IV

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Boys and girls of every age

Wouldn't you like to see something strange?

Came with us and you will see

This, our Town of Halloween...

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*Nota do Autor: Sem mais ideias para a intercalação do Capítulo IV, então nada melhor que essa letra para definir Might Hallow

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Ninguém havia notado ou sentido falta da Marylin no carro. Esse foi o único pensamento que me vinha à cabeça nas próximas horas de viagem. Os pinheiros ao redor da estrada foram ficando cada vez mais dispersos conforme os quilômetros se passavam, dando lugar à grama rasteira que revelava os morros e colinas do terreno, com algumas fazendas e chácaras. Mais alguns quilômetros depois as propriedades foram ficando cada vez mais dispersas (até demais), e a grama passou de um verde-acinzentado para um verde-amarelado e quanto maior a distância, a cor da grama foi ficando cada vez mais puxada para o laranja. Algumas árvores mortas e arbustos secos salpicavam o sombrio terreno, e a lua de algum jeito parecia maior e mais laranja, e dela que vinha a única luz que permitia ver malmente o terreno. Me virei para frente e através do para-brisa vi a luz dos faróis iluminando uma desgastada estrada de asfalto rachado. Virando de volta à janela, pude ver, ao longe, nas colinas, uma linha cortando as elevações do terreno como se fosse um zíper gigante. Trilhos de trem. Os resquícios de civilizações foram ficando cada vez mais aparentes conforme nos aproximávamos do que deveria ser a cidade. Ao longe, vi mais uma linha cortando as colinas, mas dessa vez passava bem no meio da estrada. Quanto mais o carro se aproximava, pude ver que era nada mais nada menos que uma cerca de madeira que guardava um tapete de capim amarelo do resto da terra seca dos arredores de Might Hallow

– Chegamos – papai disse logo após passarmos por uma placa de madeira sustentada por estacas logo acima da estrada com os dizeres "Bem-Vindos à Might Hallow" em letras vitorianas e desgastadas.

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Might Hallow poderia ser considerada uma cidade interiorana. Ficava à 60 quilômetros de Magic Falls, a principal cidade de Stranger Valley. Ficava em uma área mais distante e seca da região e possuía um pequeno centro urbano com mais de um ou dois séculos, com edifícios envelhecidos de tetos altos, mas as maiores propriedades ficavam mais dispersas e distantes.

No meio do caminho a gasolina estava quase para acabar, então paramos no centro para encontrar tia Shei, que estava com a Marylin. Descemos em um pequeno restaurante e sentamos em uma mesa de madeira aparentemente pesada e cadeiras tão maciças quanto. Uma rareifeita iluminação fazia o trabalho de expulsar a escuridão da noite do recinto, que tinha uma aparência antiga, porém aconchegante

– Então... essa aqui é a cidade? – pergunta Tina, com certo nojo, enquanto tira os fones de ouvido

– Sim, filha. Bem rústico e aconchegante, não? – fala Jane

– Não. É nojento – volta a pôr os fones

Meu pai se sentou na cadeira que está encostada na parede e eu sentei ao lado dele. Encosto meu rosto nos braços apoiados na mesa, sonolento

– Tô cansado

– Já vamos chegar. A fazenda da Mercy fica só a 4 quilômetros daqui – papai diz, com certa animação e ao mesmo tempo receio

Boneca (NV)Onde histórias criam vida. Descubra agora