Morte

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24 de Março de 2012

Quarto da Hanna, Terceiro Andar, TN

10:35 AM

— Rachel, eu sinceramente acho que eu não deveria estar aqui.

Rachel revirou os olhos. Quinn acenou afirmativamente, o pânico começando a subir em sua cabeça. Suas mãos suavam horrivelmente e ela não conseguia fazê-las parar de tremer. Estavam à porta do quarto de Hanna e a última coisa que Quinn queria fazer era entrar nele.

— Pelo amor de Deus, Quinn, ela só vai olhar como você está! — a garota retrucou irritada. — Você não vai morrer só entrando no quarto!

— Tá bom, mas se eu entrar, você terá que estrear sua pistola no quintal dos fundos hoje à tarde. — Rachel franziu o cenho, a expressão mudando radicalmente. — Isso mesmo, Rach, você vai treinar com uma arma hoje de novo.

Rachel encarou Quinn, que mantinha agora um sorriso vitorioso no rosto, o medo sendo substituído pelo tom desafiador.

— Beleza — concordou Rachel, estendendo a mão para que Quinn apertasse.

Quinn deu uma piscadela e apertou a mão estendida de Rachel. Seus olhos brilharam por uma animação desconhecida quando Rachel bateu na porta do quarto de Hanna.

A animação sumiu tão logo Hanna abriu a porta. Esquecera-se por um momento que deveria cumprir uma parte da aposta para que desse uma aula a Rachel outra vez. Hanna estava super perfeita, como sempre, vestindo uma camiseta preta com a foto de uma banda que ela nunca ouvira falar. Ela, novamente, atraiu suspiros de Quinn e Rachel.

— Vejo que convenceu sua namorada a vir aqui — disse Hanna, erguendo as sobrancelhas para a camisa flanela de Rachel rasgada nas mangas.

Rachel ficou vermelha feito um pimentão. Quinn desviou os olhos das duas e passou a observar seus tênis surrados, se perguntando se a mulher não teria falado aquilo de propósito, se ela tinha mancomunado com Santana de alguma forma para que pudessem fazê-la pedir Rachel em namoro.

— Entre, Quinn, entre! — convidou Hanna animada. Ela parecia não ter notado o clima estranho que se instaurou. Hanna pegou a mão de Quinn e logo a garota sentiu calafrios subindo por sua espinha. Ficar perto de Hanna ainda não era algo bom para ela. — Rachel, você vem?

— Não, eu tenho que ajudar Mercedes no almoço — disse Rachel, um tanto desanimada. A verdade era que ninguém queria ficar muito tempo perto de Mercedes nos últimos dias. Ela só falava de morte e reclamava de como os gemidos do walker do quintal do fundo dificultava seu sono. A briga que haviam ouvido outro dia não se comparava em nada com as próximas que surgiram. — Vejo você mais tarde.

Rachel se inclinou para dar um selinho em Quinn, mas olhou no último instante para uma Hanna distraída brincando com a mão dela e apenas deu-lhe um beijo na bochecha. Quinn ficou desapontada com o gesto quando Rachel saiu aos pulos no corredor. Depois, virou-se para Hanna com um sorriso envergonhado.

Ela entrou no quarto atrás de Hanna, quando finalmente a garota soltou sua mão. Observou-o atentamente, pois Hanna já tinha dado seu toque nele. As paredes, antes brancas, agora estavam rabiscadas de giz de cera de todas as cores, formando arabescos e desenhos que jamais vira na vida. A cama estava desarrumada, uma pilha enorme de roupa suja jazia jogada perto de onde os pés de Quinn estavam e um notebook aberto em arquivos estranhos estava em cima de uma escrivaninha.

— Sente-se — disse Hanna enquanto ela se virava para a mesinha e abria o kit de primeiros-socorros que Quinn tanto temia.

Quinn achou difícil arranjar um lugar para sentar-se na cama extremamente bagunçada de Hanna, mas acabou se acomodando num cantinho dela, sentindo-se muito desconfortável. Suas mãos já haviam parado de suar, contudo, a tremedeira não parava. Pôs-se a observar os arquivos em aberto do notebook furtivamente numa maneira de manter distraída do que estava por vir.

Running Away From HellWhere stories live. Discover now