✉ Prólogo ✉

9.2K 1.5K 213
                                    

19 de junho de 1999

Era nossa despedida. Meu coração doía em saber que nos separaríamos, mas não podíamos evitar a vontade de viver aquela experiência juntos.

Era para ser com ele.

— Você acha que vai doer? — perguntei, quando estávamos sozinhos no meu quarto.

— Eu não sei, nunca fiz isso — ele respondeu, sua voz como sempre doce e tímida.

Respirei fundo e o beijei. Não me restavam dúvidas sobre o que sentia por ele.

Era tão grande, tão...

Imensurável.

Nosso beijo se intensificou e quando menos esperávamos, nos vimos nus, deitados naquela cama de solteiro da minha casa. Minha mãe tinha ido viajar para preparar a mudança e aquela era a nossa despedida.

Despedida não, pois nosso amor não se acabaria nunca.

Eu só tinha 14 anos, mas sabia que o amava. Sentia isso.

— Eu te amo com toda a minha vida — afirmei ofegante entre nossas carícias.

Estávamos deitados, agarrados como um.

— Eu te amo além da vida — replicou.

Me sentia pronta para consumarmos nosso amor pela primeira vez, tanto pra mim, quanto pra ele.

— Eu vou com cuidado, tudo bem? — me acalmou enquanto se protegia.

— Tudo bem, confio em você.

Sorri.

Ele me amava.

Ele me ama.

Então aconteceu.

Entre nossas carícias, em um momento o senti dentro de mim. Foi dolorido, incômodo, mas a emoção de estar com ele e não qualquer outra pessoa, suavizou qualquer incômodo em mim.

— Promete me amar pra sempre? — pedi chorosa.

Sentia uma ardência no peito, quando finalizamos nosso ato de amor.

Eu não queria me despedir. Não queria.

— Prometo ser sempre seu, sempre — respondeu, me beijando em seguida.

(...)

No dia seguinte, foi quando mais derramei lágrimas desenfreadas ao me despedir de Pedro.

— Promete que vai me escrever? — chorou ele, falando comigo, antes que eu subisse no ônibus para o Rio de Janeiro.

— Prometo, vou escrever todos os meses. Promete que vai me amar sempre? Você prometeu ontem, você disse que seria sempre meu! — Eu soluçava, meu rosto estava marcado pelas lágrimas e a dor da despedida.

— Prometo, meu amor. Eu prometo! Não vamos nos separar nunca! Vou crescer e vou te buscar lá pra vir morar comigo!

Tentava ir, mas sua mão segurava a minha com força.

Não quero ir, não quero ir.

— Eu te amo! — gritei. Minha mãe me puxava para dentro do ônibus.

— Eu te amo! Pra sempre! — Pedro respondeu, vendo-me passar pelo corredor interno do veículo enquanto esticava os braços em sua direção.

Aquele menino, que foi meu primeiro beijo, meu primeiro amor, meu primeiro tudo estava do lado de fora, na plataforma, em prantos segurando sua mochila nas costas. Tinha faltado aula apenas para me ver ir.

Minha garganta parecia entalada, doía demais.

Por que a vida não é como a gente quer?

— Vamos, Valentina! Pare de chorar. Nossa vida será melhor, você vai ver.

Minha mãe me abraçava. Meus irmãos próximos de nós não entendendo quase nada do que acontecia.

Eu só conseguia olhar para ele, pela janela, me dando adeus.

(... )

Bem-vindos à minha história.

Às vezes tentamos seguir um curso com nossa vida, certos de que aquilo é o certo a fazer, mas não conseguimos fugir do que nos foi destinado.

E aqui, vocês saberão, como foi para que eu entendesse que aquele amor imensurável, na verdade, nunca teve seu fim.

2- Imensurável {AMOSTRA}Onde histórias criam vida. Descubra agora