PRÓLOGO

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5 ANOS ANTES

Mônica enroscou suas pernas em torno de mim, meio que de lado, meio que de frente. Não dava para entender. Mas quem se importava? Eu só queria um jeito do seu corpo ficar mais colado ao meu enquanto eu investia com pressa minha língua dentro da sua boca. Senti suas mãos rápidas alisando minha barriga por baixo da camiseta e arfei com tesão. Desci minha boca para o seu pescoço e então mordi ali, devagar, enquanto ela gemia baixinho e me deixava ainda mais louco.

Quando resolvi passar as mãos das suas costas para a frente do seu corpo, tratei de subi-las e agarrar seus dois seios com força e a garota no meu colo se contorceu desesperada. Ela puxou minha camiseta pela barra e eu levantei os braços para que ela a tirasse, e assim que a peça foi parar no chão, fui fazer a mesma coisa com a dela. Então nós dois ouvimos ao mesmo tempo o barulho.

- Meu divino pai eterno! – era a voz da minha mãe e nós dois olhamos juntos para a porta do meu quarto que acabara de ser escancarada. Minha mãe estava parada, olhando para nós dois com as mãos na boca em sinal de espanto. Que beleza! Era só o que eu precisava!

- Mãe? O que a senhora está fazendo aqui? – perguntei com pressa. Mônica ficou imediatamente roxa, tentando tirar pernas e mãos de cima de mim.

- Como assim o que eu estou fazendo aqui? Essa é a minha casa, Leandro! – ela gritou comigo, olhando da Mônica para mim sem parar. – O que é que vocês dois estavam pretendendo fazer nesse quarto?

Que pergunta mais genial de se fazer quando você pega uma garota no colo de um cara, rebolando e quase, por alguns segundos, sem sua blusa.

- C-com, li-licença. – Mônica disse ajeitando os cabelos e ficando de pé em segundos, arrumando as roupas no corpo e calçando a sandália de qualquer jeito. – A-a-a gen-gente se vê na escola. Tch-Tch-Tchau. – ela falou e passou pela minha mãe como um foguete. Dona Helena não teve tempo nem de pensar, olhou do vulto para mim várias vezes até dizer:

- Você ia, é... – minha mãe começou a corar feito um pimentão e eu estiquei o corpo para baixo, para pegar minha camisa. – Eu não acredito que você teve coragem, menino! – ela falou nervosa, colocando as mãos na cintura.

- Eu achei que a senhora ia demorar a chegar, senão eu não teria a trago para cá.

- Você não deveria ter trago ela aqui de jeito nenhum. Pelo amor de Deus, meu filho! Se eu não chego, ia acontecer um desastre! Essa garota ia ficar mal falada pela cidade toda.

Mais? Eu quis rir, mas me detive a apenas enfiar a camiseta pela cabeça e a ajeitar em meu tronco.

- Mãe, ela veio porque ela quis. Ninguém a obrigou. Eu jamais faria uma coisa dessas, a senhora me conhece.

- Você só tem quinze anos, Leandro. Pensa se essa garota, eu sei lá, engravida de você? Eu não estou preparada para ser avó. E eu não quero que os outros falem mal dessa garota, ainda mais que seja por sua causa.

- As pessoas já falam mal dela. – disse o óbvio.

Ela me olhou com verdadeiro espanto e colocou a mão no coração.

- Mãe, eu tenho quinze anos, mas eu tenho minhas vontades, tá certo? Não é porque eu estou em cima dessa joça que eu não posso fazer coisas como outro homem qualquer.

- Ai, meu Deus! – ela tapou os ouvidos e olhou para o teto. – Não sou obrigada a pensar em você fazendo essas coisas, tá bom? Você é meu bebê. Até ontem eu trocava suas fraldas. Me recuso a pensar que você e o Frederico já fazem essas coisas. É muito para o meu coração de mãe. – minha mãe me encarou de novo e disse: - E mais uma vez, não quero que fiquem falando de você e nem de garota nenhuma por aí. Não quero saber se ela veio porque quis ou porque você chamou. Não é assim que se trata uma garota, e eu acho que eu e seu pai te ensinamos isso desde menino. E outra coisa: A menina poderia ser sua namoradinha e agora não vai mais querer saber de você, porque você a trouxe para cá e você ia fazer coisas... Coisas, Leandro Henrique, com uma garota tão novinha. E... Ah, meu Deus! – ela começou a se abanar. – Eu não quero ser avó agora! Eu já disse isso?

Dei uma risada da sua histeria, mas depois fiquei sério e falei:

- Mãe, deixa eu te falar uma coisa: Ela veio porque ela quis. Ela já é mal falada na cidade. A Mônica está longe de ser virgem e ela só saiu daqui porque a senhora chegou. E eu respeito as garotas, todas elas. Eu nunca fiz nada que nenhuma delas quisesse. Elas gostam de mim, mãe. E quer saber? Eu não faço ideia do porquê. Eu sou um cara numa cadeira de rodas e elas parecem ignorar isso quando resolvem que querem subir suas saias. – Minha mãe arregalou os olhos ainda mais, me olhando sem conseguir piscar. – Só que, mãe... Não é nenhuma delas que me fará ter orgulho de entrar pela porta da frente e apresentar para vocês. De trazer nos almoços de domingo e caminhar pela nossa casa como se fosse dela. A garota que um dia vai conseguir isso vai ser justamente a garota que não estaria aqui agora no meu quarto, no meu colo, sem se importar se lá fora estão ou não falando mal dela. A garota certa pra mim vai ser justamente aquela que nunca estaria aqui comigo fazendo nada disso. A garota certa pra mim nem vai olhar na minha cara, mãe. Ela vai implicar comigo e vai falar mal de tudo o que eu fizer, porque ela vai ser uma garota especial. No dia que eu quiser uma garota e ela simplesmente nem se lixar pra mim, eu saberei que encontrei a garota certa. Ela vai ver o quanto vou precisar melhorar para merecê-la e eu vou melhorar o quanto for preciso para isso, porque eu tenho certeza, ela será diferente de todas as outras que já se sentaram aqui, no meu colo – bati com as mãos nas minhas pernas inertes e ela observou o meu toque -, ela não vai vir de livre e espontânea vontade. Eu vou ter que fazer por merecer.

Nós dois nos olhamos por um longo tempo até que percebi que ela soltou a respiração e seus olhos brilhavam de lágrimas. Ela chegou perto de mim e pegou meu rosto entre as mãos, me falando bem baixinho:

- Eu amo você, meu amor. – e antes que chorasse na minha frente, deu as costas e se foi. E eu respirei fundo, me largando na cadeira, olhando ao redor para o meu quarto grande e cheio de tralhas. E então, desde esse dia, eu contei cada segundo a espera da garota que mudaria o meu mundo.

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