Declined

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Los Angeles, Março de 2013

Ele caiu na cadeira em um suspiro. Ela o encarou com um sorriso raro. Nunca o vira tão apressado, tão desleixado. A barba estava para fazer, o jaleco pelo avesso. Mas ele estava ali e ela apreciava sua presença.

— Eu acabei de sair no meio de uma aula importante pra conseguir vir aqui, então espero que seja bom — disse ele, com a respiração ofegante.

A outra riu.

— Eu estava bem, sabia? — Ela disse, brincando com um guardanapo sobre a mesa. — Eu estava em um encontro, entende? Eu finalmente estava conseguindo seguir em frente.

— Estava? — O rapaz indagou.

— Pedimos uma bebida — ela respondeu, sem nunca encará-lo. — Veio um Martini.

O garoto exalou em frustração.

— A partir daí, tudo foi por água abaixo. Tudo me lembrava ele. A bebida, o cabelo do Greg, tudo...

— Você tem que parar com isso.

— Eu sei — ela continuou, antes mesmo que o outro terminasse. — Mas não é fácil esquecer tudo. E quanto mais tempo passa, mais-

Ela foi interrompida pelo soar de um celular. O outro puxou o aparelho do bolso e estava para devolvê-lo, mas ela lhe disse:

— Pode atender.

— Vai ser rápido, prometo — ele respondeu, pressionando o botão verde. — Alô?

Ele não disse mais nada. Tudo o que se podia dizer sobre a ligação estava em seu rosto, cada vez mais preocupado. Ele desligou, estático.

— O que foi? Está tudo bem? — A garota indagou, seus problemas completamente esquecidos.

Ele suspirou, seu olhar perdido no nada.

— Aconteceu alguma coisa com meu pai.

...

Los Angeles, três anos antes

Ela era apenas um borrão pelo apartamento, colocando um sapato enquanto pegava a bolsa do sofá. Wyatt observava tudo, tomando café claramente entretido com a garota atrasada.

— Você viu meu outro sapato?

— Bom dia pra você também — Wyatt riu.

Pela primeira vez naquela manhã, Lynn parou quieta, encarando Wyatt com incômodo.

— Estou atrasada — ela revelou o óbvio. — Pode me ajudar? Por favor?

Wyatt não respondeu, apenas voltou seu olhar a mesa do computador, sob onde o all-star repousava. Lynn bufou, esgueirando-se rápida em busca do tênis. Quando levantou, seu olhar caiu sobre o telefone fixo ao lado do teclado. Uma mensagem piscava no visor. Lynn encarou por um instante, mas fingiu não ter notado.

— Pode tocar, se quiser — Wyatt sugeriu, irônico.

Lynn revirou os olhos, mas pressionou o botão.

Oi, Wyatt. Sou eu. Não gostei de como deixamos as coisas, desde aquele dia. Ligue quando ouvir isso.

Lynn e Wyatt se entreolharam. Lynn não sabia o que pensar. Wyatt quase não se recuperava da última vez. Não havia limites para o que ela podia causar nele.

— O que acha que ela quer? — Lynn perguntou, subitamente calma.

Wyatt deu de ombros.

— Não sei, não quero saber.

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