Capítulo 10 - Yumi

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Fui me deitar cedo esta noite, que não poderia terminar pior. Benjamin descobriu que Aura é sua filha, e sinceramente isto é péssimo. Para Aura descobrir o que aconteceu de verdade...falta realmente pouco.

Não sei como ainda encontro paz para dormir nesta casa.

[...]

Quando me levanto, já vejo que são 09:00 (pelo relógio de pulso), Moll não veio me acordar, aquele imprestável!

- Moll, Moll...- eu disse cantarolando. - Ainda te jogo para as piranhas.

Fui andando até o banheiro, e tirei os meus trajes de dormir, colocando os casuais em cima da cômoda de madeira.

A água estava quente, o dia parecia estar mais calmo que o normal...aquilo me assustava, a minha própria realidade me amedrontava e aquilo era cômico.

Demonstrei todas as minhas fraquezas para Aura, a história inteira, não porque ela é digna de ouvi-la, mas eu precisava desabafar a sujeira que eu tivera feito desde então...e ainda assim continuava sendo cômico. Ela pode dizer a qualquer minuto para Benjamin a verdade, e então o sentimento de Benjamin de pena passará a ser um ódio inacabável. Apenas.

Levantei-me da banheira e me sequei, colocando os meus trajes e logo saindo do quarto.

Quando desci as escadas, reparei que todos estavam sentados à mesa, inclusive a maldita serviçal que tanto insistia em me amedrontar.

- Bom dia...- eu hesitei em falar o que estava nos meus planos, mas infelizmente saiu. - família.

Benjamin sorriu mas não parecia nada satisfeito com o meu desempenho de manter a "harmonia" nessa casa.

- Bom dia, Yumi. - ele apontou para uma das cadeiras. - Sente-se, precisamos falar algo suma importância.

Eu ergui as sobrancelhas, senti o coração acelerar, a mão suava como nunca suou. Já estava começando à dar adeus, para o barco que vivi por tantos anos.

Sentei-me na cadeira que Benjamin tivera pedido que sentasse, e permaneci em silêncio para que alguém pronunciasse. O que poderia ser tão grave?

- O que temos para falar, na verdade, é sobre o Moll. - o Leonard disse um pouco sem graça.

- Ele andou aprontando com vocês? - perguntei franzindo o cenho, mas ao mesmo tempo nem um pouco preocupada com a resposta. - Esse traste já não está me descendo há dias. Moll!

- O Moll não virá. - Aura respondeu e eu me senti surpresa.

Só naquela hora que eu havia lembrado o que tinha pedido para o Moll, e aquela empregada inútil continuava na minha frente. Bastarda.

- Por que não? - eu indaguei. - Ele não é de dormir até tarde!

- Aconteceu um acidente com ele. - Benjamin disse. - Com ele e com a Aura. O Moll tentou violenta-la.
- Tentou? - perguntei agora ficando surpresa.

Eu havia pedido que ele a matasse, mas não que a violentasse.

- Chega dessa agonia! - disse Aura levantando e afastando a cadeira da mesa. - Eu o matei! Pronto!

Eu a encarei e ela continuava com a mesma expressão, de dor e arrependimento.

Apesar de eu não estar gostando das atitudes de Moll de uns tempos para cá, não queria dizer que eu queria que ele morresse, quero dizer, foi tudo da boca pra fora. Essa era a única forma, na qual eu nunca imaginasse que Moll fosse morrer...pela bastarda.

Eu peguei a taça de vidro que carregava um vinho escocês dentro, e levantei-me da cadeira olhando fixo para Aura, que agora parecia estar com medo.

A Herdeira dos MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora