Adiantado pois não sei se conseguirei postar amanhã <3
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Pedro
Após o enterro do meu ex-cunhado, onde a vi, não conseguia tirá-la da cabeça. Será que realmente ela tinha voltado? E por que não me procurou? A mulher maravilhosa que vi consolando a amiga no enterro era, de longe, o reflexo do que a antiga Valentina era. Indefesa, frágil, medrosa. Aquela mulher que avistei estava forte, firme e, com certeza, realizada.
Tentei expulsar a desordem que ela estava começando a causar na minha cabeça, e foquei no que mais tinha focado ao decorrer dos anos: no trabalho.
Já tinha progredido tanto ao passar todos os anos tentando esquecê-la.
Quando ela enviou a carta, eu tinha apenas 18 anos. Estava juntando dinheiro dos trabalhos que realizava na rua e na escola desde quando ela se foi. Às vezes ajudava senhoras a carregar compras até suas casas, ou dava aulas particulares para alunos não dedicados e ganhava uma grana extra. Nunca passei por tempo ruim, sempre me virei e juntei dinheiro para o momento em que Valentina retornasse para mim. Queria poder dar a ela o casamento dos seus sonhos.
Mas tudo ruiu quando ela enviou a carta. O fim de tudo.
Ao ler aquilo, me tranquei em meu quarto e comecei a chorar desenfreadamente como um babaca. Era ainda um menino imaturo e apaixonado que pouco sabia da vida e do amor.
Os anos se passaram e minha solução foi focar em mim mesmo. Passei para uma faculdade pública em Administração e me formei com honras. Aluguei uma casa aos 20 anos e levei minha irmã para morar comigo devido à separação dos nossos pais. Conforme os anos se passavam, só pensava em trabalhar, guardar dinheiro para comprar um apartamento e ser dono do meu nariz sem dar satisfação a ninguém. Com relação a mulheres, não me importava. Valentina, com o passar dos anos, se tornou passado e consegui trancá-la em uma sala pequena dentro da mente, onde não pretendia jamais tirá-la. Até aquele dia do enterro de Henri.
Os dias seguintes ao enterro foram borrões. Valentina linda e bem-sucedida invadia minha mente como um vírus que não queria sair. Mas a queda do abismo foi quando a encontrei na minha casa, no meu sofá, conversando com minha irmã. O pior de tudo foi que ela sequer lembrou de mim. Se lembrou, fingiu não me conhecer. O que fez com que eu amaldiçoasse os batimentos acelerados de meu coração por vê-la ali tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.
Mais dias após, e eu soube por Amanda, que Valentina e ela criaram um laço de amizade singela. A ajudava e aconselhava sempre que necessário e Laira — a antiga amante do Henri — era, de certa forma, um elo entre as duas. A boa vontade de Amanda em querer ajudar Laira fez com que Valentina e ela se tornassem boas amigas, para meu azar.
Um dia, sem eu menos esperar, estava em meu apartamento em pleno sábado comendo alguma coisa que inventei na cozinha para o almoço, quando a campainha tocou.
Deveria ser a tal babá da Clara de novo, eu conhecia o tipo de mulher que ela era. Grude.
Estava apenas de bermuda, era fim de inverno mas as temperaturas estavam altas. Deixei o prato na pia para lavar depois e segui até a porta.
Quando abri, tive uma surpresa.
— Você por aqui? No que posso ser útil, doutora? — ironizei ao atendê-la em minha porta.
Era Valentina, a grande psicoterapeuta doutorada com honras, me dando o ar da sua ilustre presença. Ainda estava cultivando a raiva pelo fato dela fingir não me conhecer no outro dia. O que ela tinha a perder? Custava revelar à Amanda que já me conhecia? Decidi então agir como desconhecido. Eu jamais mendigaria atenção ou qualquer coisa a uma mulher, mesmo que ela fosse Valentina.
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2- Imensurável {AMOSTRA}
ChickLitSérie Feelings livro 2 Valentina sempre foi uma mulher esforçada que enfrentava os problemas da vida de peito aberto. Psicóloga renomada, morou no Rio de Janeiro desde sua adolescência, tendo que largar seu grande amor aos quatorze anos. P...