Capítulo 7 - Leandro

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Eu tenho me esforçado. Eu tenho me esforçado e muito para tirar essa coisa toda da cabeça, mas sempre que eu olho para ela, meu coração parece ganhar vida própria e me deixa desorientado. Já se passou mais de um mês desde o incidente e desde então, toda vez que a gente tá junto ou simplesmente quando eu a observo na minha, calado, é como se eu a visse pela primeira vez. Como se eu ainda me espantasse com a sua beleza que é tão simples e natural e eu preciso entender de novo o que está acontecendo comigo.

Eu sou um cara de "garotas", no plural mesmo, e todo mundo sabe disso. Não que eu me orgulhe. É só um fato. E por mais que eu tenha percebido o que estava acontecendo ali naquele primeiro dia de aula, acho que tenho medo de finalmente tê-la achado, porque ela realmente não está nem aí pra mim. Nem um pouco aí.

Tenho ficado com algumas garotas. Elas entram e saem do meu quarto na mesma velocidade, afinal elas sabem bem pra quê as quero ali. Sei que Cindy sabe delas, o que eu não gostaria que acontecesse, mas também não posso evitar, as pessoas nessa universidade são fofoqueiras. Um dia ela acabou encontrando comigo e uma menina estava sentada no meu colo, me beijando. Quando vi que ela estava nos obversando, pedi a menina pra sair de cima de mim e ir embora. Senti vergonha porque muito provavelmente não seria com uma garota no meu colo que ela ficaria interessada por mim, mas aí ela sorriu, balançou a cabeça e me disse:

- Credo, garoto! Você é mesmo um safado! – e aquele sorriso quebrou meu coração em pedaços. Esperei que ela pudesse me xingar, me bater, chorar, o que fosse, e eu teria concertado a situação e diria que jamais chegaria perto de qualquer outra garota se ela quisesse, mas ela pouco se importou com a cena que viu, e é por isso que eu continuo dia sim outro também, aceitando que elas entrem pela porta do meu dormitório. É uma forma de doer menos.

- Você vai se atrasar se ficar aí parado com essa cara de pateta pensando na vida. – Tuca me diz enquanto veste uma camisa. Olho para o lado e obverso ele se arrumar.

- Eu já estou pronto. Vou sair contigo.

- O que foi? Você parece estar no outro continente. – ele vai para a frente do espelho ajeitar os cabelos.

- É só a prova de daqui a pouco, nada demais. – respondo enquanto giro a cadeira para pegar minha mochila na cama.

- Aham, a prova. – ele diz do outro lado. – E a garota que saiu daqui hoje cedo?

- Você viu? – pergunto enquanto vou indo para perto da porta.

- Trombei com ela no corredor enquanto chegava da casa da Lu.

- Então não foi só a minha noite que foi boa.- dou uma risadinha e ele ri também.

- Acredite se quiser, desmaiamos os dois em cima dos nossos livros. Acordei três da manhã com a Lu quase caindo em cima de mim sentada na cadeira. Não teve nem a metade da diversão que você teve.

- Que pena. Você fica chato quando não transa.

Tuca deu uma gargalhada e se virou para me encarar.

- Ainda bem que com você eu não corro esse risco, né? Já vi metade desse campus saindo desse quarto.

- Também não é assim, Arthur.

- Ah, é, sim! – ele pega sua mochila na sua cama e joga nos ombros. – Nenhuma que possa ser fixa, não?

- Sei lá. – fico desconfortável com a conversa. – Tá bom do jeito que está.

- Não está, não.

- Claro que está! – respondo.

- Tem certeza? – meu amigo ergue uma sobrancelha para mim.

Enquanto Você Respirar (DEGUSTAÇÃO - Completo na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora