Carregar, Mirar e Atirar

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15 de Março de 2012

Horn Springs, Lebanon, TN

03:20 PM

Santana crescera numa comunidade violenta mesmo sendo filha de um dos maiores médicos de Lima. Ele não conseguia abandonar as raízes em Lima Heights e sua família tinha vivido lá até aquele apocalipse todo começar.

E para Santana, a casa que Sam tinha invadido não era em nada parecida com uma fazenda. O gramado possuía a aparência que não era cortado há dias, e mesmo assim conservava uma forma imponente. Os portões aparentavam ter pedaços de ouro misturado com o ferro com que fora construído. Se houvesse a tal horta que ele tinha mencionado antes, estava no quintal dos fundos, por que nenhuma coisa comestível plantada na terra se encontrava na parte da frente.

Ela soltou um assovio impressionado ao levantar os olhos para a casa. Não era uma casa normal, tampouco aquelas casas simples do interior como havia visto horas antes no vilarejo macabro. Era uma mansão. Enorme, de três andares, pelo que Santana pôde contar. Sam comentava sobre o quanto estava feliz por elas terem conseguido chegar ali, mas ela não dava atenção. Seu queixo caía à medida que chegavam perto daquele monstro que Sam chamava de fazenda.

Ele abriu as portas de madeira gigante e Santana deparou-se com Mercedes e Puck, com Beth no colo. Atrás deles estavam Rory, Sugar e Harmony, todos eles com sorrisos enormes nos rostos. Ela lançou um olhar rápido à decoração vitoriana do hall e pulou nos braços de Puck quando ele deixou Quinn segurar Beth.

Já tinha perdido a conta de quantas vezes havia transado com ele. Ela tinha perdido as esperanças de conquistar Brittany quando Puck foi à sua casa para consolá-la e falar que tudo ficaria bem, que Artie havia entendido o quanto as duas se amavam. Puck fora seu melhor amigo e melhor combatente quando Quinn se aventurava em outras missões, sozinha. E ele tinha sido o pivô para que voltasse com Brittany, meses antes desse pesadelo começar.

Santana o amava. Não pelas transas ou pelos conselhos ou pela grande ajuda que ele fora. Ela o amava por que, depois de Brittany, a única pessoa que conseguia acessar sua dor com conversas melosas e que ela achava extremamente chatas (com Quinn era mais fácil por que nenhuma das duas precisava de muitas palavras para se entender) era Noah Puckerman.

— Shelby... — disse Puck num sussurro no ombro de Santana após alguns minutos. — Ela... E-ela...

— OK, Puck, tudo bem — consolou Santana, o choque da notícia lhe dando um soco. Shelby era a única adulta entre eles que conseguira escapar, a única pessoa legalmente responsável. O que eles fariam sem ela? — Vai ficar tudo bem.

É claro que não ficaria. Quem cuidaria de Beth? Quem poria juízo na cabeça daqueles garotos quando a conversa não parecesse ser o suficiente? Eles estavam salvos naquela mansão gigante, mas até quando?

— Claro — murmurou Puck, um resquício de seu tom sarcástico passando por ali. — Claro que vai.

Ele soltou-se de Santana e foi cumprimentar Rachel.

Santana ficou parada no mesmo lugar durante vários minutos. Se Sugar não tivesse lhe chamado tão insistentemente para que fossem à sala de jantar, provavelmente teria ficado no hall até escurecer. Estava um pouco fora do lugar ali. A perspectiva de não trocar de turnos no meio da noite com Quinn para que pudesse vigiar a casa ou não dormir nada por que estava no meio da estrada e tudo poderia acontecer era estranha. Ela surpreendeu, por que ter um pingo da normalidade que possuía antes de tudo lhe assustava.

15 de Março de 2012

Horn Springs, Lebanon, TN

07:12 PM

Running Away From HellWhere stories live. Discover now