A Herdeira dos Mares

Capítulo 9 - Aura

Olho para Benjamin atenta em tudo que ele me contava sobre minha mãe, Anne. Ele me conta com carinho e admiração, mas sem esconder um pouco decepção em sua voz.

- Anne foi embora de repente? - pergunto curiosa, talvez seja culpa dela eu está aqui agora.

- Sim, apenas hoje achei a carta que ela havia deixado - Benjamin me olhava com atenção. - Yumi esqueceu de repente entregar.

- O senhor confia nessa mulher? - questiono, não vou contar das ameaças dela.

- Sim minha filha, ela é minha mulher. Yumi tem um gênio difícil, mas a amo - ela parece sincero ao falar, mas noto o sentimento vago.

- Não me chame de filha - peço saindo de perto dele. - Por mais que a culpa não seja totalmente sua, ainda não posso fazer isso...

- Eu entendo, só quero que saiba que você é tudo que eu tenho além desse barco - Benjamin fala indo até onde eu estava. - Anne foi tudo.

- Infelizmente teve outro rumo - falo sem receio. - Será que você pode me diz como eu vim parar aqui!

- Sua mãe nunca te contou?

- Ela foi internada quando eu tinha dez anos... - exclamou exaltada, Anne era tudo que eu tinha e tudo que eu perdi.

- A marca na sua nuca, é um símbolo pirata, o símbolo da pirataria negra. Antes da Anne sumir, até mesmo antes de Yumi chegar em nossas vidas, a gente caçava um rubi, o rubi de todos os mares - ele começa a me explicar. - Quem tivesse esse rubi, teria tudo, o rubi de todos os mares leva consigo uma maldição...

- Que maldição? - pergunto o interrompendo, só podia ser brincadeira.

Benjamin voltou a me contar a história do rubi de todos os mares. A maldição do tempo que contia nos rubis, aqueles que tivessem ligados ao rubi teriam a marca da pirataria negra gravada na pele, e quando fosse a hora todos que tivessem a marca voltariam para achar o rubi, Benjamin disse que provavelmente quando o navio onde a família de Yumi estava e que portava o rubi foi afundado, Anne foi a primeira a ter contato e que era provável dela já está grávida de mim por isso faço parte da bendita maldição, e até o rubi for encontrado e se reclamado ou tocado por aqueles da maldição estamos presos no tempo.

-... E não temos ideia da onde possa está o rubi, para onde o mar o levo depois do naufrágio - Benjamin termino. - Sinto muito!

Por um momento as palavras da cartomante me vieram a mente, ela havia falado de maldição, marca, rubi.

- Uma cartomante leu minha mão, ela falo algo do tipo - tento me lembra das palavras traduzidas por Leonard. - "A marca vai mostrar o horizonte onde se encontra os rubis, e que tudo não passa de uma miragem."

- A marca vai mostrar o horizonte... - Benjamin repetiu as palavras como se quisesse se lembrar de algo. - E que tudo não passa de uma miragem?! Precisamos voltar para o mar.

- Você entendeu? - questiono antes que Benjamin saia do meu quarto. - Sabe onde está os rubis?

- Não, mas precisamos voltar para o mar, o horizonte - ele responde voltando até onde eu estou e me dando um beijo na testa. - Não quero que você trabalhe mais, é minha filha e antes de tudo uma pirata legítima, meus homens podem fazer seu trabalho enquanto você aprende.

- Aprende? Eu não quero aprender nada, só quero que tudo isso acabe de uma vez - digo me afastando e indo até a porta, eu já estava cansada de ouvir tudo e ficar quieta, estava cansada de engoli tudo.

[...]

Como Benjamin havia dito mais cedo, o navio voltou ao mar, provavelmente mais cedo que de fato devia e seus homens não estavam nada satisfeitos. Não sei que horas são, mas suspeito que já seja de madrugada, o movimento do convés é pouco apenas alguns homens circulam, me apoio no corrimão olhando o mar calmo na imensa escuridão, o som do mar é tranquilo e transmite uma sensação boa, não me lembro em que momento eu perdi a lucidez para ser atraída para o mar, talvez, o fato de descobrir que Benjamin é o homem que eu tanto desprezava por ser meu pai e por saber que minha mãe já havia vivido aqui tem sido demais para o meu cérebro, na verdade nesses três dias tudo estava sendo demais, a emoção de toda minha vida estava concentrada em três longos dias.