The Moment

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Los Angeles, agosto de 2010

Ela deixou o telefone cair de volta no gancho. As lágrimas vieram, mas não as permitiu cair. Suas bochechas ainda estavam vermelhas do último surto de desespero. Além disso, se chorasse, sentiria a tentação de desistir. Não podia desistir.

— Alguma notícia?

Ela nem viu a porta abrir. Ele simplesmente estava lá, cheirando a álcool e devastação.

— Você acha que ela ainda está viva? — Ousou a garota.

Ele hesitou. Apenas seguiu seu caminho em direção à cozinha, seus passos lentos e incertos, com uma garrafa de uísque na mão.

— À esta altura, espero que não.

...

Los Angeles, seis meses antes

O sol já se punha no horizonte alaranjado de Los Angeles. Wyatt observou a paisagem através das altas palmeiras típicas da cidade, imóvel na calçada. Acabara de concluir seu expediente daquele dia e, como sempre, tinha um copo de café na mão e um sentimento de liberdade.

Wyatt trabalhava como assistente em um escritório de contabilidade no centro de Los Angeles, de segunda à sábado. Sim, ele era um daqueles assistentes que carregam café e atendem telefonemas. Wyatt odiava aquilo. Não pelo café, não pelos telefonemas, mas pelas pessoas que pareciam fazer de seu objetivo tornar o dia de Wyatt o mais infernal possível. Ou então ele apenas odiava o emprego e queria colocar a culpa em alguém; ele não tinha certeza. Em resumo, vamos apenas aceitar que ele queria estar em qualquer lugar menos naquele escritório.

Mas alguém tinha de pagar as contas, certo?

— Wyatt!

Fazendo seu caminho pela calçada, vinha algo melhor que aquele pôr do sol épico.

Olivia era apenas uma garota comum. Estudava publicidade na UCLA (Universidade da Califórnia) e tivera um estágio temporário no escritório onde Wyatt trabalhava. Não havia nada de especial sobre ela. Cabelos escuros, olhos castanhos, pele suave. Mas naqueles dias, ela era tudo para Wyatt. A expectativa de rever seu sorriso era o suficiente para tornar todas aquelas doze horas infernais suportáveis e até mesmo agradáveis. E era um baita de um sorriso.

— Oi — ela sorriu, estalando um beijo rápido em sua bochecha. — Café? Pra mim? Que romântico.

Wyatt congelou. Não, não era pra ela. Era pra ele. Só pra ele. Mas, como o idiota que ele era, acabou por entregar o copo.

— Isso mesmo — murmurou o rapaz. — Então, como foi seu dia?

E passaram a andar pela calçada, despreocupados.

— Comum — ela deu de ombros, tomando um gole do café. — Então, aonde vamos? República?

— Na verdade, essa é o primeiro mês da Lynn na padaria do Sr. Lee — respondeu Wyatt, incerto. — Estava pensando em fazer uma surpresa e visitá-la.

— Ah, tudo bem — Olivia disse. No entanto, Wyatt pôde sentir o tédio em sua voz.

Na verdade, Wyatt não estava afim de ir à República. A República era um restaurante perto do apartamento de Wyatt, que por acaso também tinha um bar. Muito raramente Wyatt o frequentava, uma vez que não tinha tempo ou disposição para isso. De vez em quando, Olivia conseguia extrair um pouco de energia do namorado em uma sexta à noite e arrastá-lo para o restaurante, contra a vontade de Wyatt. No entanto, desde que Lynn começara a trabalhar, tinha surgido dentro dele um sentimento de liberdade. A partir do mês seguinte, quando Lynn recebesse seu primeiro salário, Wyatt poderia cortar metade de seu expediente e ter mais tempo para si mesmo.

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