painted nails ❃ muke [INTERMINADA]

30 - come back

Um mês depois

As férias de meio de ano já haviam terminado há duas semanas e Michael ainda não tinha voltado, o que estava começando a deixar Luke preocupado.

O loiro sabia que Michael viajaria, mas ele achava que só durante o período de férias de julho, achava que o menino logo estaria de volta à escola. Luke fora à igreja nos últimos dois domingos esperando que Michael de repente entrasse por aquela porta ao lado de sua mãe, como sempre com as unhas pintadas de rosa ou até de azul, mas nada aconteceu.

Ele não ia mais dizer que não se importava com Michael, que não se importava se o menino estava bem ou não, porque ele sabia que estaria mentindo. Luke se importava com Michael, Luke queria saber que cidade era aquela que ele havia se mudado; queria saber se Michael voltaria, e mais importante, quando ele voltaria.

Tinha que ser logo.

"Boa tarde, vocês trouxeram o livro como eu pedi?" A professora de Inglês perguntou ao chegar na sala, tirando Luke de seus devaneios.

"Você não pediu livro nenhum, professora." Aaron mentiu.

"Eu tenho certeza de que pedi, sim, Aaron." A mulher se sentou em seu lugar. "Alguém trouxe?"

"Eu trouxe!" Luke ergueu a mão, surpreendendo a todos na sala — inclusive Ashton, que agora se sentava no lugar se Michael, atrás de Calum. "E eu me lembro de a Sra. Evans ter pedido pra trazer o livro na semana passada."

Luke fez questão de pegar seu livro de Inglês na mochila, o erguendo e fazendo a professora sorrir, também parecendo surpresa.

No final as pessoas que não levaram o livro como pedido fizeram dupla com as pessoas que levaram. Luke ficou sozinho, ninguém nem se quer se aproximou dele durante toda a aula.

Depois da atitude de Luke de defender Michael, começar a se dedicar as aulas e parar de importunar os outros alunos, seus antigos 'amigos' o abandonaram, simplesmente. Até mesmo as garotas que sempre o rodearam pareciam ter sumido ao saber de Aaron e Josh que Luke estava namorando Michael.

Luke queria que Aaron e Josh estivessem dizendo a verdade.

Hemmings se sentia um completo idiota todas as vezes que ousava se lembrar de que há alguns meses tudo o que ele queria com Michael era apenas a droga de uma noite de sexo. Depois de certo tempo se dedicando a conquistar o menino, Luke acabou percebendo que nem tudo o que ele dizia e fazia era apenas atuação. Os beijos que dava no mais novo eram verdadeiros, os pedidos de desculpa (pelo menos uma parte deles, já que eram inúmeros) eram verdadeiros, os sentimentos que trazia junto às flores que o deu também eram verdadeiros.

Sentimentos que foram pisados tanto no dia que Michael pisou nas flores cor-de-rosa caídas na escada quanto no dia que Michael foi embora sem ao menos dizê-lo para onde ia e quando voltaria.

Luke realmente estava intrigado com aquilo, mesmo sabendo que não tinha direito algum de se sentir assim, que não tinha direito algum de se intrometer na vida de Clifford.

De repente os devaneios do loiro foram interrompidos mais uma vez, agora por uma bolinha de papel atingindo sua cabeça. Ele olhou para o outro lado da sala e lá estava Josh e Aaron rindo como os idiotas que eram, deixando ainda mais claro que foram eles os autores daquele ato tão infantil.

Luke até deixaria aquilo de lado, mas não faria seu perfil — apesar de ele estar começando a mudar, mesmo que um pouco. Ele abriu a bolinha de papel e pegou uma caneta para escrever: "não se esqueçam de que eu continuo podendo acabar com vocês dois de uma só vez, e nem vou precisar usar força".

Não era como se ele estivesse os chamando para uma briga no final da aula, a verdade era que depois de tanto tempo andando juntos, Luke acabou descobrindo certas coisas interessantes sobre Josh e Aaron, e não via problema algum em compartilhá-las com o resto da escola.

O loiro amassou a bolinha novamente e a jogou com força, acertando a orelha de Josh.

Luke nem fez questão de saber se eles leram ou não, já que logo o sinal do intervalo tocou e todos começaram a se levantar de seus lugares, inclusive ele.

Ashton e Calum saíram antes de Hemmings, mas aquele não era o problema, eles tinham saído juntos, quase não conseguindo passar pela porta já que estavam um ao lado do outro.

Luke tinha certeza de que fora Michael quem aproximara os dois, mas aquilo não o interessava e nem surpreendia. Ele sempre desconfiou que Ashton guardasse algum sentimento (que não era ódio, como ele sempre demonstrou) por Hood.

Já no pátio Luke decidiu ir até o jardim da escola, que não era um dos mais bonitos, mas tinha algumas flores. Ele sorriu ao ver uma cor-de-rosa e não hesitou em pegá-la, rodando na ponta de seus dedos enquanto a observava. Por algum motivo aquilo o lembrou Michael.

Aquela flor cor-de-rosa era de uma aparência tão frágil, assim como o menino de cabelos da mesma cor, mas Luke aprendeu da pior forma que aquilo não passava de uma impressão, um rótulo. Michael até podia ser frágil, mas não tanto quanto ele achava.

Pensar tanto em Clifford estava começando a deixar Luke triste novamente, pois logo ele se lembrava de que o garoto não estava ali e que talvez nem voltasse.

Ele só queria ver os olhos verdes de Michael novamente, pessoalmente, sem ser pelas fotos recebidas que ele ainda guardava em sua pasta oculta no celular. Nem que aqueles olhos estivessem cheios de raiva pelo loiro, ele só queria vê-los outra vez.

"Droga, desde quando eu tenho pensamentos assim?" Luke murmurou para si mesmo, jogando a flor no chão.

Ele saiu do jardim e encontrou Ashton e Calum conversando num canto do pátio. Luke nem pensou antes de começar a andar em sua direção, perguntando de repente ao chegar:

"Quando o Michael volta?"

Calum se virou para ele com sua expressão de sempre: nenhuma.

"Não te interessa. Quantas vezes eu vou ter que dizer isso?"

"Eu só quero saber, por favor!" Luke passou a mão pelos cabelos encaracolados. "Eu não consigo mais ligar pra ele. Eu só quero saber se vou poder tentar me desculpar por uma última vez..."

"Eu ainda não sei como você conseguiu o número dele, mas o Michael está com um novo agora, e não adianta pedir já que você já sabe a resposta." Calum deu um passo para frente, se aproximando mais de Hemmings. "E não, Luke, você não vai pedir mais desculpas falsas para o Michael, porque eu não vou deixar."

Com isso Luke saiu dali, mas ele não havia desistido da ideia de que conseguiria pelo menos falar com Michael outra vez — nem que fosse preciso enfrentar outro domingo de missa apenas para perguntar a Karen quando seu filho voltava.