Capítulo 4 - Leandro

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Eu não vou mentir que fiquei surpreso em vê-la aqui. Pensei que ela faria qualquer coisa hoje a noite, menos frequentar uma festa barulhenta e cheia de gente como essa. A Cindy não tem cara de que curte muito essas coisas, e da forma como ela correu de mim no primeiro dia de aula, realmente acreditei que ela não aceitaria o meu convite. O que de fato aconteceu, já que ela não está aqui comigo, mas sim com umas garotas da nossa sala.

Ela ainda não tinha me visto quando chegou, mas mesmo do outro lado da casa, percebi quando ela atravessou a porta com seu vestido bonito e seus cabelos sedosos. Acho que essa garota não faz ideia do quanto é linda. Eu sei disso pelo jeito dela de se comportar, olhando todo mundo como se fosse inferior e não merecesse a atenção de ninguém. Mas, caramba. Ela está tão enganada...

Por isso eu fiquei acompanhando seus movimentos discretamente por toda a noite. Vi quando suas amigas a deixaram sozinha e também vi quando ela veio para fora da casa. Juro, eu não queria ter reparado nisso, mas vi que se passaram mais de meia hora e ela não voltou. O que eu tenho com isso? Nada. Eu estou cansado de saber, mas quando dei por mim a minha cadeira já estava andando rumo a porta e esse é um dos momentos na minha vida onde eu gostaria muito que essas duas pernas malditas funcionassem.

Primeiro, tive que engolir a saliva quando vi os dois se beijando. Não que ela não possa fazer isso. Caralho, ela pode! Eu só preferia não ter que ver. Não me pergunte o por quê. E agora quero fazer esse maldito engolir todos os dentes por estar com as mãos nela, enquanto ela grita para que ele a solte.

- Tira suas mãos de cima dela, cara. Agora!

O cara olha para trás e então me vê, ainda segurando os braços de Cindy que me olha desesperada.

- O que foi que você disse? – ele me pergunta, franzindo a testa para mim.

- Eu te mandei soltar a garota. Quer que desenhe, porra? – digo e cruzo os braços no peito. Ele me olha de novo e começa a rir, se virando para Cindy e apertando suas mãos nela mais uma vez.

- Solta a menina, seu panaca. Que parte você não entendeu? – eu falo mais alto e chego com a minha cadeira perto dos dois. Ela pede repetidas vezes para que ele se afaste, mas ele simplesmente mantém o aperto em seus pulsos e me olha de novo, gritando:

- Cai fora, seu aleijado!

- Nossa, sério isso, cara? – arregalo os olhos pra ele e dou uma risada sarcástica. – É desse jeito que você acha que ofende as pessoas e as assusta? Eu estou sentado numa cadeira de rodas, logo sou um aleijado. Você acha que está contando algum segredo pra alguém, ou me humilhando por causa disso, idiota? Melhora seu repertório de babaquice porque essa foi bem fraca, parceiro. Eu vou te falar de novo e pela última vez: s-o-l-t-a a g-a-r-o-t-a, porra!

Enfim ele solta os braços dela e se vira para mim, abaixando o tronco na minha direção e colocando as mãos, uma de cada lado da minha cadeira. Seus olhos estão vermelhos e ele tem um cheiro forte de cerveja na boca que está bem na direção do meu nariz. Faço cara de nojo.

- Quem você pensa que é, filho da puta? – ele me pergunta.

- Não te interessa. Agora some daqui.

- Vai te fuder! – ele fala e então alguém fala:

- O que tá acontecendo aqui? – é o meu irmão. O cara levanta o rosto e encara Fred que está atrás de mim, enquanto isso olho para Cindy que está chorando em silêncio e encostada na parede, tremendo de medo. Faço um gesto para ela ficar calma.

- Nada, Fred. Já resolvi.

- Anda, fala o que tá rolando. – ele insiste.

- O que esse cara é seu? – o idiota pergunta para o Fred.

Enquanto Você Respirar (DEGUSTAÇÃO - Completo na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora