Prólogo

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Já perceberam como as vezes a gente se perde em meio a alguns pensamentos? Fico pensando, qual a definição de uma vida difícil? Quando alguém escutava minha história, a primeira coisa que diziam era: nossa, você teve uma vida tão difícil! Mas eu nunca achei isso, as coisas são difíceis no momento em que estão acontecendo, essa é a pior parte, mas mesmo assim ainda ficam algumas sequelas, e as vezes dor parece a mesma da situação em que vivemos anteriormente. Em meio a isso sempre lembro de quando era mais nova ficava sonhando acordada, e eu pensava na vida como livro que Deus escreveu, ele me fez como uma obra tão perfeita, com meus defeitos e qualidades. Apesar de tudo o que já vivi, de tudo que eu já perdi, eu me sinto tão feliz, que é como se eu pudesse fazer o mundo inteiro feliz só com a minha felicidade.

Quando perdi meus pais em um assalto, eu pensei "nossa e agora, o que faço? Estou sozinha no mundo". Eu tinha só 15 anos, estava com eles naquela noite, a imagem dos meus pais caídos no chão, ensanguentados, seus corpos gelados, já sem vida, fiquei tão desesperada que tudo o que queria era que aquela pessoa encapuzada me matasse também, supliquei, mas ela não o fez. Quando dei por mim, já estava vendo seus caixões descendo naquele buraco. Estavam levando minha alma com eles naquele momento, e foi aí, só aí, que minha ficha caiu, eu nunca mais os veria e, tudo que as pessoas sabiam dizer era "eles sempre vão estar com você, não fisicamente, mas em seu coração". Eu tinha vontade de gritar pra essas pessoas que eles estando em meu coração não iria suprir a necessidade que EU tinha deles e que se elas soubessem realmente o que é perder alguém, não viriam com essas frases piegas achando que iria me confortar, porquê não iria.

Alguns dias depois já estava em um orfanato​, tal qual, eu odiava de todo meu coração, mas com o tempo me acostumei com o lugar.

Alguns meses depois de estar lá, o filho da diretora do lugar apareceu, eu acabei derrubando suco nele sem querer, ele até achou engraçado, mas sua mãe odiou o acontecido e me pôs de castigo, mesmo sob os protestos do filho. Aquela mulher me odiava, nunca entendi o porquê e prefiro não saber. Jason, o menino que derramei o suco me pediu desculpas alguns dias depois pelo comportamento da mãe, eu até brinquei com ele e ele brincou com a minha brincadeira. Então, a partir daquele momento, eu soube que que tinha um amigo.

Aos 18 anos eu fui embora de lá, deixando a mãe do Jason feliz da vida por minha partida. Mas ainda tinha a amizade dele, mesmo sob os protestos incansáveis de sua mãe.

Ao sair do orfanato procurei um emprego onde eu pudesse dormir também. Jason queria pagar um apartamento pra mim, ao qual me neguei veementemente a aceitar. Pouco tempo depois encontrei um emprego em uma casa de família e trabalhei um ano e meio, juntando o máximo que pude até ter dinheiro o suficiente pra alugar um apartamento e achar um emprego melhor, e quem sabe um dia poder começar uma faculdade, eu era uma ótima aluna e queria me especializar em alguma coisa. Mas eu tinha que trabalhar primeiro e pensar nisso depois.

Hoje eu tenho 20 anos e trabalho em uma lanchonete, não ganho tanto mas é o suficiente pra me manter e manter o aluguel do meu pequeno e simples apartamento, ao qual Jason insistiu em pagar. Porém, também não deixei. Eu quero e gosto de ser independente e não gostaria que ele pensasse que só estou ao seu lado por causa de seu dinheiro.

Jason é um ótimo amigo, é compreensivo. Ele tem 23 anos e trabalha na empresa de seu pai, formado em administração, é a pessoa mais inteligente e comprometido com o trabalho que eu conheço, praticamente o braço direito de seu pai. Além de tudo, comprometido com nossa amizade, sempre esteve comigo em cada transição da minha vida, desde meus 15 anos, é a única pessoa que conhece a minha história toda.

Ele namora com a filha de um sócio de seu pai, que também me odeia, e o ódio de sua mãe e de sua namorada por mim é totalmente gratuito. Karen já chegou uma vez na minha casa me xingado, dizendo que não me queria mais perto de seu namorado, Jason conseguiu resolver isso e, desde então, ele não deixa ninguém de sua família chegar perto de mim. Ele me trata como uma irmã mais nova, e eu me sinto bem cuidada, óbvio que não supria minha necessidade de uma família, mas me fazia ter bem menos falta de uma.

E apesar de que a partir de agora não sei mais o que fazer já que Jason vai embora para os Estados Unidos comandar uma filial de seu pai que abriu recentemente. Desde que soube da notícia fiquei triste, mas o máximo que posso fazer é torcer por ele e esperar que seja feliz e não me esqueça nunca.

- Oi meu bem! - diz Jason entrando em meu apartamento.

- Ah me deixa Jason! - Brinco jogando a almofada nele

- O farei em uma semana - retruca se jogando no sofá me abraçando e eu o olho de cara feia. - Estou brincando, não precisa fazer essa cara.

- Vai me abandonar. - faço bico.

Ele me abraça mais forte, como se estivesse me protegendo de algo. Mentiria se dissesse que não gosto desse lado super protetor dele, meu amigo sempre me defendeu de qualquer coisa que pudesse vir a me ameaçar, chega a ser engraçado as vezes.

- Adoro quando você me abraça assim. - digo o apertando mais.

- É porque eu tenho o melhor abraço do mundo. - fala baixinho no meu ouvido.

- Eu amo você, sabia?

- Eu também te amo, baixinha. - responde acabando com nosso abraço. - e vou sentir muita falta, acredita em mim. Se você disser pra eu ficar, eu fico sem nem pensar duas vezes.

- eu sei, Jason, pior que eu sei e não quero que você largue seu futuro por mim, vai lá e seja muito, muito, muito feliz. - sorri confiante para ele.

- Você é incrível sabia? Queria muito te levar. - me olhou

- Você sabe que...

- eu sei, eu sei. Não precisa repetir que você não quer minha ajuda pra nada. - Diz me olhando seriamente.

- Não é isso, você me ajudou demais, é sério! Foi o melhor amigo quando eu precisei. - falei já querendo chorar, tentei sair de seus braços mas ele me prendeu no abraço - é tudo que eu preciso, o resto me esforço pra conseguir. - Digo já sentido um aperto no coração.

- Tudo bem, não discutirei mais isso com você, antes de ir estarei aqui todos os dias - sorriu.

- Promete vir me ver pelo menos uma vez por ano? - Junto as mãos implorando. - E promete não me esquecer?

- Prometo, sua dramática. - Diz me apertando mais em seus braços.

- Estou tão feliz por você. - Digo o encarando.

Era verdade, eu estava feliz por ele, ele trabalhou muito, desde cedo, pra subir de cargo na empresa de seu pai, e essa era uma ótima oportunidade. Não serei hipócrita dizendo que estou 100% feliz, mas quando se gosta, só se quer a felicidade do outro.

- Obrigado, Baixinha. - Disse dando um beijo em minha testa. - Agora preciso ir, meu pai está me esperando na empresa.

E com um sorriso largo no rosto, ele levantou, beijou minha testa novamente, se direcionou até a porta, a abriu e foi embora.

Eu fiquei ali, em pé, na sala, pensando em como seria minha vida quando ele fosse embora. Ele é a única pessoa com quem eu posso contar na vida e de repente não o terei mais aqui, pra rir comigo, escutar minhas lamúrias, e principalmente, com quem conversar.



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Oi, gente. Bem, esse é meu primeiro livro aqui na plataforma do wattpad e eu espero de verdade que vocês gostem. Eu já havia postado alguns capítulos mas eu decidi tirar e refazer a história e estou gostando do resultado. Desde já, amo vocês, espero que gostem e me acompanhem e OBRIGADAAA Amorecos

Nosso amorOnde histórias criam vida. Descubra agora