso apenas me inspirava a querer ser da mesma forma. Eu ficava o encarando o tempo todo e sempre que ele notava isso perguntava um "O quê?" que me fazia ficar mais vermelha do que nunca antes de balançar a cabeça em negação.
Já tinham se passado uma hora da tarde desde que estávamos ali ensaiando e agora sentados na ponta do palco, os meus pés suspensos balançando para frente e para trás e eu sabia que logo teríamos de ir embora afinal daqui a mais ou menos uma hora o nosso curso começaria. Suspirei e olhei para ele.
− Acho que começamos bem com esse primeiro ensaio, não é? -Perguntei tentando puxar assunto com ele. Eu não queria ir embora, não ainda.Ele se virou e aproximou-se ainda mais do que estava antes com uma expressão intensa que me era desconhecida, logo levando a mão até minha franja e a tocando com delicadeza. Para mim esse havia se tornado um gesto tão familiar que já não me assustava, apenas me fazia querer que ele me tocasse ainda mais.
− Não, a gente não fez a cena completa, olhos azuis. - Ele falou com aquele seu olhar intenso que sempre me fazia suspirar, mas dessa vez tive que me conter enquanto ele se aproximando ainda mais, e eu não era sequer capaz de me afastar. - Só que eu não sei se você está pronta. Desde que começamos o curso você nunca conseguiu um papel que precisasse de tal contato, mas isso vai acontecer se você continuar melhorando.
Franzi as sobrancelhas. De que diabos ele estava falando?
− Feche os olhos Alice. - Romeu me pediu com uma voz rouca, tão máscula e forte que senti meus pulmões prendendo o ar dentro de mim.Eu não estava entendendo nada do que ele me dizia.− Não me subestime Romeu, eu estou pronta para tudo. - Sussurrei baixo e então sorri fechando os olhos mesmo que ainda confusa do por que precisar fazer aquilo, mas eu confiava nele o bastante para obedecer sem questionar.
− Eu nunca te subestimei, não depois que a conheci de verdade.Foi a última coisa que ouvi antes dele grudar seus lábios aos meus.
Ah, que sonho bom, sério, eu nunca tinha sonhado com uma sensação tão vívida recebendo um beijo de Romeu, nos meus outros a gente sempre ficava só no "quase beijo" mas desse vez estava acontecendo e... o quê? Abri meus olhos e vi o rosto dele colado ao meu e não era só o rosto, mas seus lábios que faziam uma pressão tão suave e deliciosamente quente.
ISSO NÃO É UM SONHO!
Deus, não era, não mesmo. Eu não podia estar dormindo por todo esse tempo. Voltei a fechar meus olhos e rezei para que se fosse mesmo minha imaginação ela não acabasse, nunca. Devagar movi minha boca na dele, bem levemente e então forcei meu corpo a se afastar mesmo que minhas mãos estivessem formigando para agarrar seus cabelos e voltar a beija-lo.− Ah, hum... por que fez isso? -Perguntei totalmente corada e meu Deus, será que era por que ele quis me beijar? Por que ele sentiu um desejo de fazer isso comigo? Senhor, eu não devia criar esperanças, mas ele havia me beijado, o que mais poderia significar?
Esperei ansiosa por sua resposta e ganhei em troca um sorriso forçado e tenso.
− Eu disse, vai haver situações que você terá que fazer outras coisas além de recitar um texto, beijos são comuns. Você deve estar preparada para eles.
A emoção que corria pelo corpo esfriou na hora em que ele disse aquelas palavras. Ele havia me beijado apenas querendo dizer que eu poderia fazer isso em alguma peça?
− Ah, entendi. Bem, recado dado professor, acredite beijar em público não é um obstáculo para mim. -Falei sorrindo levemente embora por dentro eu estivesse me repreendendo por ser tão estúpida e lunática. Estava claro que ele não me via assim, para ele não significou nada, mas para mim havia sido como um sonho se tornando realidade.
Merda, por que eu tinha que ser tão ingênua?
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Sob os Holofotes do Amor
RomanceAlice Strong sempre imaginou que a sua vida seria bem agitada, já que ela não era do tipo que gostava de rotinas, mas quando desejou assim não esperava que suas palavras fossem levadas ao pé da letra. Ela só queria ser uma estrela de teatro, ser a m...