painted nails ❃ muke [INTERMINADA]

2 - black nails

Como era de costume, Calum fora à casa de Michael depois da escola.

Eles estavam praticamente jogados na cama de casal do garoto, olhando para o teto que ainda tinha algumas estrelas de neon coladas das quais Michael ganhou quando tinha sete anos, quando Calum resolveu dizer, virando-se para o amigo:

"Pinta as minhas unhas?"

Michael imediatamente se sentou na cama, os olhos arregalados. "Por que assim do nada?"

Calum se sentou ao seu lado. "Eu pensei que se eu pintasse as minhas unhas meio que seria uma forma de mostrar que eu te apoio e que você não é nenhum 'anormal' só por passar esmalte." Deu de ombros. "Ah, mas eu não quero rosa ou lilás, eu quero preto." Sorriu de lado e assentiu levemente com a cabeça, como se concordasse consigo mesmo.

"Você é o melhor amigo do mundo!" O menor disse animado, praticamente pulando em cima de Hood para abraçá-lo o mais forte que podia.

"Eu sei."

"E é convencido também." Michael se afastou, rindo baixo.

Calum gostava quando Michael ria e seus olhos se fechavam, ficava ainda mais fofo.

Clifford se levantou e foi até o guarda-roupa, abrindo-o para pegar uma pequena caixa branca cheia de adesivos. Ele pulou na cama e se sentou na frente de Calum com as pernas cruzadas e a caixa em cima delas, abrindo a mesma.

"Preto, viu? Não se esquece." Hood disse e o outro apenas assentiu, pegando o único esmalte preto que havia na caixa, um algodão e uma acetona. "Isso tudo aí é pra que? Eu só quero pintar a unha."

Michael riu mais uma vez e pegou a mão do amigo para começar a passar o esmalte escuro em suas unhas. "É só para o caso de eu errar, Cal."

-

"Você não errou nem uma vez." Calum disse admirado, olhando para suas unhas recém-pintadas de preto.

"É mais fácil pintar as unhas de outras pessoas do que as minhas." Michael deu de ombros, colocando sua caixa em outro canto da cama. "Eu- Deixa pra lá."

"Fala, você sabe que eu odeio quando você faz isso."

"Você vai brigar comigo." O menor desviou o olhar e Hood logo adivinhou o porquê.

"É sobre o Luke, não é? Já disse pra parar de pensar nesse cara, Michael! Meu Deus!"

"Tá vendo? Você brigou." Michael continuou sem olhar para o amigo, brincando com os próprios dedos para tentar disfarçar qualquer sinal de tristeza que viesse tomar seu rosto, ele realmente estava tentando se segurar para não fazer um bico e cobrir o rosto com as mãos, como sempre fazia.

"Hey, vem aqui." Calum o chamou e Michael sabia exatamente o que ele queria, por isso engatinhou até o moreno para se sentar em seu colo, uma perna de cada lado de seu corpo. "Eu não sei o que você vê naquele cara, ele é rude com você e nem se quer é bonito." Disse acariciando a bochecha do menor.

"Ele é sim." O menor desviou o olhar mais uma vez, ele detestava ter que encarar uma pessoa diretamente enquanto ela o dava uma bronca.

"Tá, ele pode ser até bonito." Calum riu fraco. "Mas ele é horrível por dentro, e não é você que vive dizendo que o que vale é a beleza interior?" Michael assentiu minimamente. "Então..."

"Obrigado por ser assim." Clifford envolveu os braços no pescoço do amigo, o abraçando e fechando os olhos para sussurrar: "Obrigado, Cal."

"Amigos servem pra isso, não é?"

"Pois é..." Michael se afastou, tomando coragem para encarar os olhos castanhos do garoto a sua frente.

"E tem pessoas que gostam de você de verdade e que te tratam bem, Michael, não tem porque de você estar aí se preocupando com aquele cara."

"Tem mesmo?"

"Claro que sim, aliás, você está no colo de uma dessas pessoas." Calum riu sem graça, desviando o olhar.

Michael também desviou o olhar, mas para a boca do moreno. Ela nunca estivera tão chamativa.

Ele começou a aproximar seus rostos e assim que Calum sentiu a respiração quente do outro cada vez mais perto de si, voltou a encará-lo assim como antes. Clifford tinha os olhos fechados e os lábios entreabertos, o que confundiu Calum, mas ele não iria fazer nada para pará-lo.

Seus lábios se encostaram, apenas roçando um no outro. A respiração de Calum estava começando a falhar e ele não acreditava que estava mesmo ali com seu melhor amigo em seu colo, e estava prestes a beijá-lo.

Então eles finalmente selaram seus lábios, Hood fechou os olhos e levou as mãos à cintura do garoto de cabelos cor-de-rosa, retribuindo o beijo.

Não se passaram nem três segundos quando escutaram a porta se abrir e logo em seguida a voz de Karen preenchendo o quarto:

"Michael, va- ai meu Deus."

Os garotos arregalaram os olhos e se afastaram bruscamente, Michael praticamente pulando do colo de Calum e o moreno se levantando imediatamente da cama, evitando olhar tanto para a mãe de Michael quanto o próprio.

"Eu espero não ter interrompido nada, me desculpem." A mulher riu sem graça e saiu do quarto, mas logo se lembrou o que foi fazer ali, então reapareceu na porta para dizer: "Nós vamos à igreja hoje, Michael. Se arrume, e pode chamar o Calum pra ir se ele quiser."

Ela saiu mais uma vez e Calum se sentou na cama novamente apenas para começar a calçar seu tênis, já que só estava de meias, sem dizer nada.

"Cal, me desculpa." Clifford se aproximou do amigo. Suspirou ao ver que Hood continuaria em silêncio e resolveu prosseguir: "Eu não sei no que estava pensando, você não está com raiva de mim, está?"

"Não." Calum disse tão baixo que o outro quase não conseguiu escutá-lo. Ele se levantou e pegou sua mochila na cadeira, se direcionando a porta do quarto. "Tchau, Mike."

Michael não sabia o que pensar, mas no momento não tinha tempo para aquilo, tinha que se arrumar para ir à igreja com sua mãe.

Por mais que ele não gostasse daquilo.