Positive

13 3 17
                                    

Los Angeles, Novembro de 2015

O Sol raiava lá em cima.

Seus passos eram lentos. Ela carregava um par de rosas nas mãos, contrastando com o negro de suas vestes. O trio se aproximava do lugar, todos de vestes escuras. Os óculos escuros em seu rosto impedia que os outros vissem as lágrimas que ela segurava. Finalmente, eles chegaram.

Não havia nada. Não havia flores. Não havia estátuas. Só havia uma pedra com uma frase: "Pra sempre lembrado". Ela não quis nada além disso. Muitos a julgaram quando ela quis fazer aquilo. Um velório para ele? Não havia sentido. Mas ela precisava daquilo. Ela precisava enterrá-lo e enterrar junto aquela parte da sua vida.

Os outros dois fizeram questão de vir, mas sua presença não fazia diferença para ela. Naquele momento, ela estava sozinha, não importa quem estivesse lá. Ela e a dolorida memória do falecido.

Seus passos delicados se aproximaram da pedra, agachando-se ao lado da escritura. Devagar, ela pousou a rosa na terra diante do túmulo. Sua boca se contorcia na falha tentativa de conter as lágrimas. Ela se levantou mais uma vez, seus olhos caindo sobre um túmulo longíquo, a alguns metros de onde estavam. Os outros dois se entreolharam enquanto ela abria uma ferida há muito fechada.

Ela seguiu até o segundo túmulo. Ela se abaixou ao seu lado, depositando a segunda rosa. Suas lágrimas não tinham mais controle, mesmo que ela não soluçasse. Sua mão tocou a terra abaixo dela, os olhos presos na gravação que dizia: "Feliz até o último momento".

— Eu sinto tanta sua falta — ela sussurrou para a mulher enterrada.

...

Los Angeles, cinco anos antes

Não havia palavra para descrever a beleza daquela peça. Um vermelho-púrpura gradiente escorria pelo tecido que se derramava pelo chão. As costas e os braços nus exibiam a pele bronzeada de Julie. Ela ria, enquanto girava diante do espelho da loja.

Lynn estava estupefata.

— É lindo, Julie! — Comentou, sincera.— Nossa, eu virava lésbica por você nesse vestido.

Julie riu mais um pouco, se voltando para seu reflexo no espelho. Ela entrelaçou os dedos em volta do cabelo vermelho, suspirando para si mesma. Ela mal acreditava no que via. Mal acreditava que aquele dia era real.

Durante toda sua vida, Julie sonhara com o baile de formatura. Seria a noite que lhe apresentaria o mundo fora da escola. A noite em que ela encontraria seus amigos, teria as melhores horas da sua vida colegial e, com sorte, dançaria com um garoto que roubara seu coração. Aqueles últimos meses não tinham sido fácil para nenhum dos três, o que acabou por surpreender Julie.

— Ainda não acredito que eu realmente vou pro baile — murmurou para si mesma, alto o suficiente para que Lynn ouvisse. — Digo, sobrevivemos até aqui.

Lynn riu, infeliz.

— Eu que o diga — comentou. — Mas, sério, vão te coroar rainha do baile só por esse vestido.

— Não exagera — Julie riu, balançando o vestido diante do espelho. — Diz isso porque não sabe os rumores de quem vai ser o rei.

Lynn ergueu uma sobrancelha. Julie bufou.

— Estão dizendo que é o Taylor quem vai ganhar— ela respondeu. — Ele vai estar lá, você sabe disso, não é?

— Sei, e não me importo. Ele não pode mais me afetar. — Ela tentava soar natural, mas o modo como seus olhos não olhavam nos de Julie a traía.

Pictures of YouOnde histórias criam vida. Descubra agora