Em Chamas

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05 de Abril de 2012

Horn Springs, Lebanon, TN

11:15 AM

— Rachel... — murmurou Quinn, as mãos presas no volante, os nós dos dedos brancos. Os olhos estavam fixados na mansão. — Rachel.

O pesadelo estava se tornando realidade, a estranha sensação era terrivelmente correta. Rachel corria perigo, Rachel poderia estar morta. E ela não conseguia se mover, não conseguia respirar direito. Sabia que deveria levantar, mas a ideia de encontrar os restos mortais de Rachel não entrava em sua cabeça.

A ponta extrema da casa estava em chamas; a parte mais perto desmoronava. As cinzas espalhavam pelo ar, criando uma aterrorizante névoa negra. Os outros três haviam saído do carro, e Quinn podia ouvir Brittany chamando aos berros por Santana, o desespero preso em sua voz. E ela não conseguia nem sair do carro...

— Quinn! — Sam exclamou ao abrir a porta do Cadillac e puxá-la para fora. Segurada pelo garoto, sentiu-se mole. Quinn desviava o olhar choroso dele, as mãos fechadas em punhos. — Acorde, por favor, Quinn! Precisamos de você!

Não, não precisavam, pensou ela. Rachel podia estar morta, qual era a sua função naquele mundo apocalíptico se a razão de continuar vivendo estava morta? Nenhuma. Não vivia agora, custaria a sobreviver. O pesadelo voltava a seus olhos como se fosse tortura.

— Ela não está morta, me escuta! — A voz de Sam e os sacolejos dele pareciam distantes. — Quinn, olha pra mim! Rachel não está morta!

Lentamente, as palavras do garoto foram por ela entendidas. Ela balbuciou algumas coisas, mas teve certeza de que Sam não entendera. Tirou as mãos dele de seus braços e tomou coragem para encará-lo. Ela firmou o corpo e disse num murmúrio esperançoso:

— Ela não está... morta?

— Não — Sam respondeu com firmeza. — Vamos, nós temos que olhar os estragos.

Quinn concordou com a cabeça, sentindo o braço de Sam passar por sua cintura e abraçá-la. Não conseguia chorar, não conseguia sentir. O choque e a moleza do corpo pareciam ter desaparecido e davam lugar a nada, apenas a um olhar fixo seu na mansão destruída.

Não notou, que no caminho, havia vários walkers mortos; alguns arrancados a cabeça, outros simplesmente com as vísceras para fora; os tênis de Quinn pisando em partes cerebrais que ela certamente acharia nojenta em um dia normal. Ela comentaria com Santana o quanto isso era desgostoso e as duas ririam. Seu estômago revirou-se, mas ela ficou sem saber se era por causa das lembranças ou dos pedaços de carne.

Ao chegarem perto da casa, encontraram uma ainda desesperada Brittany gritando por Santana e Hanna tentando acalmá-la. Brittany se sentara no chão, as mãos fechadas em punhos segurando uma grande quantidade de cinzas. O calor era sufocante e o suor começava a brotar da testa de Quinn a medida que ela começava a se aproximar da casa, como se algo a estivesse puxando para ela.

Parou no que antes era o hall de entrada e virou-se para os outros. Apenas Sam a observava. O fogo estava perigosamente perto; o suor que escorria por seu rosto crescia consideravelmente. Os restos do segundo andar ainda estavam de pé. Quinn localizou o berço de Beth a uns dois metros de distância e sua garganta secou.

Beth... Puck a teria salvado, certo? A garota era sua filha também, afinal de contas. Puck era o melhor pai do mundo, mas nem todos iriam se lembrar dos outros em uma situação de perigo. Ela engoliu em seco, arrependida de ter apenas pensado em Rachel. Beth era igualmente sua, ela devia se preocupar com ela da mesma forma com que se preocupava com a namorada.

Running Away From HellWhere stories live. Discover now