Yogurt

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Los Angeles, novembro de 2011

Ele correu o prédio escadas acima, fazendo o que podia para não escorregar no tapete vermelho. Aqueles degraus não foram feitos para pessoas apressadas, mas aquela situação era urgente. Precisava avisá-la.

Ele deu com os nós dos dedos na porta de madeira em um ritmo frenético. A porta se abriu pouco depois e, sem permissão alguma, ele se atirou para dentro do apartamento.

— Bom dia pra você também, doutor — disse a mulher, ofendida.

— O que a polícia está fazendo lá fora?

Ele correu para as janelas, espremendo a vista entre as frestas da cortina cinzenta.

— A po-polícia?

— Sim, eles me ligaram ontem, mas não disseram o que queriam — ele continuou, voltando para a sala, correndo o olhar pela mesa de jantar e tudo que estava à sua vista. — Você fez alguma coisa?

— Não, não fiz. Por que você está tão estressado? — Indagou ela, assustada.

Finalmente, ele parou, levando as mãos aos quadris.

— Será que...?

Antes que ele concluísse, o som da campainha ecoou pelo apartamento. Os dois se entreolharam, um mais assustado que o outro.

— Atende, ora — o rapaz mandou.

A garota bufou, revirando os olhos, mas acabou por fazê-lo. Puxou a maçaneta.

Atrás da porta, estava um par de figuras de azul-escuro com distintivos em suas camisetas. Policiais.

— Bom dia, rapazes, posso ajudá-los? — Gentil e educada, disfarçando sua agonia, a garota cumprimentou os oficiais.

— Nós ligamos ontem, mas a senhorita não estava — indagou o homem, sem ao menos cumprimentá-la de volta.

Mas ela não se importou com isso.

— Desculpe, eu estava resolvendo algumas coisas — respondeu, com um sorriso comprimido. — Acho que, finalmente, depois de tudo, eu talvez finalmente tenha conseguido juntar minhas peças e.... Bom, eu me inscrevi pra uma universidade ontem.

Ela sorriu para os conhecidos, mas eles não sorriram de volta. Isso a incomodou. Depois dos longos meses de investigação, lado a lado, esperava que algum laço tivesse sido formado entre os três.

— Eu sinto muito — ele começou.

Ela se voltou para o garoto ainda na sala. Ele se aproximou, aguçando os ouvidos com atenção.

— Nós encontramos a garota.

E, simples assim, as peças foram destruídas novamente.

...

Los Angeles, um ano antes

Lynn encarou seu reflexo no espelho circular. Conseguira, com sucesso, limpar de seu rosto qualquer traço daquele fim de semana desastroso. Senão pelo olhar ainda abatido em seu semblante, estava bem. A porta do armário fechou em um estalo, enquanto ele se voltava para seguir seu caminho pelo corredor, mas foi barrada.

— Oi — Julie deu um sorriso fraco.

Lynn tombou a cabeça. A cara de Julie dizia tudo.

— Você sabe.

— Taylor me contou — completou Julie, rápida. Ela apertou os olhos, analisando cada traço da expressão de Lynn. — O que aconteceu?

Lynn umedeceu os lábios. Não queria reviver aquilo.

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