Capítulo 8 - Yumi

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Quando Moll me chamou, já estavam Leonard e Aura abraçados. Era nojento ver aquilo, como meu irmão se rebaixou à tão pouco?

—Ela está passando mal! —ele disse desesperado. —Querida, Aura. Acorde!

—Horizonte...—ela disse.

—Tadinha...—eu disse com uma careta.

Eu melhor do que Aura sabia o que estava acontecendo.

—Deixe eu ajudá-la. —eu disse pegando o balde de água.

—Não faça isso! —disse Leonard.

Eu recuei.

—Querida, Aura. —disse Leonard fazendo carinho no rosto dela. —Fique calma!

Leonard não podia fazer isso! Ele é de família nobre, vai ficar dando ideia para uma serviçal.

Minha mãe dizia que quem faz as coisas na hora da raiva, se arrepende depois. Eu podia até me arrepender, mas eu precisava fazer.

Eu peguei o balde, e joguei água na Aura, que começou à engasgar e tentou ir para o mar. Leonard mal conseguia dar conta da menina.

Leonard me olhou com ódio, mas logo se concentrou novamente em Aura. Quando viu que a menina não parava de engasgar-se, fez uma respiração boca a boca.

Eu tateei meu canivete no bolso do meu vestido.

—Em que momento o meu barco virou essa bagunça? —eu gritei e todos se assustaram.

O que eles chamavam de respiração boca a boca, eu chamava de um beijo melado e sem graça.

Aura voltou à sua consciência normal, esquecendo totalmente o que tinha feito. Encarou Leonard e logo saiu de seus braços, indo direto para o quarto onde agora era dela.

Eu fui atrás, estava repleta de raiva.

—Abre a porta. —gritei do lado de fora.

Ouvi os passos de Aura até a porta, que abriu a porta e sentou na cama submissa.

—O que foi aquele espetáculo depressivo lá fora? —eu perguntei mas já sabia a resposta. —Se você está com crises existenciais, tudo bem! Mas não venha usar isso para conseguir a atenção do meu irmão.

—Não usei nada para conseguir atenção do seu irmão! —ela disse levantando da sua cama e aumentando o tom de voz.

—Senta! —eu disse e ela obedeceu. —Você é tão igual a sua mãe...

—Você sabe quem é minha mãe? —ela perguntou confusa.

Eu ri histericamente. —Se eu conheço Anne? Quem dera se não tivesse.

Aura ficou calada.

—Você e sua mãe, só vieram para atrasar a minha vida. —eu disse dando espaço aos meus devaneios.

"—Não podemos deixar que essa pobre menina vá embora, Anne...—Benjamin disse tentando convencer Anne. —ela é tão doce, cheia de pureza. Ela pode ser como nossa filha.

—Essa meretriz não quer ser sua filha! —disse Anne. —Você não percebe isso? Quando ela tinha doze anos, ela até tinha pureza. Agora ela é uma pervertida!"

—Sua mãe sempre teve muito medo de perder seu pai. —eu disse. —No lugar dela eu também teria...

—Como assim? —Aura perguntou confusa.

—Quando eu fiz dezesseis anos, eu já não via Benjamin como um pai...—eu sorri sentindo uma lágrima solitária descendo pelo meu rosto. —eu estava decidida à roubar o posto de esposa, de Anne...

A Herdeira dos MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora