✉Capítulo 6✉

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Valentina

- Amor. Acorda. - Senti um toque leve em meus braços.

Reconheci a voz de Juliano e abri lentamente os olhos, os esfregando com as mãos antes de respondê-lo.

- Bom dia, amor.

- Bom dia. Sente-se. Precisamos conversar.

Mal acordei e já estava nervosa, será que ele soube de algo? Decidi que era melhor me entregar logo de uma vez. Sentei-me na cama e aguardei Juliano sentar-se ao meu lado e começar a falar.

- Bom... - Pigarreou ele. - Primeiro de tudo, eu queria te pedir perdão.

Ele me encarou nos olhos. Desde sempre via luz e sinceridade neles, foi o que mais me manteve próxima de meu melhor amigo ao longo dos anos.

- Perdão pelo quê?

Ele segurou minhas mãos.

- Por não ter dado a atenção que merece ultimamente. Tenho trabalhado tanto com os negócios da família, com as parcerias pros nossos consultórios que nem tenho perguntado se precisa de mim para algo ou para organizar o casamento. - Acarinhou meu rosto.

Naquele momento quis chorar. Ultimamente tudo me fazia chorar, foram muitos baques, muitos choques e conflitos internos abalando-me emocionalmente, mas a culpa... Ah, a culpa era pior que todos os conflitos dentro do meu coração que, antes da traição, sempre fora tão honesto com meu noivo.

Contive as lágrimas e toquei na mão de Juliano, que me acariciava.

- Tudo bem, sério. Ultimamente estou meio indisposta, mas não é culpa sua, fique tranquilo. Hoje vou verificar tudo novamente sobre o casamento e as coisas no consultório. Mas antes eu...

Finalmente contaria e tiraria o peso das costas.

- Fico mais feliz. - Ele me cortou. - A outra coisa é sobre Laira.

Imediatamente entrei em alerta. Qualquer mudança no comportamento de Laira devia ser observada de perto.

- O que tem ela? Tenho sido uma péssima amiga, ainda não tive tempo de dar atenção a ela nos últimos dias. - Lamentei.

- Ela tem progredido, mas ontem quando eu cheguei e fui vê-la, você já estava dormindo. Ela do nada começou a repetir o nome do Henri. Fico me sentindo impotente quando vejo isso, não queria nem imaginar se ele deixasse filhos nela. - Juliano contou, com tristeza em seu olhar.

Filhos.

Filhos.

Era uma palavra que mexia comigo da cabeça aos pés, mas daquela vez foi pelo motivo errado. Não podia acreditar que não tomei a pílula do dia seguinte pelo momento que tive com Pedro.

- Val? - Juliano me despertou dos devaneios.

- Oi? - Voltei a me concentrar nele.

- O que vamos fazer com ela? Precisamos fazer algo, ela não pode regredir, não é?

- Não... Ela não pode regredir. Vou verificar com Lurdes se está administrando os remédios que o psiquiatra lá do consultório receitou na hora certa, e quando eu retornar do trabalho hoje, vou lá vê-la. Vamos ver se conseguimos algum sinal de progresso.

- Sim, amor. Por isso que eu te amo, sabia? Você sempre teve esse coração gigante. Vou ter a melhor esposa do mundo. - Juliano, sorrindo, começou a me beijar, e o retribuí alegre.

Por aquele momento, com o conforto de Juliano, me deixei levar pelo sentimento agradável de tê-lo.

Naquela manhã fizemos amor, e logo depois nos aprontamos para trabalhar.

2- Imensurável {AMOSTRA}Onde histórias criam vida. Descubra agora