Eu o amo

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No restante da semana Marlon e Sofia saíram para fazer tours pela cidade, não tenho tido ânimo para acompanha-los então dava inúmeras desculpas que nunca funcionavam.

-Ah, vamos Val, é a torre Eiffel- Sofia tentava me animar

-Não, vão vocês, desde que chegamos aqui vocês não saíram uma vez se quer sozinhos, a viagem é de vocês, não se preocupem comigo- digo me acomodando na grande poltrona de couro vinho do quarto de Marlon e Sofi

-Mas você vai ficar aqui sozinha? - a princesa pergunta impaciente

-Na, eu vou em uma festa com a... ah...

-A? - ela não entende

-Com a... Laid... Pierre- falo pausadamente tentando pensar em um nome

-Laid Pierre?- um ponto de interogação toma conta de sua excreção

-É... eu conheci ela em um bar e ela me convidou pra uma festa... legal- falo tentando parecer convincente

-Sim- ela estreita os olhos- então tudo bem- ela diz convencida indo em direção ao banheiro

-Não tem nenhuma Laid Pierre, não é? - Marlon pergunta entrando no quarto

Fico quieta e me concentro em alguma coisa lá fora.

-Você não vai, seja lá o que for, festa, balada, urgia, você vai ficar aqui no hotel

-Você virou meu pai e eu não to sabendo? - falo ironizando

-Quem sabe? - ele fala vestindo um casaco azul púrpura escuro

-Vai se ferrar noivinho, você não manda em mim- me levanto da poltrona e estou de saída quando Marlon surge na minha frente

-Diga que não vai- ele insiste

-Eu vou

-Fala sério... Laid Pierre, Pierre é nome de homem- ele corrige

-E Marlon é nome de viado- retruco

-Não brinque comigo Valentine- ele fala segurando meu queixo bruscamente- você não me viu bravo de verdade ainda- ele fala apertando meu rosto

-Aí que meda

Ele me solta e eu volto para meu quarto, fechando a porta atrás de mim sinto tanta vontade de chorar, ele é realmente capaz de me machucar?

Que se dane, mais uma ferida não faz diferença, hoje vou beber até desmaiar, e não à nada que Marlon possa fazer.

Com uma meia causa cobrindo as pernas, visto um short preto que vai até as coxas e me agasalho bem com uma jaqueta de couro preta, por baixo dela uma camisa de mangas meio velha, não me importo com oque vestir, quero mesmo é me esquecer de tudo oque está acontecendo ao meu redor.

Marlon e Sofia já saíram e agora são onze horas, hora de fazar. Pego um táxi é avisto uma boate qualquer.

-Para aqui- mando

-Mlle? - o taxista fala

-Ici!- falo firmemente querendo que ele entenda

Ele para o carro e eu o pago. Entro na boate que pelo visto estava cheia.

-Será que eu vou precisar do Google tradutor aqui? - pergunto a mim mesma

Nos fundos da boate um open bar estava a disposição, sento me em uma das  banquetas de acento cor vermelho forte e me concentro no que pedir. Um garçom se aproxima esperando meu pedido, ele fica me examinando até falar:

-Você ser americana? - ele fala em sotaque francês 

-Sim, você sabe falar minha língua? - pergunto surpresa

-Um poca- ele responde sorrindo
Cara que escroto esse sotaque.

-O que a Laid desejar? - ele pergunta

-Uísque, por favor

-Okay

Muitas pessoas andavam e dançavam pela boate, percebi que vários homens pareciam me encarar, mas não estou interessada em fazer alguém de idiota hoje.

Um cara com aparência de trinta senta ao meu lado e pede alguma coisa, mas o garçom entrega a bebida para mim.

-Ele querer pagar uma bebida- o garçom avisa indicando o ancião ao meu lado

-Vai dar uma voltinha velhote- falo tentando enchota-lo de perto de mim

Ele não entende e começa a falar umas coisas estranhas em francês.
Viro me para o outro lado com nojo, nem pra ser um cara gatinho.
Um rapaz se aproxima estranhamente de nós, ele era loiro e não consegui distinguir bem seus olhos mas ele me lembrava Marlon, mas não era ele.

-Excusez-moi, quelque chose? - ele fala

-Non, non, ll est tout droit- o cara ao meu lado responde

-Etes- vous sûr? - o rapaz parece perguntar novamente- Parce que pour moi, elle est dégoûtée avec vous

-Et pourquoi ne pas aller faire un tour là-bas morveux

Os dois parecem estar discutindo, fico ali observando a treta rolar enquanto termino de tomar minha bebida. Saio discretamente dali depois de beber três copos de Uísque, dois de Vodca e quatro de cerveja, eu nunca pego leve, tento não cambalear tanto, mas minhas pernas vacilam demais.

Consigo chegar na rua, que para minha surpresa estava movimentada, era possível ver a umidade no asfalto frio, em meio a tanto movimento, perto de tantas pessoas... por que me sinto tão solitária?

De volta ao hotel, cambaleio pelos corredores tentando achar o elevador que dá ao corredor privado, onde se localiza meu quarto.
Entro em um elevador qualquer e me deparo com um menino de dez anos.

-Oh pirralho, que horas são?

Ele me olha sem entender, observo a tela de seu celular e percebo que eram três e meia da manhã.

Consigo achar o corredor mas tenho dificuldades para abrir a porta. Frustada e cansada sento me ali mesmo em frente a porta e começo a chorar.

Não queria estar ali, queria estar em Manchester com Marlon, rindo das coisas malucas da minha tia, tentando pregar uma peça em algum guarda, queria me deitar sobre a grama macia do pasto grande atrás do castelo e olhar para o céu, falar sobre meu futuro com Marlon, e ter a certeza que ele estaria incluso.

-Va-Valentine? - ouço uma voz

-Ah... oi- falo enxugando meu rosto vermelho e corado

-São três da manhã... como você? ... O que você?! Você está bem?

-Não- começo a chorar novamente- eu não to bem

-Nossa, porque, aconteceu alguma coisa?

Balanço a cabeça positivamente.
-Aconteceu algo- afirmo chorosa
-O que? ... fala logo- ele me apressa se abaixando também

-Eu, eu me apaixonei... por Marlon

-Hã? - ele se espanta

-É... eu me apaixonei por ele, mas não conta pra ninguém- faço gesto de silêncio

-Como assim não contar... você está bêbada, né?

-Não, não, eu to falando a verdade, eu amo ele, mas ele me- deixo escapar um arroto azedo

A pessoa a minha frente faz careta, sinto me ser levantada e colocada na cama.

-Ele não te odeia Valentine- a voz fala calmamente

-Então avisa ele que eu... eu estarei esperando por ele

-Por que?

-Eu estarei esperando quando ele precisar de mim, por que eu...

-Você oque? - a voz fica curiosa

-Eu o amo tanto

Valentine apenas uma rainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora