Calíope
Ainda perdida em meio àquele efeito do vinho terminamos de comer e logo em seguida e lavamos e guardamos os pratos e levamos as taças e os vinhos para a sala. Jason começou a beber enquanto conversávamos amenidades, estava tentando fugir das bebidas, mas ele percebeu logo o que eu estava fazendo e colocou um taça de vinho. Então, sentindo um pouco de falta do formigamento que aquela bebida causava eu virei o copo e foi uma sensação tão boa. Aquilo era tão bom que eu virei o copo e depois outro e mais outro, eu estava um pouco tonta e rindo a toa e resolvi não beber mais. Jason não parava de rir de mim e da minha atitude.
- Eu vou estar boa para trabalhar amanhã? - Perguntei rindo.
- Vai sim, não se preocupe. - Ele respondeu me olhando.
- Isso é muito bom, sabia? - faço outra pergunta - por que não me deu antes? - Rio mais ainda.
- Você que nunca quis. - Ele disse dando de ombros.
- Estou com calor, vou tomar um pouco de água. - indaguei me levantando, porém me arrependi do feito assim que levantei a sala inteira girou e voltei a sentar.
- Calma ai, Baixinha, eu pego água pra você. - disse levantando pra ir buscar. - Toma. - Entregou-me o copo com água.
- Obrigado. - peguei o copo e ele sentou-se ao meu lado me olhando.
- Por que está me olhando assim? - questionei.
- Você está linda e muito engraçada. - Elogiou. - Mais do que deveria.
A simples menção de suas palavras fez-me sentir as bochechas queimarem, era tão bom ser elogiada daquela forma, ainda mais por alguém que gosto tanto. Naquele momento tinha a pitada de algo mais dentro de mim, ter Jason por perto me fazia muito bem e sinceramente não sei como não me dei conta disso antes. Meu único desejo era eternizar aquele momento, fazê-lo durar para sempre. Seu olhar direcionado a mim causava arrepios, seu toque a minha pele trazia um choque tão bom que por um segundo perdi a razão e pensei como seria se nos beijassemos. Tentei chutar o pensamento para outro lugar, mas não consegui e foi aí que o vi me olhar novamente com aquele olhar que era novo para mim, que me fazia querer decifrar cada código.
Aos poucos fui me aproximando o vendo fazer o mesmo sem nem piscar os olhar e correspondi seu olhar na mesma intensidade, até nossos lábios se tocarem, mas em um segundo de consciência o afastei e no mesmo segundo minha mente, meu coração e meu corpo começaram a protestar e o puxei de novo pela gola da camisa. O beijei como jamais havia beijado alguém na vida, com dose dupla de necessidade e desejo, desejo este que nunca havia sentido na vida, de uma urgência desesperadora, como se precisasse dele mais do que nunca, mais do que conseguiria imaginar.
Ao fim do beijo estava me sentindo como se estivesse em frente ao mar, no por do sol, e uma calmaria me invadisse de forma que faz até minha alma se render aos encantos daquela vista e relaxar, era um beijo único, singular em todas as suas formas e mágico, entre muitos outros adjetivos.
Acabamos com o beijo mesmo sem querer e sem ar. Jason me olhou da mesma forma que havia olhado mais cedo, e agora eu sabia que o significado daquele olhar. Era de desejo. Desejo esse, que faiscou em seus olhos e atravessou suas pupilas, bateu em mim, me fazendo morder os lábios, ter um momento de ousadia e pular em seu colo o beijando de uma forma indelicada e selvagem.
Eu queria mais daquilo, eu queria mais dele, eu o desejava de uma forma que jamais desejei na vida, de uma forma que só vi em filmes e livros, de uma forma que fazia o meio de minhas pernas molhar de tanto desejo. Então, senti suas mãos passeando por minhas coxas e ir subindo até minha bunda, subir por minhas costas retirando meu vestido, me deixando apenas de calcinha. Olhei em seus olhos e vi as chamas de desejo dançarem em um ritmo acelerado, ao mesmo compasso em que borboletas faziam uma festa em meu estômago e os pelos de meu corpo se arrepiavam.
- Vamos para o meu quarto. - Ordenei com pressa.
Ele parou o beijo, me olhou sério com um ar de impaciência, me tirou do seu colo e levantou passando as mãos no cabelo.
- E... Eu não posso Cali, você está bêbada e ainda é... Virgem - falou balançando a cabeça negativamente.
- eu estou tonta sim, mas tenho plena noção do que quero - levantei o abraçando - eu quero isso e muito, já que vai embora me deixa com um bom pedaço de você, uma boa lembrança de uma boa noite, se minha primeira vez for com você eu serei a pessoa mais sortuda do mundo porque vai ser com um amigo que eu amo e confio muito.
Ele pegou-me em seu colo, me levou até o quarto, tirou sua roupa e deitou-se por cima de mim.
Após o momento de dor ao qual já havia ouvido falar mas não sabia que seria tanto e tão complicado, tive um mínimo prazer que me fez sentir que tudo aquilo havia válido a pena e que fiz a coisa certa, não consegui me sentir tão confortável durante. Todavia ele conversou comigo por horas a fio, me fazendo sentir totalmente confortável em estar daquela forma em sua presença e foi aí que ele me proporcionou um momento de prazer, que diferente da primeira vez, foi maravilhoso.
Seus movimentos em sintonia com os meus, parecia uma dança que começava lenta de depois tomava um ritmo rápido. Entregue a um prazer incrível pela primeira vez na vida ao qual não esperava que acabasse tão cedo.
Jason sabia exatamente como satisfazer uma mulher. Sabia como me satisfazer, de forma perfeita, até que senti um prazer enorme se apossar de mim de uma forma que me fez querer de novo e de novo e de novo e várias e várias vezes, mas o cansaço se apoderou de mim e a última coisa que lembro é de olha-lo, beija-lo uma última vez e fechar os olhos.
***
- Cali, acorda. - Ouvi a voz de Jason me chamando.
Abri os olhos aos poucos meia atordoada puxando o lençol para me cobrir mais, por causa do frio, voltando a fechar os olhos lembrando subitamente da noite que tive, então arregalei os olhos dando de cara com um Jason olhando pra mim sorrindo e com cara de quem aprontou. Cobri meu rosto com as mãos e ele delicadamente as puxou beijando minha testa em seguida. Foi aí que me derreti novamente, pois, foi um gesto muito fofo e provou que ele continua sendo meu amigo apesar dessa noite.
- Cali, chegou a hora, eu tenho que ir! Foi tão bom o que aconteceu com a gente, nunca esquecerei da nossa despedida. - beijou-me e foi vestir sua roupa. - Só lamento que entre nós não pode mais acontecer.
- Não tem problema, me desculpe por isso, é só que estava um pouco bêbada, mas foi muito bom pra mim também, e... Foi um prazer perder minha virgindade com meu melhor amigo. - Brinquei tentando esconder a decepção e a vergonha que estava sentido e ignorar o fato de que meu coração parou de bater uns segundos.
- Agora é hora de nos despedirmos. - Falou já vestido. - irei te esperar na sala.
peguei uma calça jeans, uma blusa de manga e uma calcinha e sutiã, me dirigi ao banheiro, tomei um banho rápido, escovei os dentes, me encarei no espelho com muita vontade de chorar, mas não iria fazê-lo. Eu sei que sou forte, não choro desde que meus pais morreram e não é por isso que irei derramar lágrimas, não vale a pena. Encarei um ponto fixo por uns minutos e quando percebi que não teria risco em me despedir, sem ser fraca, eu segui para a sala.
- Então finalmente chegou o momento, você finalmente vai embora. - Indaguei fazendo-o olhar para mim.
- Sentirei sua falta, baixinha. - disse fazendo carinho em minha cabeça.
- Eu também sentirei, muita... - O abracei sentido a dor da despedida. Sei que posso me acostumar com sua ausência, assim como me acostumei com a falta dos meus pais e Jason está vivo, então não deveria me sentir tão mal assim já que ainda irei vê-lo novamente.
- Tenho que ir, se não perderei meu voo, Tchau, eu te ligo. - Então ele abriu a porta e saiu sem esperar meu adeus.
- Tchau. - Disse mesmo sabendo que ele não iria mais me escutar.
Sentei-me no sofá, coloquei as mãos entre as pernas e fiquei encarando o chão, me concentrando para não chorar, pelas lembranças de meus pais, pela partida de Jason, pelas pessoas que não tem onde dormir ou morar, pelas crianças que não tem o que comer, pelas guerras e tantos outros motivos que não tem nada a ver com a mudança do meu melhor amigo, mas que me deixam triste mesmo assim.
Sem querer pensar em mais nada disso, peguei a minha bolsa e fui rumo ao meu trabalho, estava um dia chuvoso, um dia para ficar em casa e dormir até mais tarde. Porém, não podia me dar a esse luxo, tinha que trabalhar e tentar alcançar meus objetivos.
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Nosso amor
RomanceCalíope, cresceu em um orfanato, nunca foi boa em se aproximar de ninguém e, sempre viveu sozinha, até conhecer Jason Martins. Ela sempre foi doce e inteligente, ao descobrir estar grávida de seu melhor amigo e com o coração partido, sua vida muda c...