Alice
Encontrei Ling em seu camarim e praticamente me pus de joelhos, implorando para que pudesse fazê-lo reconsiderar tudo, mas ele foi irredutível e disse que eu seria perfeita para o papel. O que eu duvidava muito.
Saí batendo o pé, frustrada e encontrei Nat me esperando na porta.
− E agora? Vai parar com isso e aceitar o papel? -Ela me perguntou cruzando os braços.
− Estou cansada disso tudo. Me meti na pior roubada da minha vida e agora não sei como sair dela.
− Se isso é roubada então quero entrar em uma todos os dias.
− Cala a boca. -Resmunguei. Agora só havia uma coisa a se fazer, e era esquecer que esse dia tinha acontecido.
− Nat, nós vamos naquela festa que você comentou mais cedo, certo? -Perguntei de repente a fazendo se virar para mim com uma sobrancelha erguida.
− Claro, vamos sim.
− Ótimo. -Murmurei baixo e mesmo que não estivesse nada animada para ela, pelo menos poderia esquecer por um instante que em um único dia eu havia beijado o Romeu (duas vezes), ganhado um papel em uma peça que eu não estava preparada para receber e para finalizar dado um tapa e chamado de cretino o cara que foi meu professor por um dia. É, eu merecia mesmo encher a cara. E era o que eu faria.
Me despedi da Nat e fui para casa mais desanimada do que nunca. Tinha imaginado uma segunda-feira tão boa e no fim se tornou uma merda.Agora só me restava beber um pouco.
Entrei em casa e encontrei minha mãe na cozinha fazendo a macarronada da segunda com almôndegas, bem típico dela com suas rotinas pré-programadas, algo que eu odiava.
− Ei. -Me anunciei e quando ela parou de mexer no molho se virou para mim com um sorriso largo. Minha mãe aos 42 anos era ativa e cheia de vida, sorria por tudo e por nada e quase nunca chorava, lembro-me de isso ter acontecido apenas quando meu pai fez suas malas e nos deixou, e eu ainda sentia raiva dele desde esse dia.
Minha baixinha de cabelos marrons caramelo veio saltitando em minha direção sapecando um beijo em cada lado do meu rosto.
−O jantar está quase pronto. Como foi seu dia? -Ela perguntou animada e meus ombros desabaram.
− Posso tomar um banho antes? A história é meio longa e eu ainda preciso ir para uma festa. -Falei e sim, não existiam segredos entre minha mãe e eu, ela podia agir como uma criança, mas era a minha conselheira para todas as horas.
− Claro filha, sem pressa. Ou melhor, se apresse sim, sabe que odeio quando você come comida fria.
Sorri e balancei a cabeça me virando e subindo para o quarto mas parei assim que fechei a porta atrás de mim pois meu celular começou a tocar.
−Alô? - Atendi e logo ouvi a voz animada da minha amiga.
− Você vai mesmo para a festa, não é?
Natalie falava meio apressada, quase eufórica e eu estranhei aquilo.
− Vou, eu disse que iria.
− Ótimo porque você realmente precisa ir, Ali.
− Posso saber qual o motivo da senhorita estar tão animadinha assim? -Perguntei e recebi em troca uma risada alegre e descontraída.
− Logo você vai saber Franjinha e vai amar. Te pego às 21:30.
− Ai Nat, vê se não me apronta uma. - Avisei e outra risadinha veio do outro lado da linha.
− Pode deixar.
Nos despedimos e então joguei meu celular na cama e cocei a cabeça levemente tentando imaginar o que minha amiga estava aprontando e como sempre, nenhuma resposta me veio por isso decidi deixar para lá e encarar qualquer bomba que fosse depois, eu merecia um banho tranquilo e pelo menos isso eu teria.
Tomei uma ducha longa e relaxante saindo quase quarenta minutos depois e quando fiz isso vi que estava mais atrasada do que nunca. Peguei uma saia preta de cintura alta que ia até uns três dedos depois da metade da coxa e uma blusa lilás de cetim de mangas curtas. Coloquei um salto fechado creme e fiz uma maquiagem leve, mas que acentuava meus olhos e lábios por que vamos combinar, eu era quieta mas gostava de usar roupas que me fizessem sentir bem sem ultrapassar o limite do cartão de crédito da minha mãe.
Terminei de me produzir e desci as escadas encontrando minha mãe na sala encolhida no sofá vendo uma de suas comedias românticas ao qual ela ria junto a lagrimas.
− Já sei o que vai dizer. Está atrasada e só vai comer quando chegar da festa. -Ela falou como se sentisse minha presença assim que cheguei ao pé da escada, ainda com os olhos vidrados na TV.
− Sério, a senhora precisa me ensinar a como fazer isso. Me ajudaria muito se eu soubesse ler mentes assim. -Ri me aproximando dela que enfim me encarou.
− Prometa que vai tomar cuidado e voltar em segurança. -Ela pediu e eu me inclinei dando um beijo em sua testa.
− Prometo mamãe, eu só preciso esquecer de hoje. Vai entender isso mais tarde.
− Quando eu tinha a sua idade adorava me meter em problemas, e sempre que eu ficava com essa mesma expressão do seu rosto era por causa de um garoto. Eles dão um nó no cérebro, mas é um nó tão bom que quando perceber, você já está querendo se enrolar a ele mais ainda.
Absorvi as palavras dela e lhe beijei o rosto mais uma vez antes de me despedir e sair, ainda pensando em suas palavras. Romeu era mesmo um grande nó, mas eu sabia que talvez tivesse desfeito o meu do dele naquela tarde e isso era deprimente.
Natalie já me esperava no táxi, linda com seu cabelo preto e curto, usando um vestido azul marinho colado ao corpo. Deslizei para dentro do veículo e me acomodei ao seu lado.
− E então, pronta para a surpresa? -Perguntou ela assim que o carro arrancou.
− Estou com medo na verdade, sabe, meu dia foi uma merda. -Confessei e minha amiga riu de leve.
− Tenho certeza que isso vai levantar seu astral. Ele já deve estar lá.
− Ele? -Perguntei arregalando os olhos e recebendo de voltar um olhar sapeca. De quem diabos minha amiga estava falando?
Preferi deixar isso de lado e conversar banalidades com ela até que o táxi finalmente parou em frente à uma casa tão grande que sem dúvida dava duas da minha, um portão de ferro se erguia imponente à nossa frente já aberto nos convidando a entrar e eu podia ver que o estacionamento já estava quase lotado de tantos carros.
Brad, nosso colega de classe adorava dar festas cheias de ostentação e fazia questão de convidar a todos para elas. Ele se aproveitava das viagens de seus pais que eram advogados para seus não tão pequenos eventos. Esses garotos realmente não sabem o significado da palavra "limite".
Pagamos ao taxista e descemos e eu sinceramente já estava começando a me arrepender de ter vindo ali. Aquele lugar não era para mim, eu até que ia a boates de vez em quando, mas me sentia mais confortável quando as pessoas ao meu redor não conheciam meu rosto e nome.
− Vamos?
Com um sorriso largo minha amiga enlaçou seu braço ao meu e me puxou para dentro da casa.A batida eletrônica tocava alto e as pessoas andavam para todos os lados, umas rindo e conversando bem alto em pequenos grupos e outras dançando ao seu jeito. Olhei para as roupas curtas e decotadas das garotas de minha turma e de repente me senti uma menininha entrando em uma festa de adulto. Estava deslocada e precisava de alguma coisa para me soltar.
Estava tão entretida que não percebi que Natalie havia se distanciado de mim e voltado com dois grandes copos vermelhos já me estendendo um.
− O que tem aí? -Perguntei aceitado a bebida e vendo o líquido amarelo quase marrom dentro do copo.
− Só cerveja. Você está precisando.
− É, acho que sim.
Tocamos nossos copos de leve e eu levei o meu aos lábios.O líquido espumante desceu gelado, mas logo aqueceu levemente minha garganta. Foi uma sensação muito boa que me fez sorrir antes de tomar mais um bom gole. A queimação era bem-vinda e a música mais alta ainda estava perfeita para dançar, contudo eu não me sentia tão desinibida para fazer isso então decidi vasculhar o ambiente com os olhos. Vários rostos conhecidos passavam por mim, outros nem tanto e enquanto fazia essa inspeção um rosto em especial me chamou atenção.
Romeu estava próximo ao pé de uma grande escada, apoiado no corrimão e com um braço em volta de uma loira que passava suas unhas longas e bem-feitas no peito dele e lhe sorria de um jeito indecente que me fez embrulhar o estômago vazio. Ele não parecia assim tão interessado em olhar para a loira, conversava animadamente apenas com Briana que contava algo que o fazia revirar os olhos e então sorrir de lado para ela. Ele estava lindo como sempre, e meu tapa de mais cedo não parecia ter deixado nenhuma marca em seu rosto perfeito. Eu não me arrependia da minha agressividade, ele havia merecido, só lamentava não ter aproveitado mais os poucos momentos que tivemos juntos, quase como se fôssemos amigos.
Como se sentisse minha presença, ele virou sua cabeça para o lado e nossos olhares se encontraram. Meu corpo todo ficou tenso e ao mesmo tempo quente quando vi ele descer seus olhos pelo corpo em um movimento lento e sem pressa. Me senti nua e por isso minhas bochechas ficaram rosadas de imediato só de imaginar que ele estava dando uma conferida em mim. Quando voltamos a nos encarar o olhar de Romeu estava frio e distante, quase com desprezo e isso me assustou muito.
−Ali?
Ouvi a voz de Nat me chamando e eu agradeci silenciosamente por ter me tirado da visão dos penetrantes olhos verdes de Romeu. Minha amiga sorria de orelha a orelha e isso me fez franzir as sobrancelhas.
− O que foi? -Perguntei confusa e se possível seu sorriso se ampliou ainda mais.
− Olha para a frente. - Ela só disse isso e mais perdida no que nunca eu segui suas instruções e logo que meus olhos se focaram no homem alto, de corpo esguio, olhos de um azul gelo lindo me encarando com um sorriso tão meigo e caloroso eu senti meu peito inchar de felicidade.
Meu velho e mais antigo amigo de infância estava na entrada da porta com um sorriso largo no rosto, vestindo uma calça jeans rasgada nos joelhos, sapatos e uma camiseta vermelha de mangas cumpridas que estavam erguidas até a dobra do cotovelo e capuz. Ele parecia ainda mais belo do que quando nos despedimos há três anos atrás, e esse foi um dos momentos mais difíceis da minha vida.
− Julian... -Sussurrei sem fôlego entregando minha bebida para Nat e sem me incomodar com qualquer olhar que pudesse ser dirigido a mim corri de encontro ao meu amigo e me atirei sobre seu corpo envolvendo seu pescoço com os braços e o apertando forte. – Jules!
Minha voz estava embargada de emoção enquanto o apertava ainda mais contra mim. Julian envolveu minha cintura e nos aproximou ainda mais. Eu estava tão feliz por vê-lo que fiz um esforço sobre-humano para não chorar ali mesmo.
− Ei, baixinha. Como você cresceu, e está ainda mais gostosa. -Ele disse em meu ouvido com uma voz sedutora que me fez rir, isso era típico dele.
− E você não mudou nada. -Falei de volta me afastando dele para olhar seus olhos, e como sempre fazíamos ele aproximou nossos rostos me dando um selinho rápido, nosso cumprimento de amigos que muitos sempre achavam estranho mas para nós era mais do que natural.
Eu ainda o segurava nos meus braços, animada e ao mesmo tempo temerosa que aquela cerveja estivesse com alguma droga alucinógena dentro e aquilo fosse apenas minha imaginação.
− E aí, gostou da surpresa?
Nat apareceu atrás de mim rindo já bem mais animada e eu fiquei me perguntando quanto de bebida ela havia ingerido.
− Eu amei, mas como? Quando você voltou? E por que você cortou tanto o cabelo?
Eu não conseguia parar de falar e tocar o rosto de Julian. Antigamente seu cabelo era mais longo e rebelde abaixo da orelha, como um surfista e agora estava curto, mesmo que meio bagunçado o que achei que combinou muito com ele.
− Calma, calma. Uma coisa de cada vez. - Ele falou segurando minha mão e beijando a palma dela com delicadeza. − É tudo uma longa história e eu prometo que teremos tempo para falar sobre o que você quiser, agora vamos curtir essa festa. Parece que está tudo liberado, até exposição de sexo implícito. -Ele falou e eu arqueei uma sobrancelha com esse comentário. Olhei para Nat, mas ela não retribuiu meu olhar pois estava ocupada demais vidrada em algo. Curiosa eu segui seu olhar e na mesma hora tive vontade de arrancar meus olhos para não presenciar aquilo.
Romeu estava ainda no mesmo lugar ao pé da escada só que agora com a loira de farmácia entre suas pernas, uma mão espalmada em seu quadril e a outra segurando a nuca da garota com violência enquanto praticamente estuprava a boca dela. Aquela cena devia ser mais censurada do que o pior dos filmes pornôs. A loira se esfregava nele sem pudor algum e Romeu nem parecia se importar com isso retribuindo com a mesma voracidade. Senti a bile subir em meu estômago, e engoli para tentar manter aquele enjoo no lugar. Por que ele tinha que agir daquele jeito? E pior, por que eu me importava tanto com aquilo? Eu nunca tive nada com ele a não ser por aqueles beijos de mais cedo que para ele só foi um a mais para sua coleção. Mas ainda assim me sentia machucada e magoada, com o coração pesado e uma vontade de tirar aquela loira falsa de cima dele pelos cabelos.
− Tinha quer ser o Romeu para chamar atenção.
Nat resmungou atrás de mim, mas não me virei para dizer nada, eu estava hipnotizada pela cena a minha frente, sem conseguir mexer um músculo sequer mas para minha felicidade, ou não, Romeu soltou a loira e enquanto ela lambia os lábios vermelhos agora borrados de batom ele virou sua cabeça e cravou seus olhos em mim e o selvageria e ao mesmo tempo frieza que vi ali me deixou enojada.
Virei meu rosto para o lado com violência.
− Eu vou pegar mais cerveja. -Balbuciei para meus amigos e sem esperar por uma resposta me distanciei indo para a varanda, o único lugar que eu sabia estar vazio.
Nenhum dos meus amigos me seguiu e dei graças a Deus por isso. Como Romeu podia ter tanto poder sobre mim a ponto de transformar o que seria uma noite divertida com meus dois melhores amigos em um lixo completo?
Pensei que teria sossego naquela varanda escura e solitária, mas quando uma grande mão enrolou em torno do meu pulso me fazendo gemer de frustração e esse gemido logo se transformou em um arquejo de terror ao ouvir aquela linda e maldita voz:
− Não vai se jogar daqui de cima, certo?
Virei meu rosto e encontrei Romeu me encarando com seu olhar ainda frio e desdenhoso e aquilo me encheu de uma fúria contida.
− Não é um bom momento para vir falar comigo, Romeu. Você é a última pessoa que eu quero ver agora. -Rosnei com raiva me livrando de seu aperto de ferro esperando que ele fosse embora mas parecia que alguém lá no céu me odiava pois instigou Romeu a fazer justamente o que eu não queria: Falar comigo.
− Por que você não tira os olhos de mim mesmo com outro homem? Faz isso para me provocar? E agora me olha com nojo? –Ele falava como se eu fosse culpada de algo ainda com raiva me segurando com força pelos ombros e assim aproximando mais nossos corpos.− Quando perguntei se não se importava em beijar em público você me bateu, mas mostrou algo contraditório, não? Acho que realmente me enganei sobre você.
Suas mãos eram quentes contra minha pele e pareciam irradiar calor por todo o meu corpo, porém eu estava com raiva demais para aproveitar aquela sensação.
− E vou bater mais uma vez se não me soltar agora. -Trinquei os dentes para falar e me contorci em seus braços procurando uma forma de sair.− Não sabe de nada sobre a minha vida para vir me dar lição de moral quando é tão escroto a ponto de praticamente transar com uma garota no meio de todo mundo!
− Eu sou um ator querida. Amo que me vejam, você deveria saber disso. Mas eu estou ficando especialmente obcecado por ser assistido por você. Sempre seus olhos azuis estão em mim.
Suspirando pesadamente ele enfim se afastou de mim então parecendo envergonhado passou a mão pelos cabelos de forma nervosa.
− Beijos não significam nada para mim, nem o de agora e nem o que o Ling pediu.
Engoli o bolo que se formou em minha garganta com as palavras dele e embora não devesse acabei me importando com cada uma delas.
− Então não devia ter agido como se tivesse significado. Devia ter agido como um profissional e não um babaca que acha que a garota que estava beijando é afim de você. -Sussurrei olhando para meus pés, apoiando as mãos nas grades da sacada e respirando fundo.
− Deus, você não ouviu mesmo nada que eu disse? -Frustrado ele se apoiou na sacada ao meu lado me olhando levemente. − Eu não devia ter te beijado daquela forma hoje à tarde, foi errado, eu sou realmente um babaca, mas não irei me desculpar sobre o primeiro beijo.
Eu não queria, mas uma risada nervosa saiu dos meus lábios sem que eu pudesse conte-la. Era impressão minha ou ele havia acabado de dizer que tinha sentido prazer em me beijar?
− Estou começando a achar que você é bipolar. -Falei ainda rindo então me permiti olhar para ele por baixo de minha franja. Minha cabeça estava mais confusa do que nunca com tudo aquilo.− Eu quero entender você sabe. Se vamos trabalhar juntos nessa peça precisamos agir ao menos como colegas.
− Isso será difícil Olhos azuis. -Ele se virou para mim lentamente tocando minha franja com delicadeza. −Eu não sou do tipo que se abre para os outros. Podemos tentar trabalhar juntos, mas não espere mais de mim.
Aquele toque já me era tão familiar que não me importei em afastar a mão dele, por mais íntimo que fosse aquilo, pois eu adorava a sensação de sua pele sobre a minha. Apenas sorri para ele e ignorei suas palavras. Havia mais por trás daquele olhar indiferente e frio que ele não queria me dizer, mas se eu pudesse chegar perto dele o mais perto possível talvez um dia pudesse ser sua amiga.
− Não sou mulher de tentar, Romeu. Sou mulher de conseguir. E estamos juntos nisso, você querendo ou não e eu vou fazer dar certo.
Ele sorriu de lado.
− Você não existe olhos azuis.
Ficamos nos encarando por mais alguns segundos até um rosto conhecido aparecer das sombras. Julian se aproximou de onde eu e Romeu estávamos com as mãos casualmente postas dentro dos bolsos da calça.
− Eu vim ver se estava tudo bem com você, Lice. Ainda me deve uma dança. –Ele falou sorrindo com charme e para minha infelicidade Romeu tirou a mão de meu cabelo e se afastou fechando a cara de imediato.
− Claro Jules, como se eu fosse esquecer. - Ri e então apontei para Romeu. – Esse é Romeu Sandes, estamos na mesma turma no meu curso de artes cênicas.
Julian estendeu a mão prontamente para Romeu.
− Sou Julian, um grande amigo da Alice. Prazer.
A voz de Julian ficou mais grave ao falar e eu estranhei isso ao passo que Romeu pegava a mão de meu amigo, a apertando.
− Prazer. – Murmurou ele secamente e então se afastou olhando para mim. – Nos vemos amanhã no mesmo horário e dessa vez não se atrase. Eu não quero ter de ser mau com você.
Meus olhos se arregalaram ao tomar conhecimento do que ele dizia, mas antes que me desse a chance de responder Romeu se afastou passando por Julian sem nem o olhar antes de falar com um tom de voz que fez um delicioso arrepio subir pelas minhas costas.
- Adeus, Olhos azuis
E então foi embora me deixando ali com cara de pateta feliz sabendo que no dia seguinte eu voltaria a ter aulas particulares com ele. Logo Julian estava ao meu lado com os braços cruzados e um sorriso zombeteiro.
− Interessante... – Ele murmurou me fazendo olha-lo.
− Devia vê-lo atuando. É ainda mais interessante.
− Isso é um convite para assistir a um ensaio da sua peça, linda Julieta? - Ele perguntou passando os braços em torno da minha cintura me puxando para mais perto tirando de mim uma leve risada.
− Só se você prometer se comportar. -Falei em tom de censura o fazendo rir.
− E que graça tem nisso?
Rindo junto dele o abracei apertado feliz por vários motivos e ao mesmo tempo ansiosa para o dia seguinte. Julian me trazia felicidade e tudo o que mais queria era colocar o papo em dia com ele, mas ao mesmo tempo não via a hora de poder estar perto de Romeu mais uma vez e vê-lo atuar da forma que fazia meus amados pterodátilos se revirarem dentro de mim e essa sem dúvida havia se tornando minha sensação favorita.
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Sob os Holofotes do Amor
RomanceAlice Strong sempre imaginou que a sua vida seria bem agitada, já que ela não era do tipo que gostava de rotinas, mas quando desejou assim não esperava que suas palavras fossem levadas ao pé da letra. Ela só queria ser uma estrela de teatro, ser a m...