Capítulo 11

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Sentada ali, naquela lanchonete na esquina do prédio onde moro, com uma xícara de café na mão a encarando veementemente, sem ação alguma para proferir qualquer que fosse a palavra, não encontrava coragem para falar o que estava entalado na garganta e tudo que precisava naquele momento era um tapa forte nas costas para vomitar tudo aquilo, ao mesmo tempo estava com raiva de mim por não conseguir, por estar diante do cara que ferrou com a minha vida, mas mesmo que de forma inconsciente deu um jeito nela.

Ele parecia estar pensando também no que dizer, pois, assim como eu, estava encarando a xícara de café a sua frente, percebia que as vezes ele abria a boca para falar mas a fechava novamente, notei que, assim como eu, ele estava tentando escolher a palavra certa para iniciar a conversa. Pensando que não tinha mais como sustentar aquilo soltei o que parecia mais ser um chiado.

- Então...

- Cali, eu... Me desculpa. Sei que passei todo esse tempo sem falar com você e acredite, foi a coisa mais difícil que já fiz, na vida. Depois daquela noite me vi completamente apaixonado por você, eu até tentei me enganar achando que aquele sentimento fosse coisa de amigo, mas sempre que te via só pensava em te beijar e em como seria, quando estava longe ficava contando os minutos pra te ver. E aí aconteceu aquela noite, então eu estava disposto a desistir da viagem e de tudo pra ficar com você e eu conversei com o meu pai sobre isso, tivemos uma discussão enorme que o levou para o hospital, tomamos todo cuidado mundo para que isso não saísse na mídia, só viajei alguns dias depois disso e resolvi que pra fazer os gostos do meu pai, precisava me desfazer dos meus, então não atendi nenhuma ligação sua, nem te liguei, porque eu sabia que no momento em que ouvisse sua voz voltaria sem nem pensar duas vezes e mataria meu pai. Depois eu até repensei tudo e pensei em te ligar, mas me mandaram uma foto sua conversando com um homem, ele estava te entregando um buquê de flores, então pensei que você seria mais feliz se não te procurasse e voltei com a Karen. Estou te explicando tudo isso porque quero que você saiba que minha intenção nunca foi te magoar, mas sim te proteger e proteger meu pai e eu entendo que você seja mais feliz com outro homem e quando vi você com aquele homem no carro tive certeza. Eu só queria que você soubesse tudo o que aconteceu.

- É só isso? - Pergunto ainda sem encará-lo.

- Cali, eu não...

- Tudo bem! - O interrompi. - O que tenho para falar com você é referente a outra coisa. - Finalmente levanto a cabeça e o olho seria. - Eu juro que se dependesse só de mim eu nunca te contaria, mas tem mais coisas envolvidas do que você imagina. Naquela noite, a que nós dois ficamos juntos, eu... Eu... An...  - tentei continuar mas fomos interrompidos pelo som do seu celular.

- Só uma momento, é a Karen! - Disse se afastando da mesa. Nessa hora confesso que não sei o que aconteceu, mas senti o ódio me consumir e a raiva me dominar, como ele pode me deixar aqui enquanto estava tentando dizer algo importante para atender aquela mulherzinha que me importuna mesmo de longe. O vejo desligar o celular tentando demonstrar calma e voltar a mesa com sua postura ereta e levanto pensando em como fiz uma má escolha de roupas com esse moletom e meias de coraçõezinhos.

- Desculpe, podemos voltar a conversa agora. - disse passando por mim e indo para seu lugar.

- Se eu fosse você iria conversar com sua namorada, ela sabe que você está comigo? Provavelmente não! Da licença, tenho que ir embora. - Digo me direcionado a porta.

- Cali, por favor, você ia me dizer algo importante, não ficaria escolhendo as palavras se não fosse, eu te conheço. - Diz correndo até mim e pegando no meu braço chamando a atenção dos poucos clientes que ali estavam. - o que aconteceu naquela noite? Você o que?

- Eu nada, Jason, me deixa em paz. Não pense em me procurar mais. - Digo entredentes e puxo meu braço enquanto saia da lanchonete.

- Por favor, Cali, o que você tinha naquela noite. - Me acompanha enquanto estou quase correndo. - Fala! - me puxa pelos ombros e os segura com uma mão em cada ombro.

Nosso amorOnde histórias criam vida. Descubra agora