Capítulo 21

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São Paulo, capital (terrinha da garoa), é a maior cidade do Brasil, das Américas e de todo o hemisfério sul. É uma das cidades brasileiras mais influentes no cenário global, São Paulo é considerada a 14ª cidade mais globalizada do planeta. Décima nona cidade mais rica do mundo, essa porra aqui representa, isoladamente, 12,26% de todo o PIB brasileiro e 36% de toda a produção de bens e serviços do estado de São Paulo e ainda é sede de 63% das multinacionais estabelecidas no Brasil. A região metropolitana possui cerca de 19.223.897 de habitantes, o que a torna a sexta maior aglomeração urbana do mundo. É gente pra porra. E acreditem, tem mais gente de fora daqui, do que daqui.

São Paulo é a cidade da fila. Aqui se pega fila na padaria, no cinema, no banco então é sempre no mínimo 40 minutos em pé. A gente fica comendo aperitivos no restaurante porque o tempo de espera é sempre mais de uma hora. A gente pega fila pra comer, pra beber, pra cagar. Aqui as pessoas não podem ver outra pessoa parada que já param atrás pra formar fila. E não é fila só de pessoas não. São Paulo é a cidade do trânsito caótico. Uma multidão de carros. A cidade possui uma frota de aproximadamente 6 milhões de veículos. Significa um veículo para cada dois habitantes. O recorde de congestionamento aqui foi de 266 km. Sabe o que são 266 Km de congestionamento dentro de uma cidade?

Sendo assim a gente não podia ficar de fora de pegar um puta trânsito pra descer a serra e sair da capital. Uma viagem que pode ser feita em 40 minutos, levou 4 horas. Eram quase sete da noite. Por "increça que parível", Paulo não se irritou com o trânsito. Pelo contrário, quando começamos a andar na avenida da praia, com os vidros do carro abertos, aquele vento gostoso, aquele mormaço do caralho, sentindo aquele cheiro de mar, parecia que todos os problemas não existiam. De repente ele freou bruscamente e enfiou o carro numa vaga de estacionamento qualquer.

Olhei pra ele e ele me disse:

—  Vamos pisar um pouco na areia, vai.

Tirei os chinelos, coloquei minha carteira e meu celular no porta-treco da porta do carro, tirei a camiseta, joguei no banco de trás e desci do carro. Paulo tirou o tênis e a meia e também desceu do carro. Estava um tempo bom do caralho.

Fomos andando pelo calçadão até chegar nas escadas que dão acesso à areia. Pisei na areia fofa e meu pé afundou. Areia quente. Fomos caminhando pela areia fofa até chegar na areia mais firme, mais perto da água. Paulo ergueu os braços pra cima e se espreguiçou. Aquele barulho do mar lambendo a areia, que delícia!

—  Adoro praia, véi. — Falei.

—  Porra, tem coisa melhor que isso? — Ele perguntou de costas para mim, olhando para o mar, se alongando.

Medi ele de cima em baixo, disfarcei e respondi:

—  Não tem.

A praia estava praticamente vazia porque estavam montando os fogos de artifício na areia.

Começamos a andar um do lado do outro. Eu estava do lado do mar e Paulo do meu lado esquerdo. Eu andava com a cabeça baixa. O ponto em que meu pé pisava na areia ficava branca por causa da pressão. Reparei no pé do Paulo. Um pé lindo da porra. Unhas curtinhas, arredondadas, o pé dele não era enorme, mas era um pouco maior que o meu. Tinha uma tattoo que ia do tornozelo até o dedinho. Um tribal. Nunca tinha reparado naquela merda até aquele momento.

—  Posso te falar uma coisa? — Ele me perguntou.

—  Fala ae, véi.

—  Eu sabia que você ia topar vir comigo.

Fiquei sem graça. Fiquei puto. Realmente eu era um idiota. Paulo estava se achando, era isso? Só porque eu não conseguia falar não pro filha da puta?

2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora