Capítulo 3 - Aura

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Caribe? Barco? E quem é aquela mulher? 

Eu não sei onde estou, melhor como eu vim parar aqui e a única certeza que eu tenho foi que a ardência parou.

Tiro a roupa molhada do meu corpo, e vou até o armário que a tal mulher havia indicado. Quando abro vejo diversos corseletes, blusas folgadas, saias antigas e cheias, calças, botas e chapéu de pirata.

Apanho um blusa folgada branca, um corselete preto e uma calça justa preta, calço a bota. Vou até uma espécie de escotilha e o que eu vejo é um pouco assustador, de fato eu estava no mar. Como eu vim parar aqui?

– Usted tiene más chica? – alguém falo batendo com força na porta.

– Eu não falo sua língua – digo abrindo a porta e me assustando com o homem.

– La esposa del capitán le está llamando – o homem tornou a falar.

– Eu não entendo sua língua – repito e o homem simples me puxa pelo braço.

Ele me arrasta pelo corredor estreito de madeira, e chega até uma porta, abre a mesma me jogando lá dentro. Parecia uma especie de biblioteca, e lá estava a mulher que havia me mostrado o quarto sentada em um sofá.

– Espero que não tem ficado enjoada querida Aura – ela falo debochada.

– Quem é você? E como sabe meu nome? – questione encarando a oriental que parecia surpresa. – Como eu vim parar aqui?

– Eu iria perguntar isso a você menina, meus homens acharam você no mar – a mulher me analisou de cima a baixo. – Vejo que as roupas serviram.

– Sim, mas como você sabe meu nome? – insisti perguntar e ela levantou do sofá.

– Não faça muitas perguntas menina, pro seu bem, não quer voltar para o mar certo?! – ela me ameaçou vindo até onde eu estava.

– Qual é seu nome? – perguntei a encarando.

– Yumi – Yumi disse me olhando e logo abrindo um largo sorriso. – Sabe fazer comida?

– Sim, o que isso tem haver comigo? – questione temendo a resposta.

– Vamos dizer que a imprestável que cuidava do meu barco resolveu ir embora, e pra sua sorte estou precisando de alguém para fazer os afazeres – Yumi me contou sem tirar o tom de ameaça. – E espero que você seja boa, faça o que eu mando e pode ficar aqui até atracamos no porto.

Eu não tinha muita escolha, era aceitar o que essa mulher falava ou aceitar, seja como for eu preciso achar alguma maneira de voltar para casa.

– Tudo bem – digo de cabeça baixa.

– Ótimo, você está proibida de sair da cozinha pela manhã, ou até mesmo de falar com alguém da tripulação – Yumi começa a dar suas ordens. – Quero esse barco limpo antes do sol nascer, e meu marido é bem exigente com a refeição.

– Sim senhora – falo aceitando tudo, quando você está no desconhecido qualquer coisa é perigo.

– Antes que eu me esqueça não abra essa maldita boca – ela disse voltado para o sofá. – Moll!

– Sí señora Yumi – o homem que havia me arrastado entra na biblioteca.

– Tome Aura cocina – a Yumi disse olhando para o homem. – Seja bem-vinda a pirataria Aura.

O homem me puxa para fora da biblioteca, o barco balança um pouco e isso me da um pouco de enjôo. Sou guiada até uma escada, e sem falar nada o homem me indica que lá embaixo fica a cozinha.

Quando chego na cozinha o cheiro de peixe e a sujeira me dão embrulho no estômago, o barco parece balançar bem mais aqui. Pra mim isso tudo ainda está confuso, eu não entendo como eu estava em Londres e de repente aqui Caribe. Céus!

[...]

Me sento cansada em um banquinho, Yumi já veio aqui na cozinha umas três vezes, acho que acabei achando alguém pior que a tia Eleonora. E isso é ruim, já escureceu e ainda tenho muito trabalho para fazer, dessa vez fora da cozinha lá em cima no convés, limpar o convés me dar um frio na barriga por não saber o que me espera.

A última vez que a Yumi deu as caras aqui, ela aviso que o Moll o brutamonte iria vim me apanhar.

É minha primeira noite no desconhecido e isso me apavora de alguma maneira, passei o dia todo questionando e até mesmo me bati só para ter certeza que não se passava de um sonho, é estranho pensa que eu estou em um barco pirata e é mais estranho que de fato existem piratas ao meu redor. A única certeza que eu tenho é o questionamento do impossível, e do improvável.

– Vamos chica – Moll gritou na parte de cima da escada.

Eu não sei o que ele falo, mas vou deduzir que é pra ir até o convés. Subo a escada dando de cara com ele, em um sinal comecei a segui-lo passando pelo mesmo corredor, o barco todo parece está em silêncio, mas conforme vou me aproximando do convés posso ouvir a calmaria do mar.

Quando eu chego no convés não vejo muitas pessoas, sem demorar muito Moll me entrega um balde e um esfregão, e manda eu começar a limpar. Não entendo nada que ele fala, apenas acho que é aquilo e faço.

Começo a esfregar o chão do convés, meu corpo já está cansando pelo o esforço e se eu estiver certa não durmo umas vinte horas. Conforme a noite vai passando o movimento no convés vai diminuindo, agora falta pouco para limpar.

Começo a cantarolar enquanto jogo água no convés.

– Hermosa voz – um voz fala perto de onde eu estava.

Ignoro e contínuo a esfregar o chão. Parece que seja lá quem for desistiu de falar comigo, agora só tenho que secar essa parte e posso dormir.

– La dama no habla – o homem tornou a falar passando pelo chão que eu ainda pretendia secar.

– Ou! – exclamo insatisfeita. – Eu passei a noite toda fazendo isso.

– Mire, mire usted sabe charla – o homem torna a falar.

– Eu não falo sua língua idiota – digo vendo ele parar na minha frente.

– Não precisa me ofender – ele fala me olhando. – Nunca te vi aqui, geralmente quem faz esse trabalho é Anastácia.

– Eu preciso terminar isso – falo olhando para o chão. – Tem como dar licença?!

– Qual é seu nome? – ele pergunta e eu o ignoro, Yumi havia deixado claro que não era pra falar com ninguém. – Meu nome é Leonard.

Já estava ficando sem paciência, e queria me recolher logo, então sem pensa duas vezes pego o balde água suja e jogo nele, o mesmo me olha sem reação pela minha atitude.

– Da próxima vez jogo o balde – aviso apanhando minhas coisas e indo em direção a portar que levava a cozinha.

Posso acordar cedo para terminar esse maldito trabalho, ou arrumar uma desculpa qualquer.

A Herdeira dos MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora