Capítulo 8

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Acordo deitada em uma sala fechada, meus olhos demoram para se acostumar com a escuridão. Vejo Lucas, do outro lado da sala, ele está desacordado e parece muito machucado, eu mesma me pergunto como será minha aparência.

Tento me levantar e correr para chegar até ele, mas meus joelhos cedem, pois ainda estou fraca. Chamo por ele e após algumas tentativas consigo me levantar, sento ao seu lado enquanto ele acorda.

— Quanto tempo eu dormi? - ele pergunta.

— Não sei, acabo de acordar. — Respondo e após uma pausa continuo. — Lucas? Estou com medo... Por que isso está acontecendo? - Meus olhos marejam por causa das lágrimas que ameaçam cair.

— Vai ficar tudo bem Judy, estou aqui e sempre ficarei ao seu lado. — Ele me puxa para perto e me abraça. Encosto a cabeça em seu peito e deixo as lágrimas rolarem por minha face. Ele me abraça mais forte e percebo que depois de algum tempo adormece.

Me lembro de tudo que já passamos nessa base, tantos anos e mudanças. Não paro de me perguntar... o que fizemos para parar aqui?

Se passaram alguns minutos ou horas, não sei dizer, acabo de acordar. Ainda estou abraçada a Lucas quando ouço um barulho e a porta deste lugar — semelhante a uma cela — se abre.

Lucas. — Sussurro para que ele acorde.

— Vejam só, desta vez são pombinhos. — Ouço uma voz feminina dizer.

Lucas pisca e abre os olhos, me encara por momentos e depois olha assustado para a porta, onde quatro jovens — não consigo ver seus rostos porque a claridade está atrás deles — nos encaram.

— Droga. — Ele diz e se levanta, se apoiando na parede.

— Talvez sejam só amigos. — Outra voz feminina diz.

Tento me levantar, mas minhas pernas estão fracas. Fraquejo e vou em direção ao chão, mas antes que eu possa pensar em me apoiar, um garoto de cabelos negros atravessa a porta e me segura. Sinto uma pontada de dor muito forte em minha cabeça.

— Quem são vocês? — Pergunto me apoiando nele, embora eu esteja desconfiada, aceitar ajuda é melhor do que cair no chão novamente.

— Seus novos colegas de base, princesa. — Ele diz com um sorriso torto. Reviro os olhos. — Me chamo Aaron.

— Sou Piper, princesa. — A garota com cabelos negros que nos chamou de “pombinhos” diz e sorri debochada enquanto liga a luz. Reviro os olhos novamente.

A claridade ofusca minha visão por alguns segundos, mas logo me acostumo e vejo tudo mais claramente.

Um cômodo cinza de tamanho médio, com piso estofado. Há dois jovens apoiados nos beirais da porta de ferro. Um garoto quase careca de pele negra e uma ruiva, que parece ser mais nova.

— Nicolla. — A garota se apresenta e acena com a mão.

— Christian. — O garoto diz e em seguida nos cumprimenta com um aceno de cabeça.

— Lucas, prazer em conhecer vocês. — Lucas diz. Mesmo confuso, ele parece estar muito melhor do que eu agora. — Eu acho.

— Sou Judy. — Respondo desconfiada.

— Geralmente o efeito do sonífero que usam na gente passa em poucas horas, mas tem vezes que dura mais. Seja pelos que aplicarem serem novatos e colocarem a dosagem errada ou pelo próprio corpo da pessoa reagir de forma diferente. — Aaron e explica. — Sei disso porque como fui o primeiro aqui me contaram isso.

— Uhm. — Murmuro. Minha cabeça está doendo bastante, acho que bati enquanto caia após aplicarem o sonífero. — Lucas?

— Sim? — Responde me encarando.

prepared, restarted & mutatedWhere stories live. Discover now