Espero que alguém ainda leia essa história depois de tanto tempo de demora. Só explico o motivo pelo privado. Beijos e boa leitura <3
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Eu preciso aprender a respirar fundo e ignorar o que mais detesto ouvir, mas o meu consciente sempre me desobedece e a impulsividade toma conta do controle que era para eu ter. Necessito assimilar a minha direção e deixar a minha racionalidade funcionar, e não a emoção. Aliás, caso um dia aconteça, eu não irei querer ser preso por sintomas de um sentimento emocional de não compreensão e paciência com alguém. É isso o que eu tento fazer nos últimos segundos: inspirar e expirar. Talvez eu precise ir relaxar no Havaí ou no Caribe enquanto tomo um gole de um coquetel gostoso de morango e recebo uma massagem de vocês sabem quem. Porém, tudo o que eu vou conseguir no momento é um copo de água enquanto perco fios dos meus cabelos loiros.
É a raiva, fúria, irritação ou qualquer outro sinônimo existente que possa designar o que é ser infernizado em plena manhã de um final de semana, véspera de um feriado prolongado. Meu pai, ao invés de estar com um jaleco exercendo a função dele no hospital, está aqui, enchendo o meu ouvido de batatas à medida que eu me arrumo.
— Onde você vai? Está cedo demais, Benjamin. Na minha idade eu estava estudando — ele diz pela milésima vez a mesma coisa. Se eu ganhasse dinheiro a cada vez que ele fala isso, eu estaria milionário.
— Que bom para você, pai — respondo e o ignoro, pegando a minha jaqueta preta e colocando em meus ombros.
— Para onde você vai? — repete.
— Para a Mongólia, não está vendo a minha mala aqui e meu passaporte? — finalizo e reviro os olhos, ignorando se ele falou alguma coisa ou não. Nesse momento eu poderia estar em qualquer lugar que continuaria ouvindo a voz dele, mas pelos meus pensamentos. Já me senti culpado demais por não exercer ou seguir o que meu pai sempre quis, mas agora eu não ligo. Ou ligo?
Não, eu não ligo.
Bato a porta de casa e entro no meu carro, dirigindo para qualquer direção sem pensar direito. O que há de errado comigo? Queria muito ser o orgulho da família, aquele adolescente que vai ao jogo de futebol com o pai e tira fotos para mostrar para a mãe. Não. Isso é o que o meu pai sempre quis, eu quero mais. E é com esse pensamento que eu chego a casa do Gary. Não me assusto nem um pouco quando vejo a porta já aberta, e nem sei porque diabos eu estou aqui. A verdade é que eu não sei de muitas coisas: não sei porque sou assim ou porque o que quer que seja colocou Andrea no meu caminho; não sei porque vivo um drama todos os dias e nem como cheguei até aqui; não tenho a mínima ideia de quando a vontade de cantar surgiu, só tenho a noção que não irá parar por aqui.
Eu quero mais.
Nem ligo quem quer que esteja nessa casa, só vejo o Christopher e o Charlie e ando em direção onde os instrumentos estão. Pego uma guitarra — que está lá desde aquela festa imbecil —, o microfone e olho para os dois, que estão sem entender.
— Toquem — digo e eles se levantam do sofá, andando em direção onde os aparelhos estão. — Não importa o que, apenas toquem.
Christopher começa com a bateria, um toque baixo e confuso. Ele não sabia como iniciar. Charles introduz o baixo, acompanhando o Chis. Ambos chegam num consenso, formando uma melodia nova de consonância. Enquanto isso, eu fico parado tentando assimilar o que sou ou o que estou fazendo aqui.
"Sou um estrago
De palavras faladas"
Repasso todos os questionamentos. A pergunta é: por que ele não pode sentir orgulho? Ou, talvez, por que eu não posso mostrar isso? Se eu demonstro ser forte para ele, deveria ser íntegro aqui dentro também, mas a minha lucidez não permite que isso aconteça, pois a sociedade impôs que eu devo ser assim. Mas eu não quero isso.
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Além do Mar
Teen FictionBenjamin Lewis nunca imaginou que achar uma carta dentro de uma garrafa em pleno mar iria surtir tanto efeito em seus pensamentos. Foi mero engano acreditar que a liberdade que tinha era verdadeira. Dessa vez, ele queria respostas. Saber quem era a...